Tecnologias mafiosas
No final do ano lectivo fizemos provas "globalizantes" para os nossos quintos anos. Com um aparato cénico que se pretendeu semelhante ao das provas de aferição. O Departamento de Língua Portuguesa funcionou certinho, tudo tratado em tempo devido, excelente colaboração entre os professores do departamento envolvidos. Provas trocadas e correcções executadas em tempo breve.
Oito dias depois de realizadas, estavam corrigidas.
Logo que recebi as provas das minhas turmas, entreguei-as aos alunos, tomaram conhecimento da avaliação obtida e fizemos a correcção. Pedi no final que me devolvessem as provas, informando-os de que iria tirar notas sobretudo do modo como cada um tinha concretizado o trabalho de expressão escrita de modo a, como costumo fazer, comentar progressos e avançar processos de eliminação de falhas. Todas estas indicações seriam úteis quer para a avaliação final de ano quer para o trabalho no próximo ano lectivo.
Numa de "eficácia" decidi enfiar em excel as grelhas manuscritas que as colegas correctoras me tinham entregado, o que me daria um panorama mais claro das percentagens de êxito item a item.
Num dos alunos, a soma registava uma diferença de mais seis pontos. Foi fácil perceber o que se passara. Numa sequência de perguntas cotadas para seis, um deles ficara para trás. Uma falha fácil de acontecer e que nem uma nem duas revisões muitas vezes detectam. A tecnologia é que nisto, em geral, não falha. E era a diferença entre um 45,5 (não satisfaz +) e um 51,5 (satisfaz-). Comuniquei à colega correctora o lapso e imediatamente esta me solicitou que pedisse desculpa ao aluno e corrigisse a nota final. Assim fiz.
E isto bastou para ser acusada por gente do Departamento de Matemática de corrigir a prova já antes corrigida. Acusação secreta que secretamente passou à presidente do CE que secretamente passou à coordenadora de Língua Portuguesa que secretamente reuniu com a coordenadora de Matemática e a demais gente incomodada com a minha falta de profissionalismo. Reunião urgente dos professores de Língua Portuguesa do 2º ciclo a mando da coordenadora, a mando da presidente do CE. Ninguém me falara de nada, ninguém me perguntara coisa nenhuma sobre este assunto. Nem a mim nem a qualquer dos outros professores de português envolvidos no processo. Explicámos, a professora correctora e eu, o que se passara. Os professores de Língua Portuguesa presentes na reunião indignaram-se com tais processos. Lá ficou em acta.
Seguiram-se episódios curiosos que fornecem material para pedagógicas peças teatrais. Um dia as escreverei com sugestões para cenários, marcações de cena, música para contraponto, descrição cuidada de personagens, guarda-roupa...
Absurdos campeonatos estes! A ver se em próximos jogos me deixam ficar no banco que já estou velha para estas surpreendentes pantominas. E quem pensa que com 34 anos de profissão já não vai ter experiências inovadoras, inusitadas, inauditas, inimagináveis, está absolutamente inganado.
Portanto, cuidado com o excel!
P.S. Referi-me a estas ignóbeis exclusões do concurso para titulares no texto Sócrates peripatético de 14 de Abril. E lá fica à vista a perversidade de tudo isto. Um professor com 32 anos de seviço e os últimos 23 no quadro da mesma escola foi agora dela enxotado. É das áreas tecnológicas, tem um curso adequado à função mas que não é equiparado a licenciatura. Parara no 9º escalão e foi impedido de apresentar candidatura a titular. Assim, viu-se agora ultrapassado por um colega muito mais novo, com muito menos anos de serviço, do 8º escalão, que pôde ganhar a titularidade. Ficou sem horário. Restou-lhe emalar a trouxa e zarpar...
Oito dias depois de realizadas, estavam corrigidas.
Logo que recebi as provas das minhas turmas, entreguei-as aos alunos, tomaram conhecimento da avaliação obtida e fizemos a correcção. Pedi no final que me devolvessem as provas, informando-os de que iria tirar notas sobretudo do modo como cada um tinha concretizado o trabalho de expressão escrita de modo a, como costumo fazer, comentar progressos e avançar processos de eliminação de falhas. Todas estas indicações seriam úteis quer para a avaliação final de ano quer para o trabalho no próximo ano lectivo.
Numa de "eficácia" decidi enfiar em excel as grelhas manuscritas que as colegas correctoras me tinham entregado, o que me daria um panorama mais claro das percentagens de êxito item a item.
Num dos alunos, a soma registava uma diferença de mais seis pontos. Foi fácil perceber o que se passara. Numa sequência de perguntas cotadas para seis, um deles ficara para trás. Uma falha fácil de acontecer e que nem uma nem duas revisões muitas vezes detectam. A tecnologia é que nisto, em geral, não falha. E era a diferença entre um 45,5 (não satisfaz +) e um 51,5 (satisfaz-). Comuniquei à colega correctora o lapso e imediatamente esta me solicitou que pedisse desculpa ao aluno e corrigisse a nota final. Assim fiz.
E isto bastou para ser acusada por gente do Departamento de Matemática de corrigir a prova já antes corrigida. Acusação secreta que secretamente passou à presidente do CE que secretamente passou à coordenadora de Língua Portuguesa que secretamente reuniu com a coordenadora de Matemática e a demais gente incomodada com a minha falta de profissionalismo. Reunião urgente dos professores de Língua Portuguesa do 2º ciclo a mando da coordenadora, a mando da presidente do CE. Ninguém me falara de nada, ninguém me perguntara coisa nenhuma sobre este assunto. Nem a mim nem a qualquer dos outros professores de português envolvidos no processo. Explicámos, a professora correctora e eu, o que se passara. Os professores de Língua Portuguesa presentes na reunião indignaram-se com tais processos. Lá ficou em acta.
Seguiram-se episódios curiosos que fornecem material para pedagógicas peças teatrais. Um dia as escreverei com sugestões para cenários, marcações de cena, música para contraponto, descrição cuidada de personagens, guarda-roupa...
Absurdos campeonatos estes! A ver se em próximos jogos me deixam ficar no banco que já estou velha para estas surpreendentes pantominas. E quem pensa que com 34 anos de profissão já não vai ter experiências inovadoras, inusitadas, inauditas, inimagináveis, está absolutamente inganado.
Portanto, cuidado com o excel!
P.S. Referi-me a estas ignóbeis exclusões do concurso para titulares no texto Sócrates peripatético de 14 de Abril. E lá fica à vista a perversidade de tudo isto. Um professor com 32 anos de seviço e os últimos 23 no quadro da mesma escola foi agora dela enxotado. É das áreas tecnológicas, tem um curso adequado à função mas que não é equiparado a licenciatura. Parara no 9º escalão e foi impedido de apresentar candidatura a titular. Assim, viu-se agora ultrapassado por um colega muito mais novo, com muito menos anos de serviço, do 8º escalão, que pôde ganhar a titularidade. Ficou sem horário. Restou-lhe emalar a trouxa e zarpar...
9 Comments:
Tenha vergonha, mentirosa até ao fim, será que só agora se lembrou de publicar esta versão à sua imagem. Tenha vergonha, e aja de acordo com a sua idade. Respeite os cabelos brancos que a idade lhe deu. Comportamento típico de miudas... E pretende ser um exemplo, coitadas dos adultos do amanhã que em crianças lhe passam hoje pela mão
Pois, pois, eu é que minto, eu é que me comporto do modo típico das miúdas mas o comentador fica anónimo e não altera nada, só insulta.
Na verdade a cena é demasiado má para ser verdadeira.
Olhe, não se irrite, faça de conta que é ficção, que eu inventei.
E não pretendo ser exemplo, não. Nem ser exemplar.Era o que me faltava!
Cada vez gosto mais de trabalhar no 1º Ciclo...
Anna, não é um problema de ciclos. Sei de agrupamentos onde são incomodados professores do 1º ciclo e não por não terem êxito no seu trabalho com os alunos. Pelo contrário.
Há interesses instalados, há compadrios, há muitas minhocas nas cabeças.
Vivemos num "sítio mal frequentado" como já alguém escreveu.
Anonimato...quando tentei ver o seu perfil fiquei admirada com a quantidade de informações a seu respeito, pareceu-me que já a/o conhecia de algum lado...
Pois, anónima, se teve a paciência de ler os textos e os comentários, ficou com o meu "perfil" bastante detalhado.Até o nome quase todo por lá anda.
Faltará dizer-lhe, já que de perfil tratamos, que tenho um nariz razoavelmente avantajado, mascarrado por um sinal gorducho na base da narina esquerda.
Agora ficou completo?
Cara Setora
Cá estou eu de novo após umas férias prolongadas. Como vi este comentário assinado com o meu nome "Anónimo".... só lhe quero dizer que alguém está a usar abusivamente do meu pseudónimo, mas como sabe acabo sempre com 007.....
Quanto a estes comentários, parece-me que existe aqui muita dor de cotovelo.... será que são alguns futuros candidatos a professores titulares a tentarem desbravar o caminho. Noto que os seus comentários incomodam muita gente. É bom sinal. Continue !!! Mesmo em ficção....
007
Caro 007
Seja bem aparecido. E depois de férias graaandes espero que esteja cheio de genica.
Até breve
Excel?
Quantos equívocos poderiam ser contados com este mote. Pior que um engano numa folha de cálculo, é uma folha de cálculo errada mas com uma apresentação tão perfeita que deslumbra.
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