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M. Eugénia Prata Pinheiro

domingo, janeiro 10, 2010

Lídia Jorge enganada.

Um encarregado de educação enviou-me por mail este texto de Lídia Jorge.

Salvar a escola do inferno burocrático

Este acordo é histórico porque ele permite salvar da humilhação alguns milhares de professores e restabelecer um clima de paz num momento em que a escola pública portuguesa precisa de proceder a uma revolução nos métodos de trabalho. Ele permite salvar a escola dum inferno burocrático, incompatível com uma boa convivência entre colegas e um ensino livre e feliz. Além disso, regressar a uma carreira única, mas em que se progrida por mérito, era indispensável e esse princípio manteve-se.

Mas é preciso ter em conta - e nem sempre a população está bem informada - que os professores e os médicos são as classes mais directamente escrutinadas da sociedade. Cada dia, em cada hora, o professor passa pelo escrutínio cerrado de dezenas de crianças e adolescentes. Basta imaginar uma sala de aula. Não é pouca coisa.

É por isso que este acordo histórico ainda não terminou. Ele só ficará selado quando Isabel Alçada verificar a que professores, durante estes dois anos, foram atribuídas as notas de excelente, e tirar daí as suas conclusões. Talvez resolva anular os seus efeitos. É que os professores duma escola constituem uma família. Experimentem criar um escalão de avaliação entre os membros duma mesma família que se autovigia. Sobre os métodos de avaliação desejo a Isabel Alçada e aos sindicatos muitas noites de boa maratona.

Lídia Jorge (escritora e ex-professora)

Está Lídia Jorge enganada.

Este acordo não salva ninguém da humilhação, antes a agrava. Não contribuirá para criar condições para que se alterem os métodos de trabalho, constituindo-se mesmo com um empecilho. O inferno burocrático está lá intocado ou até majorado. E a história da progressão por mérito é para rir. Com mérito ou sem ele a maioria dos professores dificilmente progredirá na carreira.

Põe de seguida em causa os excelentes atribuídos nestes dois últimos anos. Faz bem, embora pelas razões erradas. Julgo que em 2007/08 só aos profes contratados foram atribuídas classificações. Se houve escolas que distribuíram as diversas notações, mas em subordinação às quotas, outras houve que distribuíram o bom universal. Se estas últimas foram depois forçadas a cumprir as quotas, fizeram-no como entenderam que muitos dos contratados já teriam mudado de escola. Em 2008/2009, as candidaturas ao complex são significativas. Se houve contratados que se candidataram, compreende-se, embora com isso pretendessem uma ultrapassagem em muitos casos injustificada dos outros contratados que se mantiveram em luta contra a avaliacão. De entre os professores dos quadros que avançaram para o complex, dois objetivos diferentes os moveram mas nenhum deles é bonito de se ver: uns, amachucados pelas vozes que acusavam os professores da recusa a avaliação, avançaram para provar a sua excelência. Não provaram nada e esqueceram que muitos outros excelentes se mantinham na denúncia da avaliacão montada. Outros, alguns deles pouco competentes (falo do que vi), avançaram para aproveitar a oportunidade. E indecorosamente aproveitaram-na. Não se tratou de uma avaliação em família. A minoria que se subordinou ao complex e ganhou um excelente não esteve no seio da família mas antes coberta pela saia da ministra.

Não sei de que maratonas futuras fala Lídia Jorge no que toca a avaliacão. Já estão seladas no acordo todas as trafulhices relativas a este 1º ciclo e já se prevêem as futuras - ciclos de dois anos, relatores, portafolhas... consequências de milésimas nas progressões, contingentes, quotas...

Lídia Jorge, leu mesmo o tal "acordo histórico"?