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M. Eugénia Prata Pinheiro

sábado, fevereiro 23, 2008

Balancete

Lá fui às Caldas da Rainha.

Fiquei contente por ver ali umas centenas de professores, fartos dos maus tratos a que têm vindo a ser sujeitos. Dispostos a levantarem-se.

Fiquei triste porque não me chegando já ir fumar para o cemitério, deverei fazê-lo agora envergando luto. Estou mais de luta que de luto mas, está bem, um pouco de folclore talvez não faça grande mal.

As coisas não são simples e há uma prisão legalista que nos tolhe o espírito. A legalização de uma associação faz perder tempo. As pessoas associam-se e pronto. As pessoas organizam-se como podem e avançam. Não precisam de ser metidas na ordem (private joke). Blogues, à pressa, reúnem aqui 400, mais acima 500, mais mais acima 1000. Belas associações, sem nome nem registo.

Ficam dúvidas - para que servem providências cautelares? Como o nome indica, face a uma lei, a um processo, a uma medida de que possam resultar prejuízos para as pessoas, ou que possam vir a ser reconhecidas como ilegais interpõe-se, à cautela, a providência em tribunal. Se o tribunal a aceita isso significa que verificou a possibilidade de ilegalidade ou prejuízo e, portanto, a aceitação tem efeitos suspensivos das ditas leis, processos ou medidas. Assim ninguém deveria preocupar-se em dar andamento a papelada iníqua, atabalhoada, suicidária. Deveriam os sindicatos que avançaram com as providências, avançar também de imediato com as acções em tribunal. Esses são os papéis que agora interessam e os advogados saberão disso. Às providências cautelares seguem-se acções no tribunal. E até que as acções entradas tenham decisão, todo o processo fica suspenso.

Naturalmente que os pais apoiarão os professores. Cabe-nos informá-los do que se vai passando, das dificuldades com que nos confrontamos para trabalhar com os seus filhos, do faz de conta que é tudo isto. Se cada professor ou conselho de turma redigir um papel simples e esclarecedor da situação que se vive nas escolas, as famílias saberão colocar-se do nosso lado. E é bom não esquecer que a ligação aos encarregados de educação é valorizada nas "grelhas". Vamos ligar-nos para ter muito boas notas! Somos nós que estamos na escola com os seus filhos, não é a senhora ministra.

Ficou à vista o que comporta já em algumas escolas este fantástico processo classificador. Os secretismos, as negociatas, as imposições. E estamos no princípio. Felizmente também vai ficando à vista um grande número de escolas a recusar mergulhar de cabeça neste abismo.

Também apreciei saber desses lugares onde se fecham escolas públicas e abrem as privadas. Nada que não esperasse mas ver consumado é esclarecedor.

Aproveito para avisar a valente coleguinha nortenha que há sete anos é professora de matemática e, muito justamente, se recusa a pagar para prestar as anunciadas provas de entrada na profissão (entrar já entrou mas com horários incompletos que servem às poupanças estatais) que, se não nos conseguirmos opor a mais esta trapalhice, vou patrocinar-lhe o exame. Dotada de capacidade de análise e de crítica e sem medo vai fazer falta aos meus netos. Aos meus e aos dos outros.

Como espero receber muitos sms, mails e notícias via blogues para outras "associações" onde espero poder estar presente, fico por aqui.

6 Comments:

Blogger Amélia said...

Em Leiria foram mais de 700 os professores que se encontraram em defesa do ensino público - não apenas dos professores -trat-se de um movoimento que se quer de cidadãos contra as arbitrariedades e os ataques à escola pública. Pensam reunir com todos os movimentos afins a 15 de março, em leiria, para evitar a dispersão e eventuais tentivas divisionistas que possam surgir.

1:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Amélia
Já vi que atirei números por baixo.
Ainda bem que foram mais e mais serão certamente.
Antes de 15 de Março iremos reunir-nos por aí. E, sobretudo, nas escolas. Para 15 de Março Leiria parece bem, a meio caminho do norte e do sul.
Não se prenda a palavras velhas - divisionismo significa o quê?
Claro que há divisões. Não pensamos todos o mesmo sobre os problemas que se nos colocam. Das discordâncias e concordâncias irá nascendo luz para o que for mesmo importante.
Até breve

5:35 da tarde  
Blogger Amélia said...

Eu sou já ex-setôra- isto é, professora aposentada que sofre com os colegas e os cidadãos o que se está a passar e põe em causa a geração presente e a futura. E sei que não se trata de pensar todos o mesmo - recusaria mesmo que tal sucedesse - mas que há sempre a possibilidade, não de divisões, mas de divisionismos, isso há.E temos de evitar isso a todo o custo. A minha esperança é que, estando todos unidos nos mesmos objectivos, possamos avançar juntos.Eu estarei, agora como cidadã que nunca deixou, na verdade, de ser professoracomo professora,ao lado de quantos defendam a escola pública e um verdadeiro ensino para a cidadania - exercendo, como nunca deixei de o fazer, o meu direito à indignação.

7:29 da tarde  
Blogger J Francisco Saraiva de Sousa said...

Acho bem que trave os processos irracionais! Abraço

1:51 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sabe, Francisco, os meus processos são verdadeiros tratados de como os tiranetes se tentam furtar às suas responsabilidades, mesmo que tenham cometido verdadeiros crimes contra as pessoas (alunos, professores e famílias). E vale tudo, até falsificar documentos.
Resultam em arquivamento para mim/arguida e impunidade para os autores mesmo ficando clara a sua torpeza. É a vida, como dizia o outro senhor.
Quando me reformar poderei escrever "moralizantes" peças de teatro.

5:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Setora, já lhe respondi no terrear.

Daniel

11:09 da tarde  

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