O consabido ladrão - Público
Às vezes as manchetes mentem sem querer. No PÚBLICO de anteontem era "Ninguém sabe dos gravadores que o deputado do PS tirou a jornalistas". Não é possível que ninguém saiba. Alguém sabe onde estão os gravadores que Ricardo Rodrigues roubou ao meu amigo Fernando Esteves da Sábado. Mais do que uma só pessoa, se calhar. Ninguém é que não é, de certeza.
A única coisa que sabemos é que os gravadores foram roubados pelo cidadão Ricardo Rodrigues. Não eram gravadores que lhe pertencessem. Roubou-os. Falar em "acção directa" é um ultraje. Qualquer roubo; qualquer assassinato; qualquer violação; qualquer cuspir de tremoços é uma acção directa. É tudo uma questão de propriedade. Não do que é próprio e do que é decente - o sentido piroso da propriedade - mas do facto de os objectos pertencerem a quem os pagou. Ricardo Rodrigues foi um ladrão. Roubou objectos que não lhe pertenciam. O resto é conversa.
Mesmo que Ricardo Rodrigues não tivesse dito nada (ou tivesse tido tudo), nem o silêncio nem o que disse justifica o roubo. A liberdade de expressão é uma coisa. O roubo de canetas e megafones é outra.
Para mais, há um roubo intelectual. É muito menos grave - mas é mais revelador. O ladrão Ricardo Rodrigues roubou os gravadores. Mas também quis roubar as perguntas de Fernando Esteves. Só lhe faltou roubar o vídeo - mas todos os ladrões são incompletos.
Ricardo Rodrigues pode ser inocente de tudo. Menos de uma coisa. É ladrão. É ladrão. E ladrão.
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