Valha-me santo Alzheimer!
Leio e ouço por todos os lados intervenções de indignação relativas ao triste caso da professora de Cacia que recentemente faleceu depois de, padecendo de grave doença oncológica, ter sido obrigada pela junta médica a regressar ao trabalho em esforço penoso. E a indignação está voltada contra uma junta médica incompetente, criminosa, contra o Ministério da Educação avalizador destes actos, contra o Estado que sabe-se lá o que é. Longe de mim pretender defender quer uma quer outros. Que a família seja indemnizada pela perda, pelo sofrimento, pela raiva.
Mas lá que ando perplexa, ando.
Percebo que a professora, exactamente por estar mal, entendesse necessário cumprir aquela determinação, não fosse ver-se castigada e privada de ordenado ou parte dele num momento em que mais precisaria do dinheiro para tratamentos e apoio. E naturalmente que não estaria em condições físicas e psicológicas para aguentar uma batalha legal contra uma tal determinação.
O que não percebo é que os orgãos de gestão da sua escola tivessem dado seguimento à determinação da junta médica, permitindo que a professora retomasse as suas aulas. Julgo que competiria a estes orgãos opor-se a esta sádica decisão. E caberia a todos os professores da escola impedir este final de vida atormentado. Caberia aos funcionários e aos alunos. Caberia aos pais e encarregados de educação.
Andou um mês a tentar dar as aulas, a desmaiar nas aulas. Como foi possível?
Onde estão as PESSOAS?
Perderam todas a capacidade de pensar, de sentir, de actuar, de se relacionar?
Os gestores geriram, os professores professaram, os funcionários funcionaram, os alunos alunaram, os pais/ees trataram das suas vidinhas. Foram todos bons robots.
Todos esmagados por este tempo de medo?
Tristes lições, pobres estudantes!
Planos educativos, projectos curriculares, blá, blá, blá.
Para que serve a escola?
Valha-me santo Alzheimer que para aqui ando perdida, confusa, baralhada, incapaz de entender! Vamos ser titulares de quê?
Mas lá que ando perplexa, ando.
Percebo que a professora, exactamente por estar mal, entendesse necessário cumprir aquela determinação, não fosse ver-se castigada e privada de ordenado ou parte dele num momento em que mais precisaria do dinheiro para tratamentos e apoio. E naturalmente que não estaria em condições físicas e psicológicas para aguentar uma batalha legal contra uma tal determinação.
O que não percebo é que os orgãos de gestão da sua escola tivessem dado seguimento à determinação da junta médica, permitindo que a professora retomasse as suas aulas. Julgo que competiria a estes orgãos opor-se a esta sádica decisão. E caberia a todos os professores da escola impedir este final de vida atormentado. Caberia aos funcionários e aos alunos. Caberia aos pais e encarregados de educação.
Andou um mês a tentar dar as aulas, a desmaiar nas aulas. Como foi possível?
Onde estão as PESSOAS?
Perderam todas a capacidade de pensar, de sentir, de actuar, de se relacionar?
Os gestores geriram, os professores professaram, os funcionários funcionaram, os alunos alunaram, os pais/ees trataram das suas vidinhas. Foram todos bons robots.
Todos esmagados por este tempo de medo?
Tristes lições, pobres estudantes!
Planos educativos, projectos curriculares, blá, blá, blá.
Para que serve a escola?
Valha-me santo Alzheimer que para aqui ando perdida, confusa, baralhada, incapaz de entender! Vamos ser titulares de quê?
7 Comments:
Sobre este assunto foi o que eu pensei, mas não consegui traduzir por palavras.
A escola podia ter dito que a professora estava ao serviço e substituiam-na por outra (solidariedade, essas coisas).
Mas o que se passa agora é que os agrupamentos têm muito medo de ir contra a voz do dono!
Ó saltapocinhas, não era bem nesse tipo de truque que eu estava a pensar.
Ia mais pela mobilização de tudo e todos contra a prática de um crime que estava à vista.
Mas, sei lá, talvez até a tua solução fosse boa. Um modo manso, embora deformador, de levar a água ao moinho.Bem à portuguesa.Sei lá.
Se eu lá estivesse e quisessem ir por aí, apoiaria. Antes isso que nada. Mas sentir-me-ia um pouco descorçoada.
Na minha escola há um caso exactamente igual. A colega apresentou-se em finais de Maio.
O Conselho Executivo reuniu com ela, deu-lhe férias.
Volta para cumprir os 30 dias em Julho, quando os alunos começam a escassear e pode colaborar em funções pedagógicas com os seus pares.
Maria MArtins
Muito bem. Belo Conselho Executivo esse.
E imagino que se algum "funcionário" vier pôr em causa esse verdadeiro acto de gestão, a escola lá estará toda para a sua defesa.
Por aí não deve estar tudo contaminado!
"...Onde estão as PESSOAS?
Perderam todas a capacidade de pensar, de sentir, de actuar, de se relacionar?
Os gestores geriram, os professores professaram, os funcionários funcionaram, os alunos alunaram, os pais/ees trataram das suas vidinhas. Foram todos bons robots."
Palavras para quê???
Está tudo dito... e o medo... e o medo...
Bj ;))
Nem mais. Somos um povo pusilânime.
Pusilânime e passa-culpas.
Passa-se o tempo a procurar os culpados e não se olha o espelhito.
Mas dizendo, dizendo, talvez se vá acordando.
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