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M. Eugénia Prata Pinheiro

domingo, outubro 17, 2010

A vassourada

Remate da crónica de Vasco P Valente no Público

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Conheço pessoas que o PSD e o PS (e até o PC) a seu tempo instalaram em altas posições que mal sabem ler e, definitivamente, não sabem escrever. Conheço pessoas que se dedicam antes de mais nada a justificar a sua injustificável existência, pelo curioso meio de aumentar a "verba" e o pessoal do departamento onde por acaso caíram, com o único propósito de promover o seu estatuto, espatifando zelosamente o que lhe dão. Vejo dia a dia a obra das câmaras, que pouco a pouco se tornou num exercício de extravagância, megalomania e, desconfio, em muitos casos de puro latrocínio. Podia fazer uma longa lista da gente que o Estado persiste em sustentar em nome de actividades sem espécie de justificação possível. Como podia fazer uma longa listas dos "negócios" em que se meteram milhões, em exclusivo benefício de interesses que não sofrem descrição.


Que todo este mundo se afunde e desapareça, com os seus cartões de crédito de "representação" e os seus carros de empresa, com as suas casas no Recife e as suas férias na Tailândia não me comove. Portugal precisa duma grande vassourada e a tragédia será que a crise poupe (e talvez poupe) esta piolheira. Ontem descobri num restaurante que já se festeja intensamente o Natal. A degradação a que a nossa classe média chegou não se cura com menos de uma catástrofe. O primeiro-ministro, José Sócrates, não é um acaso, é um símbolo: o símbolo da vacuidade, da ambição e do oportunismo que o regime permitiu e protegeu.

O próprio VPV admite, embora apenas entre parêntesis, que estes artistas engolidores e esbanjadores do erário saiam pouco tocados das medidas que se anunciam. Parece estar à vista que quem vai ter dificuldades serão as pessoas de rendimentos mais baixos. Corta-se proporcionalmente muito mais nestes rendimentos que nos chorudos. O dinheiro continua venerado deus e quem dispõe dele em abundância revela-se como bom servidor desta religião e como tal deve ser protegido. Não é um problema do regime, é do sistema.

Se, enquanto houver dinheiro, se querem armar em social-democratas, façam-no como julgo acontecer lá pelos países nórdicos - um leque salarial de um para seis. Se há quem ganhe 45o euros na Função Pública, o vencimento máximo que fique nos 2700 euros. PR e PM incluídos neste máximo.

Este é um OE do governo de Sócrates. Está VPV à espera que o salteador impeça o latrocínio?

Deixar passar este orçamento, o que VPV defende, é manter o estado das coisas sem se poder chegar ao essencial. Este "mundo" deve na verdade afundar-se e desaparecer. Mas este mundo não são as pessoas, mesmo se enfeitiçadas pelo deus dinheiro.
O essencial é que todos os seres humanos tenham condições para viver com dignidade.

1 Comments:

Anonymous A CHISPA ! said...

Achamos que a sua proposta de reduzir os salários para um máximo de 2700 euros, podia ser um factor de mobilização para os assalariados repudiarem as actuais e anteriores medidas de austeridade, mas já temos dúvidas que elas resolvam definitivamente a crise profunda pelo qual passa a economia capitalista nacional.
Cremos antes mais que, "este "mundo" (sistema económico) deve na verdade afundar-se e desaparecer" para que a dignidade humana, passe finalmente a ser uma realidade.

As minhas saudações Setora.

A CHISPA!

12:20 da tarde  

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