Horários
Leio nos jornais que os horários são agora um dos objectos das negociações entre os sindicatos dos professores e o ministério da educação e fico perplexa. E não percebo nada. Como já estou no fim da carreira, o santo protector da minha titularidade deve ser o Alzeimer!
Neste ano de graça lectiva 2006/2007, eu já estou na escola 7, 8, 9 horas. E em dias com reuniões já lá tenho estado mais de 11 horas. Estou mesmo a falar de horas. Tenho aulas ao princípio da manhã, a partir das 8h e 15 minutos, depois às horas de almoço, isto é, entre as 11h e 40 minutos e as 14h e 10 minutos e depois ao final da tarde até às 17h e 20 minutos. Nos tempos em que não tenho aulas minhas, ou tenho substituições, ou biblioteca, ou sala P, ou tutoria, ou nada porque nos tempos mesmo livres, daqueles mesmo mesmo livres,(nove), não há onde possa fazer o trabalho que depois tenho que vir fazer para casa - ver trabalhos dos alunos, preparar aulas...
Julgo que outros professores por esse país fora terão horários parecidos com este que me atribuíram e francamente suspeito que os mandantes deste disparate estão lá nas escolas.
E não há estatuto que resolva esta tonteria. O estrito bom senso mandaria que os professores que têm forçosamente que ver trabalhos e preparar diariamente materiais não estivessem normalmente na escola mais do que cinco horas, seis horas diárias. Só quem por lá anda percebe o desgaste de todos aqueles decibéis e da tensão necessária para concretizar com êxito aulas em que os alunos ( turmas de 23 ou 25 crianças ou adolescentes) deverão estar sempre variadamente ocupados de modo a que cada tempo resulte em aprendizagens.
Vi com os meus olhos nas orientações para a abertura do ano lectivo que tudo isto deveria ser tido em conta na distribuição de horas de trabalho individual para cada professor e aplaudi. Não é igual o trabalho de casa que tem que fazer o professor de português ou o professor de educação física. Não é igual o trabalho de casa do professor de português com quatro turmas grandes e dois níveis ao do professor de português com duas turmas do mesmo nível. Mas nada disto foi tido em conta por muitos conselhos executivos e pedagógicos das escolas. Também nunca percebi bem o papel da chamada inspecção. Dir-se-ia que lhe competia verificar do cumprimento destas determinações. Mas nada. E não vi nenhum sindicato a manifestar-se àcerca de nada disto. Há os pequenos lobies, as corporaçõezitas, os nepotismos mais ou menos declarados que lá se vão impondo.!
Claro que a ministra deve estar contente com tudo isto. Com estes ensaios prévios, os professores poderão estatutariamente ficar nas escolas oito horas diárias. Poupará boas lecas nas contratações. E qualidade é só faz de conta.
Veja-se o que vai acontecendo agora em tempo de reuniões intercalares ao final dos dias. É impossível, por desgaste e por falta de tempo, estudar e definir as medidas que em cada turma poderiam conduzir a melhores resultados escolares. E o cansaço e a sensação de faz de conta dominam. Não só nos professores velhos mas também nos jovens.
E, em algumas escolas, esta construção de horários que permite o castigo de alguns professores, talvez da maioria dos professores, resultou em horários de permanência na escola muito extensos para os alunos (quase diariamente das 8h.15m até às 17h 20m) com tempos de desocupação pelo meio que têm levado pais a reclamar. Pais normais não gostam que os filhos estejam na escola tantas horas. Que fazer? Chamar os pais reclamantes e usar de modos de intimidação para que a contestação se abafe. Ficará tudo bem resolvido e a senhora ministra satisfeita. Ora pois!
Neste ano de graça lectiva 2006/2007, eu já estou na escola 7, 8, 9 horas. E em dias com reuniões já lá tenho estado mais de 11 horas. Estou mesmo a falar de horas. Tenho aulas ao princípio da manhã, a partir das 8h e 15 minutos, depois às horas de almoço, isto é, entre as 11h e 40 minutos e as 14h e 10 minutos e depois ao final da tarde até às 17h e 20 minutos. Nos tempos em que não tenho aulas minhas, ou tenho substituições, ou biblioteca, ou sala P, ou tutoria, ou nada porque nos tempos mesmo livres, daqueles mesmo mesmo livres,(nove), não há onde possa fazer o trabalho que depois tenho que vir fazer para casa - ver trabalhos dos alunos, preparar aulas...
Julgo que outros professores por esse país fora terão horários parecidos com este que me atribuíram e francamente suspeito que os mandantes deste disparate estão lá nas escolas.
E não há estatuto que resolva esta tonteria. O estrito bom senso mandaria que os professores que têm forçosamente que ver trabalhos e preparar diariamente materiais não estivessem normalmente na escola mais do que cinco horas, seis horas diárias. Só quem por lá anda percebe o desgaste de todos aqueles decibéis e da tensão necessária para concretizar com êxito aulas em que os alunos ( turmas de 23 ou 25 crianças ou adolescentes) deverão estar sempre variadamente ocupados de modo a que cada tempo resulte em aprendizagens.
Vi com os meus olhos nas orientações para a abertura do ano lectivo que tudo isto deveria ser tido em conta na distribuição de horas de trabalho individual para cada professor e aplaudi. Não é igual o trabalho de casa que tem que fazer o professor de português ou o professor de educação física. Não é igual o trabalho de casa do professor de português com quatro turmas grandes e dois níveis ao do professor de português com duas turmas do mesmo nível. Mas nada disto foi tido em conta por muitos conselhos executivos e pedagógicos das escolas. Também nunca percebi bem o papel da chamada inspecção. Dir-se-ia que lhe competia verificar do cumprimento destas determinações. Mas nada. E não vi nenhum sindicato a manifestar-se àcerca de nada disto. Há os pequenos lobies, as corporaçõezitas, os nepotismos mais ou menos declarados que lá se vão impondo.!
Claro que a ministra deve estar contente com tudo isto. Com estes ensaios prévios, os professores poderão estatutariamente ficar nas escolas oito horas diárias. Poupará boas lecas nas contratações. E qualidade é só faz de conta.
Veja-se o que vai acontecendo agora em tempo de reuniões intercalares ao final dos dias. É impossível, por desgaste e por falta de tempo, estudar e definir as medidas que em cada turma poderiam conduzir a melhores resultados escolares. E o cansaço e a sensação de faz de conta dominam. Não só nos professores velhos mas também nos jovens.
E, em algumas escolas, esta construção de horários que permite o castigo de alguns professores, talvez da maioria dos professores, resultou em horários de permanência na escola muito extensos para os alunos (quase diariamente das 8h.15m até às 17h 20m) com tempos de desocupação pelo meio que têm levado pais a reclamar. Pais normais não gostam que os filhos estejam na escola tantas horas. Que fazer? Chamar os pais reclamantes e usar de modos de intimidação para que a contestação se abafe. Ficará tudo bem resolvido e a senhora ministra satisfeita. Ora pois!
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