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M. Eugénia Prata Pinheiro

sexta-feira, dezembro 02, 2011

A ler

Mais um texto - O Estado como pacemaker da valorização do valor - que dá para pensar no que se vai passando. Está nos moinhos satânicos

terça-feira, setembro 20, 2011

Educador

Um belo texto que apanhei nos moinhos satânicos :

A educação para a barbárie



Será que um dia exploraremos de modo industrial as almas humanas?
Stanislaw Jerzy Lec


A barbárie também se ensina. E se existe um manual B-A-BA da nova barbárie o ministro da educação resumiu a primeira lição de forma exemplar. Mas com isso o mundo também não aprendeu nada. No entanto, se levarmos até ao fim o pensamento crítico dialéctico devemos acima de tudo agradecer ao ministro por condensar, a contragosto e de uma forma rara, a pedagogia do fetichismo do dinheiro.

Afinal de contas, já não precisamos de ler Marx para saber que as escolas são verdadeiras “fábricas de ensinar” e meras condições necessárias à “valorização do valor”. E também já não precisamos de ler Foucault para saber que uma significativa parte do tempo que lá passamos é de facto penosa. É o próprio ministro que nos lembra tudo isso, começando por perguntar, através de uma expressão linguística irreflectida mas plena de significado, se a educação “vale a pena”; porque o ensino é de facto cada vez mais penoso, e se o capitalismo nos ensinou alguma coisa é que sem sofrimento humano o valor não se valoriza. (O que não significa que todo o sofrimento humano “gere” valor).

E como o sofrimento não é uma mera ideia mas antes inseparável da matéria, o ministro sente-se na obrigação de justificar o seu materialismo tão maldito frente ao idealismo pedagógico, evocando uma velha dicotomia armadilhada. É que o ministro tem uma ideia: que o dinheiro é efectivamente um fenómeno material e não uma mera representação social fetichista. E o fetichismo é feito de inversões assim. Quando uma abstracção social governa realmente o mundo, quem tem razão? Os idealistas ou os materialistas?

Evocando a relação entre educação e dinheiro, o ministro verbaliza o tabu matricial do ensino na sociedade da mercadoria. E como bom ideólogo que é, fá-lo ocultando-o melhor. O dinheiro-mercadoria-mais dinheiro (D-M-D’) de Marx é, neste caso, dinheiro-ensino-mais dinheiro. Ora, o ministro só quer falar da relação entre os dois últimos momentos. E não só ignora propositadamente a primeira relação (dinheiro-ensino) como omite que a segunda já começou a rodar em falso num contexto de desemprego estrutural à escala global. É completamente escamoteada a quase completa falência dos sistemas públicos de ensino nos países ditos desenvolvidos; sistemas esses que são financiados não só através de impostos aos rendimentos dos sujeitos monetários mas também através de endividamento estatal. Esta situação é ainda mais evidente para o financiamento do ensino universitário que tem esboçado uma tendência para um aumento progressivo do custo dos diversos cursos e graus académicos. Neste contexto, é clara também a correspondente tendência para o endividamento pessoal para o acesso a graus de formação universitária. Um pouco por todo o mundo, mas sobretudo nos países anglo-saxónicos, tem disparado nos últimos anos o número de créditos pedidos por estudantes para o acesso a cursos e graus universitários. Ora, isto faz dos cursos universitários mercadorias financiadas a crédito (endividamento estatal) e consumidas também com créditos (pessoais), ou seja, crédito à segunda potência; não admira que se fale já da formação mundial de uma “bolha académica” de dimensão semelhante à bolha do crédito habitacional. Para o rebentar da bolha, o desemprego de mestres e doutorados endividados dará uma belíssima ajuda. Para estes, “ganhar mais dinheiro” não precisa de ser lembrado como princípio motivacional subjectivo mas é antes uma imposição imanente à sua condição de plenos sujeitos monetários. Não precisam, portanto, que o ministro lhes venha ensinar.

Mas o ministro preocupa-se acima de tudo com as novas gerações de sujeitos monetários concorrenciais. Assim, aquilo que numa primeira leitura generosa poderia ser interpretado como mero realismo cru sobre a objectividade fetichista da sociedade da mercadoria, revela-se muito mais do que isso: um inequívoco e insano apelo à eleição do fetiche monetário como princípio pedagógico.

quinta-feira, julho 28, 2011

Surreal - professores para o 1º ciclo!

Para o que me deu!

Abri a lista de ordenação das candidaturas ao concurso de professores para o 1º ciclo. Nas primeiras dez páginas - 430 candidatos - 112 candidatos têm habilitação específica para a docência neste ciclo de ensino. Mais ou menos a quarta parte.

Os outros candidatos têm, na sua maioria, formação para Educação Visual e Tecnológica (grupo de recrutamento 240), para Educação Física (grupo de recrutamento 260). Mas aparecem de muitos outros grupos - Educação Musical (250), Português/Inglês (220), Português/Francês (210), Matemática/Ciências (230), Ensino Especial (910)...

Não tive paciência para continuar a contagem.

Quantos destes candidatos sempre odiaram a matemática? Quantos sempre detestaram tudo o que tivesse a ver com ler ou escrever? Parece que o ministro da Educação está preocupado com as aprendizagens do português e da matemática, mas só no segundo ciclo. Tarde piará!

sábado, junho 25, 2011

Viva

Mais uma neta. Ser triavó é excelente.

Felicitou-me no hospital uma mulher com ar jovial, de bem com a vida. Conversamos. Quarenta e cinco anos, onze filhos e nove netos. Um dos filhos tivera-o sozinha que a função fora tão rápida que não dera tempo à chegada de apoios. É obra.

quarta-feira, junho 22, 2011

Assunção Esteves

Dedicou às mulheres aquele momento de alegria. Muito obrigada. Gostei e gostei do que disse naqueles oito minutos.

Este tempo é sem dúvida fascinante. Vejo menos bolor e cheira-me menos a mofo.

segunda-feira, abril 04, 2011

Porto, Porto, Porto...

Campeão, olé, olé.

domingo, março 27, 2011

Suspensão da avaliacão

Aplaudo a decisão de suspender o processo de avaliacão em curso. Só peca por tardia.
Estou sem tempo para dissertar mais uma vez sobre o assunto e remeto para este blogue.
Muitos outros blogues de professores no terreno estarão fazendo análise de teor semelhante.

Os comentadores que atacam a decisão tomada na Assembleia da República não sabem do que estão a falar. Não estão nas escolas e os filhos, se os tem, devem andar pelos colégios privados. E os deputados do PS e o respetivo patrão (falo do ingenheiro) melhor fariam em calar-se. Na Alemanha, ao ministro doutorado com plágio foi retirado o título pela universidade que lho atribuíra e o ministro envergonhado demitiu-se das suas funções. Por cá o ingenheiro retirou o título à universidade que lhe fabricou a licenciatura domingueira e guardou a ingenhosa licenciatura no currículo! Claro que se manteve como primeiro ministro...


quarta-feira, março 23, 2011

Finalmente!

Apesar da dificuldade em aceder à net cá vim festejar a demissão do ingenheiro.
Porreiro, pá...

quinta-feira, março 10, 2011

A economia política da educação

Recebi por mail este texto de Robert Kurz.

O modo de produção capitalista está cheio de autocontradições internas. O campo da educação e formação também não é excepção. O conhecimento em si não produz valor, mas constitui uma necessidade objectiva do capital, sob o ditame do desenvolvimento das forças produtivas. Uma vez que nesta sociedade quaisquer gastos têm de ser apresentados na forma do dinheiro, os encargos do sistema de ensino constituem "custos mortos" em sentido capitalista, isto é, uma dedução à mais-valia social. Por isso em toda a parte se invoca a necessidade de investimentos na educação, em nome da concorrência pela localização das empresas, estando, no entanto, a produção e distribuição do conhecimento simultaneamente sob enorme pressão dos custos.

Esta contradição tem vindo a intensificar-se historicamente. O mesmo desenvolvimento das forças produtivas que obriga à expansão do conhecimento e da educação tem reduzido, por outro lado, o sector (especialmente da base industrial) que produz mais-valia real, uma vez que a força de trabalho se tem tornado supérflua numa escala cada vez maior. Enquanto a famosa classe operária "produtiva" diminuiu relativamente e hoje constitui uma minoria na sociedade, cresceram em contrapartida as novas classes médias em grande parte "improdutivas" do sector da educação e do conhecimento. Do ponto de vista capitalista, este desenvolvimento só pôde ser representado num crescente financiamento a crédito dos respectivos "custos mortos", um aspecto pouco discutido da crise financeira geral.

A massificação das qualificações mais elevadas e, consequentemente, da sua oferta conduz a uma desvalorização da força de trabalho qualificada, de acordo com as leis do mercado de trabalho. Com a pressão dos custos sobre o sistema de ensino, "improdutivo" do ponto de vista capitalista, desenvolveu-se uma progressiva precariedade também dos estratos sociais com formação académica. A antiga classe média com formação superior está condenada ao declínio. Acresce a isso a discrepância entre a qualificação e as exigências da conjuntura económica. Como o contexto social não está sujeito a um planeamento conjunto, mas sim a uma dinâmica cega, algumas qualificações tornam-se subitamente supérfluas ou com excesso de oferta, enquanto outras faltam. A formação só se faz a longo prazo, enquanto os perfis procurados mudam constantemente, de acordo com a concorrência global.

Entretanto, estamos confrontados com o mesmo problema em todo o mundo. Em todos os países há nomes semelhantes para a situação que na Alemanha é designada por "Geração Estágio" e que revelam a situação social na verdade difícil da "geração Facebook". Precisamente porque o desnível escolar foi parcialmente nivelado entre o centro e a periferia capitalista, torna-se dramaticamente notória a ausência de perspectivas de uma geração educada de jovens nos países mais pobres. Esta é (ao lado da explosão dos preços dos alimentos) uma das razões para as revoltas actuais no mundo árabe. Mas também na China ou na Índia cresce o abismo entre a qualificação em massa e o emprego. Não se trata dos chamados deficits democráticos, mas de uma contradição estrutural, insolúvel no capitalismo, na relação entre educação e economia. A questão é saber se o "proletariado académico” globalmente massificado converte a sua precarização na ideia de uma nova emancipação social para todos, ou se pretende apenas afirmar-se no capitalismo e digere ideologicamente a inevitável frustração. No segundo caso será preciso contar com o pior.

Original POLITISCHE ÖKONOMIE DER BILDUNG in www.exit-online.org. Publicado em Neues Deutschland, 07.03.2011

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Santana Castilho no Público

Tudo se passa entre a luz e a tela. É lá que se manipulam os bonecos, no teatro de sombras. O espectador, sentado passivamente diante da tela, vê as sombras.

Comecemos pelo primeiro acto, a moção de censura. Por definição, é um instrumento parlamentar de derrube do Governo. Mas com os bonecos manipulados por trás e por baixo, como se faz no teatro de sombras, deu belos efeitos: demitiram-se uns de uma coisa que já não é Bloco; vitimizou-se outro de outra coisa que já não é Governo; e comprometeu-se a terceira coisa, a Oposição, que vai manter um Governo paralisado. Eis a realidade do que vai ser chumbado para além da tela. Intestinamente impedido de votar a favor qualquer censura proposta pelo PSD ou CDS, o número do Bloco fez sentido e valeu o risco da apalhaçada pirueta de Louçã: quando chegar a hora de uma moção de censura séria, o Bloco já se pode abster sem que o acusem de ajudar o Governo; marcou terreno antes do PCP e esclareceu que o apoio a Alegre foi tão-só erro de casting e nada de estratégico quanto ao PS. Este acto teve fim moralizante: o Bloco demonstrou que existe para não existir.

O segundo acto do nosso grande teatro de sombras foi à cena no Centro de Congressos da Alfândega, no Porto, sob a epígrafe "Os Colaboracionistas Protestam". Na tela iluminada o título foi diferente: I Encontro Nacional de Dirigentes de Escolas Públicas. As sombras representaram quatro cenas das trevas das escolas: a recorrente avaliação do desempenho dos docentes, o garrote que aperta a preparação do próximo ano lectivo, a dita ou desdita (consoante a perspectiva dos protagonistas) dos agrupamentos escolares e os novos procedimentos reguladores dos contratos públicos. Dos anúncios feitos ao acto, na imprensa, pelo presidente da novel Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, retirei frases fortes, que cito: "... a avaliação de docentes está a contribuir para uma grande instabilidade nas escolas..."; "... pretendemos exigir ao Ministério da Educação que se promova uma discussão séria sobre o processo de avaliação de docentes, que não é justo nem exequível..."; "... poupar em tempo de crise é fundamental, mas em nome dessa poupança não se pode destruir a escola pública..."; "... há uma grande angústia sobre a possibilidade de se perderem entre 25 e 30 por cento dos recursos humanos das escolas no próximo ano lectivo..."; "... queremos fazer uma chamada de atenção ao Ministério da Educação e também à opinião pública sobre os riscos que corre a Educação...".

Nesta representação glosaram-se os temas propostos e exploraram-se as deixas do senhor presidente. Mas, quando, cansado de tantos protestos sem consequências, um boneco saiu de trás da tela e veio à frente propor que se demitissem do elenco das sombras, só três votaram a favor. Os restantes, cerca de 200, ficaram fiéis ao guião do grande teatro das sombras. Não aguentaram a luz. Fim pífio.

O modelo de avaliação do desempenho dos professores é tecnicamente uma nulidade e politicamente um desastre. Introduziu nas escolas tarefas burocráticas e administrativas que representam, estimo, 40% do tempo activo dos docentes. Só o cumprimento da observação de aulas significa o sacrifício de um grande número de horários completos dos professores eventualmente mais qualificados. A sua lógica substituiu o clima cooperativo, que deve nortear o corpo docente de uma escola, por um espírito de competição malsã. A versão actual supõe (despacho n.º 16.034/2010 da ministra da Educação, DR n.º 206, II Série, de 22 de Outubro) quatro dimensões de actuação dos docentes, desdobradas em 11 domínios operacionais. Estes 11 domínios desagregam-se, por sua vez, em 39 indicadores, referidos a cinco níveis, cada um deles com múltiplos descritores, num total, pasme-se, de 72. Nenhuma inteligência sã suporta a permanência de tamanho monstro. Mas vai para três anos que toda uma comunidade docente é manipulada atrás da tela. E o que é duro de assumir é que tamanha tragédia só permanece em cena porque grande número de actores reescreve sadicamente nas escolas os guiões oficiais, numa psicótica fusão entre abusadores e abusados, entre personagens e actores, entre professores e burocratas.

Passemos ao terceiro acto. O relatório Taxas de Retenção Durante a Escolaridade Obrigatória na Europa, recentemente divulgado pela Comissão Europeia, mostra que, em Portugal, cerca de 35 por cento dos alunos reprovaram pelo menos uma vez no ensino básico. Somos os quintos na Europa, no sentido negativo da escala. Logo apareceram os profetas da modernidade a lembrar que a progressão automática é norma na Noruega e que a taxa de retenção na Finlândia nem chega a três por cento. Se saíssem de trás da tela, veriam a realidade.

Na Finlândia, mais de 25 por cento dos alunos do sistema têm apoios complementares e 8,5 por cento são objecto de educação especial. É isso que explica a baixa taxa de retenções. Quanto à Noruega, socorro-me da publicação oficial Facts About Education in Norway, 2010. Na página 11 verifica-se que só 56 por cento dos alunos do secundário completaram o respectivo ciclo de estudos no tempo previsto. Houve 26 por cento de abandonos ou chumbos, 12 por cento que necessitaram de mais tempo e 6 por cento que ainda o tentavam concluir no momento da recolha dos dados.

Quando são confrontados com os factos, julgam que os "pedabobos" mudam de ideias? Não! Mudam os factos através da tela onde projectam as sombras. Professor do ensino superior (s.castilho@netcabo.pt)

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Mais vida...

Uma nova neta chegou.

É bom, muito bom. Que venham mais!

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Contratacão

Uns quantos jovens licenciados são recrutados por uma empresa com instalações janotas na Expo. A promessa é de ganharem 500 euros mês mais umas comissões por qualquer coisa.

Fazem um mês de formacão pelo que lhes pagam 400 euros e iniciam o trabalho.

Vinte e tal dias depois são chamados pelos chefões da coisa. Afinal receberão apenas 300 euros, para receberem 500 terão que trabalhar também aos fins de semana. Os que recusam lembrando o acordado são dispensados.

Reclamam então o pagamento dos vinte e tal dias de trabalho. Qual quê, eh, eh, eh, são considerados reprovados na formação pelo que não têm direito a qualquer pagamento. Está já uma nova fornada de "formados" pronta para pegar no trabalho.

Vigarice estrutural

Sisa de Cavaco foi paga com base na avaliação da casa que nunca existiu

03.02.2011 Por José António Cerejo, no Público

"As Finanças de Albufeira avaliaram a propriedade onde Cavaco Silva tem a sua casa de férias no pressuposto de que lá estava uma moradia, quando, afinal, estava lá uma outra com quase o dobro da área." [...]


Se até os senhores das Finanças fazem questão de dar um jeito para favorecer o homem, por que há de o homem recusar? Os senhores das finanças são honestos, o homem é honesto, todos são tão honestos, tão honrados que já nem sei como definir honestidade, honradez. Quando estas palavrinhas aparecem nos textos vejo-me atrapalhada...

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Estudar para escravo...

Furtei aos ladrões de bicicletas.

Deolinda canta "Que parva que eu sou!"

Sou da geração sem remuneração e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar, já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração casinha dos pais, se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração vou queixar-me pra quê? Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração eu já não posso mais que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.

Nota:A pobre da rapariga estudou para escrava, pelo menos escrava do carro. Sem o carro pago não consegue sair da casa dos pais; sem o carro pago não consegue arranjar marido e ter filhos;sonha com estágios...para pagar o carro.Desejo que a pequena consiga sair de debaixo do carro.

domingo, janeiro 30, 2011

A tentar compreender o que vai para lá da casa do vizinho.

Robert Kurz

PACOTES DE RESGATE IDEOLÓGICOS

Carta aberta às pessoas interessadas na EXIT! na passagem de ano 2010/2011

Crise, qual crise? O mundo capitalista mais uma vez se coloca esta pergunta retórica, com plena consciência de que a vitalidade renovada é o que ele gostaria de se auto-atribuir. Mas nem de longe está tão confiante como nos anos anteriores a 2008. Em vez disso, pode notar-se um certo espanto, por ter conseguido safar-se da situação mais uma vez, ao que parece. A queda da economia mundial foi demasiado profunda e a vergonha das previsões científicas foi demasiado grande para que agora pudessem ser oferecidas, com ingenuidade secundária, mais promessas dum novo "milagre económico". O optimismo oficial ecoa ainda com maior estridência na Alemanha, que parece cambalear de um "sonho de verão" [“Sommermärchen”] para outro, só interrompido pelo obrigatório "sonho de inverno" [“Wintermärchen”]. Depois do futebol, agora é a economia que está em alta. Embora sendo vencedor apenas em segundo ou terceiro lugar, imagina-se mesmo assim como campeão mundial dos corações e da gestão da crise. Mas, atrás do mais recente chauvinismo alemão da exportação, sentido com sobranceria democrática, esconde-se o medo. O ar de festa enganador não consegue disfarçar que a “recuperação”, apresentada como surpreendente sucesso do campeão europeu na modalidade de baixos salários, baseia-se numa fraude.

Apesar de ser um facto bem conhecido, mesmo assim volta a ser escamoteado que o carácter deficitário da conjuntura económica não está dominado, mas foi simplesmente transferido das bolhas financeiras para o crédito público e para os bancos emissores. Embora essa política monetária já uma vez se tenha afundado num nível muito mais profundo de crise, após o fim da prosperidade fordista, há quem gostaria de ver nos seus representantes actuais novos curandeiros. Já se fala do carácter "auto-sustentável" de uma recuperação global. Na realidade, a relativa estabilização alimenta-se apenas da inundação desenfreada de dinheiro dos bancos centrais e de programas de investimento público. O suposto sucesso alemão assenta num duplo efeito da intervenção pública de curto prazo. Primeiro, as injecções conjunturais internas evitaram uma queda ainda maior da economia interna, há muito relativamente fraca. Segundo, foram programas públicos semelhantes e às vezes ainda maiores em todo o mundo que permitiram às exportações alemãs evitar a queda a pique e voltar a subir. É apenas esta mudança brusca que cria a ilusão óptica de um boom exorbitante, quando, na verdade, nem sequer o nível pré-crise voltou a ser atingido.

Nem o fluxo de dinheiro dos bancos centrais, nem o consumo público financiado a crédito se podem prolongar arbitrariamente. As elites da Alemanha parecem esperar que a mudança no sentido de uma renovada política de poupança pública, prevista também neste país, seja ainda assim suportada macroeconomicamente pela economia de exportação, mesmo com o aprofundamento da divisão social, que já constitui opção política. Mas estão a fazer contas de merceeiro, no que respeita ao mercado mundial e aos seus contextos de mediação. O problema do deficit não pode ser externalizado numa economia globalizada, devido à interdependência recíproca. Os famosos "desequilíbrios" repercutem-se nos países com superavit logo que o respectivo financiamento, agora apoiado pelo Estado, encontra os seus limites nos países com deficit. Na UE, em particular na zona euro, esta situação já foi atingida. Os encargos dos "pecadores do deficit" são na verdade o reverso dos excedentes de exportação alemães, dos quais quase metade recai nos países vizinhos. Logo que os governos locais realizem aí os programas de poupança suicidas, que lhes foram impostos precisamente pela Alemanha, em nome da salvação do euro, uma parte significativa das exportações alemãs vai cair a pique. Já por esse motivo só pode ser descrito como equívoco grotesco o facto de neste país se festejar autocraticamente um "milagre especial", enquanto a crise da dívida está grassando por toda parte, o desemprego aumenta para níveis record e a recessão se mantém ou está regressando rapidamente.[...] continua aqui



sábado, janeiro 29, 2011

BES brrrrr

Já ouço a minha neta/ os meus netos todos a cantar:

Pela rua fora
Vou apressadinha
P'ra salvar do BES
A minha avozinha!

Dantes o porquinho
Era o mealheiro
O bichinho sujo
P'ra guardar dinheiro!

Só ao lobo mau
Passava pela pinha
No lugar do porco
Pôr a avozinha!

Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau?....

quinta-feira, janeiro 20, 2011

O direito de não votar.

A Comissão Nacional de Eleições vem informar o seguinte:
- Os votos em branco e os votos nulos não têm influência no apuramento dos
resultados;
- Será sempre eleito, à primeira ou segunda volta, o candidato que tiver mais
de metade dos votos expressos, qualquer que seja o número de votos brancos
ou nulos.

Por mim, nem branco nem nulo que não quero influenciar no apuramento dos resultados.

E respondendo àqueles senhores que barafustam por uma tal opção que renega a conquista para as mulheres do direito ao voto, esclareço que as mulheres, tal como os homens, têm direito a votar e a não votar.

Ora, atendendo ao estado do Estado e dos estadistas, tudo bastante comatoso, escolho o direito de não votar.
Fico longe da urna já que ainda estou viva.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Sócrates sem crédito

José Sócrates reportedly begged for help last week as Portugal became the latest eurozone country tipped for a bailout. But the cynical response reveals rising tensions within the bloc.

Angela Merkel was locked in talks about the euro crisis when the phone rang in the gleaming chancellery in Berlin.

The Portuguese prime minister, José Sócrates, was on the line from Lisbon with a plea for help. Portugal is tipped to be the third of 17 eurozone countries to collapse under the weight of its sovereign debt, needing a German-led bailout. Sócrates sounded desperate and eager to please, according to witnesses.

He asked Merkel what he should do, promised to do anything she wanted, with one big exception. He would not ask for money – for a eurozone bailout with extremely tight strings attached.

According to accounts circulating in Berlin, Merkel left Sócrates to wait while she sought the views of her high-powered visitors – Dominique Strauss-Kahn, the French head of the International Monetary Fund, and Giulio Tremonti, the highly regarded Italian foreign minister who has recently been lobbying for the introduction of “Eurobonds” as part of a solution to the year-long crisis.

Merkel asked Strauss-Kahn about Sócrates’ dilemma. The German-speaking IMF chief was dismissive. The Portuguese plea was pointless, he said, because Sócrates would not follow any advice he was given.

The exchange, which occurred last week in Berlin, highlights what a senior German official describes as “Europe’s big communication problem”.

In the midst of one of the EU’s worst ever crises, its leaders seem to have a problem talking to one another. The level of trust between key policymakers and decision-takers is very low, hugely complicating the quest for a way out of the euro’s existential challenge.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Apologia da abstenção

Vasco Pulido Valente, no Público.

Num dos primeiros dias de campanha "formal", Cavaco intimou os políticos a dizer "o que se pretende alcançar com os sacrifícios que se pedem aos portugueses". Muito obviamente, na cabeça de Cavaco, "os políticos" é uma categoria que não o inclui. Não passa de um pseudónimo de Sócrates para efeitos de propaganda populista. Desde 2008, ou mesmo muito antes, que toda a gente responsável previu e anunciou o que ia acontecer, perante o solene silêncio do Presidente da República. Verdade que, de quando em quando, ele se aliviava de algumas frases sibilinas - a situação é "insustentável", por exemplo, ou a situação é "explosiva" -, embora, com toda a sua sabedoria de economista, nunca se desse verdadeiramente ao trabalho de explicar aos portugueses como e porquê o Governo os metera num inominável sarilho. A vontade de não se comprometer e a esperança de um segundo mandato pesavam mais.

Só que anteontem, na improvável cidade da Guarda, o dr. Cavaco depois de anos de generalidades, resolveu mudar de táctica. Agora, prometeu que seria um Presidente activo no próximo mandato e avisou que pode haver "uma crise grave em Portugal, não apenas no plano económico e no plano social, mas também no plano político". E, como pode haver essa crise, declarou que iria usar de grande exigência com o "executivo" e que tencionava "acompanhar com muita atenção as propostas que viessem da Assembleia e do Governo", coisa que de certeza surpreendeu os circunstantes, porque manifestamente implicava que até ali o dr. Cavaco tinha feito vista grossa ou, pior ainda, consentido os desvarios do PS e de Sócrates, sem qualquer tentativa decidida e pública para acabar com eles.

Claro que, apesar disto, muito provavelmente Cavaco ganhará em 23 de Janeiro. Nem Alegre, nem os quatro ou cinco diletantes que andam por aí a fingir que se tomam a sério são um obstáculo. O único autêntico obstáculo é a abstenção, que se exceder largamente o habitual talvez force uma segunda volta. Não admira que o PSD e o próprio Cavaco andem por aí a insistir que a abstenção é ilegítima. Ora a abstenção não é ilegítima. É um acto de recusa total do regime que um cidadão está no direito de não legitimar pelo seu voto (mesmo com um voto em branco). E confessemos que um regime que propõe, como alternativa para a Presidência da República, Alegre ou Cavaco merece amplamente uma recusa total. Chegou a altura de não pactuar em nada com a miséria estabelecida da política portuguesa.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Que tanga...

Que satisfação! que grande governação!
Um sucesso o leilão da dívida pública - muita, muita procura e juros um pouco abaixo dos 7%!

Ora, ora, se eu fosse investidora também ia tentar comprar dívida agora. É tal o anúncio da entrada dos fundos europeus e FMI - entrada que na Irlanda e Grécia fez baixar e estabilizar a taxa na zona dos 5% - que o melhor era tentar comprar agora. Daí a tal elevada procura que nos querem impingir como "excelente sinal". Será sinal da esperteza dos investidores que tentaram comprar com taxa de juro mais alta antes que a intervenção a baixe para os tais 5%.

terça-feira, janeiro 11, 2011

Explica?

BPN explica manutenção de ex-directores de Oliveira Costa pela "sua competência"

Por Cristina Ferreira e Luís Villalobos, no Público

Três altos ex-responsáveis do banco no tempo em que Oliveira Costa presidia à instituição nacionalizada pelo governo mantêm-se em funções com a actual gestão nomeada pela CGD.

A actual gestão do BPN, nomeada pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e liderada por Francisco Bandeira, mantém em funções, ao nivel de topo, três ex-responsáveis do banco no tempo em que Oliveira Costa presidia à instituição. Um deles, Gabriel Rodes, é alvo de um processo no Banco de Portugal, enquanto Armando Pinto chegou a depor na comissão de inquérito parlamentar ao BPN. [...]



Afinal, Francisco Bandeira foi remunerado pelas funções que desempenhou no BPN em 2009. Ao todo, foram 63 mil euros. João Almeida, deputado do PP, questionou por que razão consta no relatório de 2009 da Caixa Geral de Depósitos que recebeu do BPN, 63 mil euros, quando, e sob juramento, numa audição anterior no Parlamento, tinha garantido que não iria auferir qualquer vencimento. Francisco Bandeira disse que, na altura, quando declarou que não iria receber vencimento no BPN, era essa a intenção da CGD, mas que posteriormente foi tomada a decisão.

E, no entanto, discute-se.

Pedro Lomba, no Público

Começo com uma pergunta: por que motivo o carácter de um político não pode ser discutido e julgado em democracia? Se não ocorre a ninguém abster-se de conhecer quem é o seu advogado, contabilista ou baby-sitter, por que deveria ser diferente com quem desempenha cargos políticos?

Eu sei de onde vem a confusão implícita na pergunta. Vem desta era socrática que dramaticamente baixou os nossos níveis de exigência. A toda e qualquer tentativa de escrutínio público, alguns seres pensantes e outros animados responderam com a ideia de que a questão do carácter tem de estar banida do debate político. Porquê? E como é possível existir debate sem que a questão não esteja de alguma maneira presente?

Esta diminuição parece tão fora de propósito que nem sequer resiste a um cursivo exame histórico. Se o carácter não fosse um tema legítimo, alguns dos mais famosos textos políticos acabariam no lixo da retórica do "terrorismo pessoal" e das "campanhas sujas" modernas. As Catilinárias de Cícero, proferidas no Senado de Roma contra o demagogo Catilina, seriam vistas como um baixíssimo "ataque pessoal". Quase toda a filosofia política medieval preocupada com a rectidão dos príncipes - "serás rei se fizeres o bem; se não o fizeres, não serás" - seria igualmente reprovada. E o que diríamos do discurso célebre e potentíssimo de impeachment dito e escrito por Edmund Burke contra o governador da Índia Warren Hastings, sobre quem pesavam suspeitas de corrupção e arbitrariedade? [...]

segunda-feira, janeiro 10, 2011

O estado do Estado

O contribuinte que se lixe - VPV no Público


Segundo o DN, Portugal tem 13.740 organismos públicos, de que só 1724 apresentam contas. Pior ainda: do total só 418 foram sujeitos a uma verdadeira fiscalização. Se isto não é um convite ao roubo, custa a compreender o que é. Enquanto Cavaco e Sócrates se ocupam a discutir as mirabolantes manobras do BPN, a carripana segue alegremente em direcção ao desastre. Desde 2007, por exemplo, ou seja, sob o Governo Sócrates, que se criou um fundação em cada 12 dias; suponho, mas não garanto, com o nobre fim de fugir às regras mais rigorosas da contabilidade oficial. Juntem ao que precede 1181 empresas do sector público, 485 associações sem fins lucrativos, 356 institutos de vária pinta, 342 empresas municipais e regionais e outras 370 com propósitos obscuros e é um milagre que o polícia da Europa e do mundo não ande já a correr atrás de todos nós.

A gente que trabalha - chamemos-lhe trabalhar - no Estado e arredores é além disso de uma prodigalidade sem fim. As câmaras principalmente. Oeiras, por exemplo, comprou uma estátua e "um projecto de comemoração dos 250 anos do município" pela módica quantia de 1.250.000 euros. E Gondomar gastou por 550 mil euros em publicidade nas camisolas do clube da terra, o Gondomar Sport Clube, de que o país manifestamente precisa. Mas, como qualquer arrivista que se preza, o Estado gosta antes de mais nada de viajar e de receber. O ano passado pagámos 15.315.000 euros nessas actividades, que incluíam, ninguém sabe porquê, alguns carros BMW, tapetes de Arraiolos, garrafas de uísque, brinquedos Toys R"US. Para entretenimento cultural também se convidaram Tony Carreira (600.000 euros) e José Carreras (263.000 euros), este para alegrar por uma noite a sorumbática cidade de Santarém.

A crise trouxe alguma sobriedade a estes costumes? De maneira nenhuma. Em 2011, Portugal tenciona aumentar as despesas como se acabasse de ganhar a sorte grande. O Governo tenciona aumentar generosamente a sua contribuição para a "publicidade" (11.535.913 euros), para "horas extraordinárias" (45.201.721 euros), para "seminários" (11.317.953 euros) e para "combustíveis" (53.822.272 euros). Fora o dinheirinho que vai para "limpeza e higiene", "comunicações" e, como de costume, "deslocações e estadas". O dinheiro do contribuinte é o dinheiro do contribuinte: ele que se lixe.

sábado, janeiro 08, 2011

Nacionalizou?

Não percebo nada destes assuntos mas, ao ouvir comentadores falarem sobre a triste história do imenso buraco BPN, incomoda-me que nunca refiram ou debatam a coisa estranha que é nacionalizar o BPN e deixar fora da nacionalização a sociedade que o possuia. Não percebendo do assunto, estranhei, achei que a parcial nacionalização tinha água no bico. Vou ouvindo que a CGD sacou os clientes, que colocou na presidência do banco um tal senhor Bandeira promovido pelo senhor Vara que se furta a esclarecimento porque tem um jantar agendado a uma milhas do Parlamento, que o banco falido gasta milhões a cumprir acordos com a tal SLN sua anterior proprietária que escapou à nacionalização... muita água no bico... muitos milhões.

E o risco de contágio (para o sistema financeiro) que alegaram para a trôpega nacionalização está agora a ser alegado pelos países "fortes" da UE para que Portugal peça apoio ao FMI, para que na sua bancarrota não arraste de imediato a Espanha, eh, eh, eh. E não os arraste a eles próprios - devem dizer lá para os seus botões.

Haja moralidade... já que houve mais que comeram

Se ficamos a saber que Cavaco Silva e a filha compraram e venderam ações no BPN, devíamos poder saber quem foram os outros que compraram e venderam. Seria interessante...

Que contas!

As receitas ficaram acima do esperado, as despesas ficaram abaixo do esperado - disse Sócrates.

Falta explicar como é que o saldo (o tal deficit de 2010) ficou então na mesma.

Grande currículo...

Explicou o ingenheiro Sócrates que o senhor Pinto Barbosa, o tal que não fiscalizou o BPP e vai agora "fiscalizar" as contas públicas, fora enganado pela gestão criminosa do BPP. Tinha um bom currículo, portanto.

Ora está então entendido - é com esse currículo que conta Sócrates - Pinto Barbosa deixa-se enganar.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Presidenciais... cof, cof, cof, cof...

Disseram-me aqui do lado - coitado do poeta Alegre, julgava que o texto dele ia direitinho para uma seleta literária...

Nota em 7 de janeiro - Se não recebeu os 1500 euros para que os declarou em sede de IRS? É um compulsivo pagador de impostos?

quarta-feira, janeiro 05, 2011

Muito sofre quem scuta...

Recebi por mail com autor devidamente identificado.

Boas!

Fui hoje à loja da ViaVerde.

Para os lisboetas desatentos, a malta aqui do norte começou a pagar SCUTs aqui há dois meses.
No entanto inventaram uma coisa a que chamam de discriminação positiva, que dá direito a 10 viagens de borla e 15% de desconto nas restantes.
É preciso efectuar o respectivo pedido nas lojas ViaVerde ou nos correios, ou na internet.
Parece fácil mas não é.
Eu fiz o pedido via net, e ganhei 60 dias para ir apresentar o comprovativo de morada.
Desde logo é intrigante pois ao fazer o pedido a morada já aparece na base de dados...
Entretanto, e como as filas na ViaVerde já ultrapassaram as notícias nos jornais, fui aos correios comprovar a morada, munido das indispensáveis papeladas.
- Que não, que uma vez que o pedido foi feito via net, o processo só pode ser completado junto da ViaVerde!
- Oh, menina! Esqueça que eu fiz pedido via net, faça de conta que estou a começar o processo.
- O computador, esse malvado, não deixa...
Depois de ter adiado o mais que pude, a ver se as filas na ViaVerde diminuíam, muni-me de muita paciência e dirigi-me hoje às 14h à loja da ViaVerde no Porto.
Passei de carro e tinha umas 5 pessoas à porta.
Nada mau, pensei.
Mais surpreso fiquei quando encontrei um lugar semi-legal para estacionar literalmente à porta da loja!
Aquilo tinha a porta fechada e gente lá dentro, e uns avisos a dizer que não distribuíam mais senhas desde que a hora prevista de atendimento ultrapassasse a hora de fecho.
Era, evidentemente, o caso.
Estava a ver que me teria que vir embora com o nariz mais achatado.
O que safou a coisa foi que uma das meninas, bem simpática por sinal, veio à porta e alguém lhe colocou uma questão, ao que eu aproveitei para colocar a minha.
Que hoje não distribuíam mais senhas.
Que os meus 60 dias estão a acabar.
Que hoje não distribuíam mais senhas.
Que incorro na possibilidade de ter que indemnizar a ViaVerde por não ter confirmado a morada na amável extensão do prazo que me concederam ao ter feito o pedido via net, por eventuais prejuízos para esta. (Não estou a delirar, vem no recibo do pedido feito pela net!)
Que hoje não distribuíam mais senhas.
Livro de Reclamações
- Faz favor de entrar...
Entrei.
A menina encaminhou-me para uma mesa onde já se encontrava um reclamante a preencher o grosso livro de quadruplicados.
Enquanto esperava, reparei que aquela mesa se destinava exclusivamente para o efeito.
Ele há coisas!...
Depois de retirar a cópia que lhe cabia, o reclamante entregou o livro a uma das meninas atrás do balcão das reparações dos equipamentos (cobram 5€ por mudar uma pilha), que o pousou fora do meu alcance mas em lugar visível.
Esperei que a menina largasse o ferro de soldar e pedi-lhe o livro.
- Para o que era?
Presumi que ela não esperava um: "Para reclamar, para o que havia de ser?", e resolvi explanar o que fazia eu ali numa tarde chuvosa de Janeiro.
- Dê-me os documentos do carro. Assine os recibos que imprimiu da net.
Desapareceu com os documentos enquanto eu assinava obedientemente os recibos.
- Hoje não posso mas amanhã meto-lhe isso (sic). Veja na net se o pedido está deferido.
- Obrigado.
Não me deu o livro. Não reclamei. Mas devia! Agradeci. Também devia.
Afinal, demorei 15min a tratar de algo que, bem vistas as coisas, não deveria nunca ter sequer que tratar, mas que pensava ir demorar a tarde inteira, ou mais...

Tenho dificuldade em tirar só uma moral desta história, que a ver vamos se fica por aqui, se me "metem isso" amanhã...

Abraços