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M. Eugénia Prata Pinheiro

quarta-feira, março 26, 2008

Que escola?

Uma escola que se impõe pela força, uma escola autoritária hoje não resiste, desmorona-se em tempo de internet e telemóveis/câmaras. E se é esta a escola que se quer, quer-se uma ruína. Pode fechar-se já que causará menos transtorno.

Se queremos escola, há que aprender a torná-la espaço amplo de comunicação que permita aos jovens aprender a liberdade e a responsabilidade neste tempo de tão rápida mudança no mundo à volta. Não vale chamar a polícia, apelar ao Procurador, esperar resultados de um qualquer tribunal. E não vale esperar que os pais resolvam problemas com os quais também lidam com dificuldade.

Vale esperar dos professores a capacidade de reflexão e alteração de métodos e processos? Capacidade que não se desenvolverá com o preenchimento individual de grelhas. Capacidade que não se desenvolverá se o professor estiver sobreocupado com tarefas burocráticas sem tempo para organizar, também em interação com os pares, o seu trabalho com os alunos e a comunicação com os pais. Capacidade que não se desenvolverá se não quisermos reconhecer a alteração de circunstâncias. Um professor que há mais de dez anos está fora da escola, ao voltar, não pode ser colocado diante de uma turma. Está fora daquela realidade, não tem capacidade de resposta aos problemas. Tem de lhe ser dado tempo de adaptação. Capacidade que não se desenvolve com os caprichos da tutela que, viciando o sentido da tarefa, provocam natural desnorte.

Nenhum aluno dos tempos que correm pode ser tratado como objecto passivo. Nenhuma cassete tem hoje possibilidade de uso. E nenhuma turma pode ser constituída como um cada vez maior rebanho. Adolescentes telemobilizados, internéticos, assediados pelo espetáculo, espetáculo do frívolo, da violência gratuita, das cidades que não são para velhos e que os mais velhos foram construindo, assombrados pelas catástrofes naturais e artificiais, pelas imagens das fomes e das abundâncias desmedidas, não são passíveis de morno pastoreio. E são uma multidão, uma multidão de passados, de experiências mais ou menos desagregadoras, mais ou menos construtoras. Se não for possível de parte a parte interrogar, defender opiniões, desenvolver sentido crítico e capacidade cidadã de intervir, preservar privacidades, estaremos a caminhar para o desastre.

Não vale tornar os professores em meros gestores de conflitos, primos de polícias talvez até fardados, supostos guardadores de supostos rebanhos enormes com espaços e tempos agressivos e esperar que os pais em casa ensinem. Se a escola não for o lugar de aprender, aprender em grupo reduzido, com ligações fortes, com atenção aos indivíduos, respeito por cada um e por todos, podemos desistir já. Escusamos de fazer de conta que há escola e far-se-á poupança radical.













1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

q

7:44 da tarde  

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