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M. Eugénia Prata Pinheiro

quinta-feira, março 27, 2008

Que família?

Há por aí muita tese circulando sobre a educação das crianças.

Tenho para dizer que em Portugal se tratam mal as crianças. E falo das crianças muito pequenas. Andei há uns três anos, no Verão, pelos países nórdicos. Andava toda a gente na rua para aproveitar o sol. Os relvados dos jardins estavam ocupados pelas famílias. Todas as gerações. Não ouvi uma criança chorar, não vi nenhuma a fazer birra. Também não vi nenhum adulto a berrar com elas, a tratá-las de modo agressivo. Vi as bolas, os papagaios, os triciclos e os pais e as mães a interagir nas brincadeiras. Vi proteções nos ouvidos das crianças pequenas quando em espaços ruidosos. Vi partirem para fins de semana alargados no campo, para casas sem energia eléctrica que favoreciam o contacto com a vida natural, distanciada do assédio das tecnologias. E andavam a pé ou de bicicleta. Vi os pais separados a tratarem com grande normalidade e correção o ocupar-se das crianças no tempo de trabalho do outro.

Admito que posso ter visto sobretudo o que me agradava, admito que pode não ser tão idílico.

Contra o que costumo e por razões de saúde passei quinze dias na praia, no Algarve, no Verão passado. Fiquei assustada. Todos os portugueses berravam com as crianças. Todos davam ordens a torto e a direito de modo agressivo. Famílias de tipo variado mas tratamento das crianças idêntico. Senta-te/levanta-te, veste/despe, calça/descalça, come/não comas, bebe/ não bebas, tira/não tires, põe/não ponhas, sai/não saias, fica/não fiques, ... tudo com vozes estridentemente incómodas, sempre desagradáveis. Brincadeiras conjuntas vi poucas e às vezes com ar de grande frete por parte dos progenitores. Curiosamente as famílias estrangeiras que por ali andavam seguiam o padrão nórdico mas não eram tomadas para exemplo.

O pior é que fiquei com a ideia que estas famílias locais entendiam que estavam a educar.
Ouvirão depois por parte dos professores a estafada frase em casa não os educam e retorquirão que sim, que não deixam, que fazem e que acontecem mas que os meninos estão a ficar rebeldes, desobedientes.
Irão para o psicólogo, a conselho da educadora de infância ou da professora do 1ºciclo porque são crianças nervosas, hiperativas... Pudera!


2 Comments:

Blogger Marta said...

Confesso que quando no outro dia li este post, revi-me em algumas coisas. Como mãe e como filha.
Sem me querer desresponsabilizar, não posso deixar de referir que as famílias nordicas têm outras condições de vida que nem eu tenho, nem a minha mãe tinha.
Eu sou mil vezes mais paciente e tolerante com a minha filha quando a vida me corre bem. Até consigo reconhecer o quão insignificantes são, as questões que noutras condições me fazem perder a compostura.

8:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bom, Marta, está a dar conta que são insignificantes as questões que a fazem às vezes perder a compostura.É caminho andado. Vamos ganhando autodomínio e amamos os filhos e queremos que cresçam saudáveis e tranquilos. E é tão bom para a saúde rir. Rir do tapete que foi de férias, da água que vai e vem (aqui tomando algumas medidas de proteção, claro) e aprendendo a viver com o semicúpio.

12:13 da manhã  

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