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M. Eugénia Prata Pinheiro

quarta-feira, março 19, 2008

Divulgando quem vai pensando - parte I

Recebi por mail estas reflexões de um professor.


Tempo para fixar objectivos individuais

Sou coordenador de departamento (dos antigos que constam do RI e não dos 4 mega), numa escola que está quase na estaca zero em relação à avaliação de desempenho

Em matéria de objectivos individuais e em particular aos referidos nas alíneas a) e b) do art. 9º do DR 2/2008, no cronograma aprovado em CP para ser apresentado superiormente, vai indicada a data de meados de Outubro de 2008, como o tempo provável para que eles sejam definidos com algum rigor e alguma fundamentação. Pelo menos, quanto à melhoria dos resultados esperados.

Nos passagens que faço com frequência por diferentes blogues ainda não encontrei nenhuma escola a apontar uma data tão afastada no tempo. (Será que a ME aceita?)

Procurarei explicar qual o fundamento desta data.

A escola onde estou é uma secundária daquelas que só tem mesmo cursos secundários. Por isso, todos os alunos do 10º ano são novos para todos os professores, Nenhum professor sensato fará projecções de melhorias apoiadas apenas nas classificações atribuídas pelas escolas básicas. Impõe-se um trabalho de diagnóstico apoiado em provas a estudar ainda durante este ano a a aplicar em Setembro que poderão ser cruzadas com os resultados nacionais nos exames de Língua Portuguesa e Matemática e com as classificações do 9º ano. Este trabalho deverá culminar com um posicionamento de cada aluno de modo a identificar o potencial de desenvolvimento em cada uma das disciplinas que vai frequentar. Este diagnóstico suportará o projecto curricular de turma, que é outra prática de que esta escola não tem história. Trabalho de diagnóstico para 11º ano e para 12º ano decorrerão na mesma altura, naturalmente, com uma configuração diferente

Este processo vai exigir imenso trabalho por parte dos professores e não será simples.

Se este esforço for feito no mês de Setembro, já terá valido para alguma coisa toda esta trapalhada,

Por exemplo, se medirmos a evolução tendo como ponto de partida o primeiro período e de chegada o terceiro período, facilmente alcançaremos uma classificação espectacular. Comece-se por atribuir a todos os alunos classificações bastante abaixo do que valem e, no final, atribua-se a classificação merecida. Como só conta a classificação do último período, o aluno não fica prejudicado e o professor sai-se muito bem, pois todos ou quase todos os alunos terão progredido. Esta dica foi-me dada por Maria L Rodrigues na entrevista a Judite de Sousa, nas vésperas da manifestação ao comparar uma turma de oitos com uma turma de dezoitos.

Objectivos individuais ou objectivos colectivos?

Tenho visto propostas de declaração de intenções acerca de resultados escolares e abandono em termos individuais, como se, quais bonecreiros, tudo dependesse da nossa maneira de manejar os cordéis.

Acho pouco sustentável compromissos individuais do professor como não reprovar ninguém, (nalgumas disciplinas nem se conhecem reprovações), ou em colocar 50% dos alunos acima de 16, mais de 80% acima de 14, etc. Ou dizer que me vou esforçar por limitar as perdas (abandono) a 5% (menos de dois alunos) etc.

Os resultados escolares e a questão do abandono e eventualmente outros são assumidamente objectivos colectivos, de comunidade educativa, de escola, de departamento, de grupo disciplinar. Não dependem da acção individual, mas dependem do todo do qual faço parte. Neste caso, 1+1 não é igual a 2. Há que somar 1 com 1 e juntar todas as sinergias criadas. Se num país há duas empresas de produção de garfos, a minha e a do Joaquim, se o Joaquim comprar a minha ele ficará com mais do que duas empresas. (Admitamos que a autoridade da concorrência deixa comprar)

O facto de os objectivos serem colectivos, não se podem esconder responsabilidades individuais que são sinalizadas em função da contribuição de cada professor para objectivo comum.

Não me parece que a soma dos objectivos individuais façam obrigatoriamente um bom objectivo colectivo. O todo é mais do que a soma das partes.

O que se pede então?

Objectivos colectivos bem alicerçados onde se projecta o esforço individual de cada professor e de mais alguém.

(continua)