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M. Eugénia Prata Pinheiro

segunda-feira, outubro 08, 2007

Chamem a polícia, oh, oh, oh...

Está cada vez mais estranho este meu mundo outro. Um senhor Presidente da República aconselha a que se estimem e respeitem os professores. Um senhor Primeiro Ministro diz que sim, que é amante dos professores, só lhes quer bem (sobretudo aos que lhe façam exames por fax). Vai até visitar a sua escolinha no dia 9, como prova de amor e gratidão. Declara que só não aprecia sindicatos e passa aos actos.

As forças policiais, no dia 8, véspera daquele anunciado teatro, invadem um sindicato de professores da zona centro do país. Vasculham, ameaçam, tentam intimidar, dão ordens. Mais uns que querem ensinar a estar. E não será propriamente o sindicato o visado. Pretende-se chegar aos tão amados professores - que se calem, que se conformem e submetam a todas as medidas desvairadas da tutela e das tutelinhas.

Que se mantenham vivamente congelados, que olhem com alegria e ânimo, sem frívolas sensações de excesso de calor ou frio, as degradadas instalações onde trabalham com os seus alunos, que dedicadamente interpretem quilómetros de legislação absurda, que preencham denodadamente grelhas e mais grelhas estapafúrdias, não só para avaliar os alunos, mas para que eles próprios sejam avaliados por uns espíritos superiores que os impedirão de sair da cepa torta, que dêem com sentido de servir 40 ou 50 horas semanais para a nação, que... que...que façam "boa figura".

A esta hora devem estar a preparar-se bandeirinhas para que professores e estudantes acenem em uníssono e simpaticamente, recebendo nas suas "escolas de origem" tão ilustres personagens, primeiro-ministro, ministros, deputados... É preciso ensinar as pessoas a figurar convenientemente nestas encenações.

Eu sugeria flores de plástico. Vi outro dia o povo da Coreia do Norte agitando flores de plástico em rosa e vermelho na recepção aos ilustres da Coreia do Sul. Achei de belo efeito e fiquei a pensar que é melhor uma flor de plástico na mão que uma bastonada no lombo.

Chamem a polícia, oh, oh, oh... chamem a polícia!


4 Comments:

Blogger life with art said...

Boa noite setora.
Sou a Conceição e gosto muito de ler o blogue da setora..
Muito critico e directo..
Hoje até tive o atrevimento de fotocopiar este post, para dar a ler aos que acenam com a cabeça , a todos estes atentados, que cada vez mais vamos assistindo.
Quando vierem ao Porto gostava de os ver.
Um abraço grato,também ao marido.
Abraços do fernando.
Que nunca te doa a mão para escreveres desta forma Eugénia!

9:48 da tarde  
Blogger Setora said...

Obrigada, formiga. Já tinha descoberto que eras a formiga Conceição.
Ando muito ocupada e com pouco tempo para a escrita mas chegarem-me/nos deste modo a mostarda ao nariz obriga a reacção.
Se o que escrevo pode animar a discussão, não é atrevimento nenhum copiares. Está tudo disponível. Não há direitos de autor.
Quando formos ao Porto daremos notícia para encontro.
Um abraço para ti e para o Fernando

11:12 da tarde  
Blogger life with art said...

Vou dando noticias aqui no blog.
O fernando está a criar um «inquietar»...
Ando triste. Hoje para além de pôr no placar «Comum» na minha escola, a referência ao dia da alimentação, pus também uma notícia a «recordar Adriano».
Fui questionada,porque os pais podiam não gostar dde política...Agora não chamo a polícia, mato gente tão ignorante.
E viva op cantor da LIBERDADE.
Beijinho

6:14 da tarde  
Blogger Setora said...

Pois, chamar a polícia não, matar a ignorância compete-nos. Essa dos pais poderem não gostar de política é curiosa. Política significa "as coisas da cidade", as coisas da vida do cidadão.Os pais estão fora disto? Não são cidadãos?
Quem te questiona deve estar com medo de ser "drenada" e está disposta a desfazer-se da sua própria cidadania.
Paciência.

7:20 da tarde  

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