Mentira de Estado - demonstra o Paulo Guinote
Ontem dei conta da aparente desorientação que tomou conta da imprensa em relação aos números que a propaganda governamental fez sair em torno da avaliação dos desempenho dos funcionários públicos.
Achei aquilo tudo muito estranho, porque nada parecia bater certo com nada. Durante a noite chegou-me uma cópia do material enviado pelo gabinete do secretário de Estado da Administração Interna com os dados relativos a essa avaliação. Julgo que corresponde aos dados que caíram na redacção dos jornais.
E então tudo encaixou.
Observemos o quadro para perceber como a avaliação dos docentes é central em todo este processo e como está a ser manipulada para efeitos de construção estatística de uma realidade virtual para efeitos de propaganda eleitoral.
Repare-se como para o total de funcionários avaliados, o Ministério da Educação contribui com mais de 50% do valor apresentado.
O problema é mesmo esse.
Como é possível que em 2008 se considere que foram avaliados mais de 160.000 funcionários do ME e não foram apenas 25.000, quando sabemos perfeitamente que cerca de 130.000 professores não foram objecto de qualquer avaliação?
A verdade é que sem esse valor, o número total de funcionários avaliados desceria para pouco mais de 150.000, pois também há muitos funcionários da estrutura administrativa do ME que não foram objecto de qualquer avaliação.
O que significa algo muito simples: os dados apresentados são falsos.
Falsos
Falsos
Falsos.
Entendem?
O que está neste quadro é completamente falso.
E ando por aqui em bolandas em busca do link que me mandaram ontem para um post no qual se demonstra a falsidade dos dados apresentados para o próprio Ministério das Finanças, devido à não avaliação em 2008 dos funcionários da DGCI. Só me lembro que, com base nos indicadores apresentados naquela tabela, equivalendo o número de funcionários da DGCI ao 1,2% que se declara não ter sido avaliados, isso significaria que o Min. Finanças teria mais de um milhão de funcionários. O que se passa é que consideram avaliação individual de funcionários, uma avaliação global dos objectivos de um dado serviço de acordo com os QUAR.
Mas encontrei a ligação para um documento que demonstra que o SIADAP só vai começar a ser aplicado na DGCI este ano. Basta, pois, confirmar o número de funcionários da DGCI e perceber que o universo de funcionários a avaliar apresentado (12.662) é uma completa mistificação.
Quanto aos outros Ministérios não sei, mas os casos das Finanças (alegado melhor desempenho) e o da Educação (alegado pior desempenho) são basdeados em dados falseados. Completamente manipulados, amputados, acrescidos, o que queiram chamar.
É a elevação da mentira descarada a discurso oficial do Estado.
E seria bom que isso fosse denunciado, após apurado escrutínio.
E a comunicação social tem essa obrigação, antes de ecoar dados de forma acrítica.
E os partidos da oposição, antes de irem a banhos, poderiam fazer o seu trabalhinho de casa.
Não pode ser apenas a malta dos blogues porque, acreditem, também temos outras coisas para fazer e pouco a ganhar.
Nota: Furtei o texto ao Paulo Guinote da Educação do meu Umbigo. Trabalho de casa esclarecedor.
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