Longe do real
Vi na tv dois pequenos videos sobre diligências judiciais feitas na casa de Elvas - ainda o processo Casa Pia.
Mais uma vez confirmei os mundos separados em que se vive em Portugal. Os senhores que procediam ao inquérito aos rapazes têm como adquirido que todos os portugueses maiores de 10 anos entendem, naquele contexto, a pergunta não esteve em nenhuma outra dependência - dependência com o sentido de divisão da casa, outro sítio da casa. Pelo terreno que piso tenho a certeza que uma percentagem elevada de cidadãos não interpreta esta frase. O rapaz a quem estava a ser pedido testemunho não pôde entender a pergunta. Terão acontecido outras dificuldades de comunicação de teor semelhante - um português culto por palavras, expressões e construções chocando com um português rudimentar?
Admira-me também que se pretenda que jovens, muito jovens, sejam capazes de recordar pormenores do local dos crimes, numa situação de enorme tensão como a que viveriam ao ser conduzidos para serem abusados. Será que deviam querer memorizar a cor da parede, o cortinado da janela, o número, a cor, o material dos degraus que foram forçados a subir? A cara do criminoso, a sua estatura, a voz, alguma particularidade física serão memorizáveis para a maioria das vítimas, por isso é possível fazer retratos robot.
Admira-me que se pretenda que sejam capazes de situar com precisão no tempo os acontecimentos. Que referentes podem ter? Aconteceu ontem? Não, passaram meses, anos - como será possível dizer foi no dia 25 de Março, às 6 da tarde. Eu não consigo situar com precisão no tempo acontecimentos importantes da minha vida, quer bons, quer maus. Já vi, mesmo em situações de julgamento em tribunal, as pessoas não serem capazes de dizer onde tinham estado uma hora antes de terem sofrido um acidente. Estavam a dizer a verdade e não tinham nada a esconder.
Não consegui resistir à tentação de ir ver o site do senhor Carlos Cruz. Cabe na cabeça do homem que toda a gente é capaz de fazer uma planta de uma casa. A maioria dos adultos que conheço, alguns até licenciados, são incapazes de o fazer. Muitos fariam desenhos semelhantes aos que os rapazes fizeram e ali são apresentados.
Mais uma vez confirmei os mundos separados em que se vive em Portugal. Os senhores que procediam ao inquérito aos rapazes têm como adquirido que todos os portugueses maiores de 10 anos entendem, naquele contexto, a pergunta não esteve em nenhuma outra dependência - dependência com o sentido de divisão da casa, outro sítio da casa. Pelo terreno que piso tenho a certeza que uma percentagem elevada de cidadãos não interpreta esta frase. O rapaz a quem estava a ser pedido testemunho não pôde entender a pergunta. Terão acontecido outras dificuldades de comunicação de teor semelhante - um português culto por palavras, expressões e construções chocando com um português rudimentar?
Admira-me também que se pretenda que jovens, muito jovens, sejam capazes de recordar pormenores do local dos crimes, numa situação de enorme tensão como a que viveriam ao ser conduzidos para serem abusados. Será que deviam querer memorizar a cor da parede, o cortinado da janela, o número, a cor, o material dos degraus que foram forçados a subir? A cara do criminoso, a sua estatura, a voz, alguma particularidade física serão memorizáveis para a maioria das vítimas, por isso é possível fazer retratos robot.
Admira-me que se pretenda que sejam capazes de situar com precisão no tempo os acontecimentos. Que referentes podem ter? Aconteceu ontem? Não, passaram meses, anos - como será possível dizer foi no dia 25 de Março, às 6 da tarde. Eu não consigo situar com precisão no tempo acontecimentos importantes da minha vida, quer bons, quer maus. Já vi, mesmo em situações de julgamento em tribunal, as pessoas não serem capazes de dizer onde tinham estado uma hora antes de terem sofrido um acidente. Estavam a dizer a verdade e não tinham nada a esconder.
Não consegui resistir à tentação de ir ver o site do senhor Carlos Cruz. Cabe na cabeça do homem que toda a gente é capaz de fazer uma planta de uma casa. A maioria dos adultos que conheço, alguns até licenciados, são incapazes de o fazer. Muitos fariam desenhos semelhantes aos que os rapazes fizeram e ali são apresentados.
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