Concurso de professores: uma estocada na estratégia mansa da Fenprof e da Fne
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A actual intransigência da ministra da Educação para anular os impactos de uma avaliação fantoche na graduação profissional é uma consequência da postura nada firme e irresponsável da Fenprof e da Fne, durante os meses de Dezembro e Janeiro, no quadro das negociações que culminaram no abjecto Acordo de Princípios.
Sempre que, no momento oportuno, se cede injustificadamente, se abdica de princípios e reivindicações nucleares e se procura ser bonzinho (Nogueira não quis pôr o "pé em cima do pescoço do governo", para agora levar, do mesmo e aparentemente à socapa, um murro no estômago), dá-se o flanco da autoridade, da força negocial e da respeitabilidade ao nosso contendor.
Como tal, não podemos iludir o óbvio e deixar de chamar os "bois pelos nomes": por mais que isto seja devastador para a unidade dos professores e para sua mobilização (e que também foram os próprios sindicatos a esvaziar), a Fenprof e a Fne constituem os grandes responsáveis pela situação de injustiça gritante e de ataque à seriedade, que a valorização das classificações para efeitos de concursos, tal como caótica e discricionariamente atribuídas no 1º ciclo de avaliação, representa.
Há aqui dois factos que não podem ser descartados e que devem responsabilizar a Fenprof e a Fne:
- estas estruturas sindicais hipotecaram um capital unitário de luta e, sobretudo, desbarataram uma oportunidade política única de, no Parlamento, terem forçado a suspensão do 1º ciclo de avaliação e a substituição deste modelo de avaliação. Foram estes sindicatos que convenceram os partidos da oposição (há declarações factuais e testemunhos fidedignos que o provam) a entregarem-lhes o protagonismo negocial, o qual traiu as expectativas dos professores e conduziu aos resultados que estão à vista: aceitação do modelo de avaliação, legitimação do 1º ciclo de avaliação e acolhimento do sistema de quotas;
- se Mário Nogueira falou verdade, quando remeteu para uma acta a existência de compromissos com o ministério da Educação tendentes a anular "de uma vez por todas" os efeitos da avaliação nos concursos, deve sentir-se obrigado a divulgar aos professores o conteúdo dessa acta e, desta forma, desmascarar o ministério da Educação como negociador de ma-fé.
Exige-se um mea culpa dos sindicatos perante os professores (comprometendo-se a despirem a penugem de galinhas quando se lida com raposas) e uma explicação cabal dos compromissos estabelecidos com o ME.
Texto do Octávio V Gonçalves
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