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M. Eugénia Prata Pinheiro

quinta-feira, março 08, 2007

Com tratantes de escola

O Provedor de Justiça devia meter-se nisto, na ilegalidade que grassa nesta contratação de escola.

Atiram para o currículo dos alunos pequenos a Área de Projecto e arrancam com este absurdo concurso sem serem capazes de prever consequências.

As contratações cíclicas terminaram em Dezembro e o decreto regulamentador da contratação de escola que passava então a vigorar apareceu a 15 de Fevereiro. (quantos pontos para a senhora ministra e para o aparelho ministerial por esta produção atempada?)

Nesse mês e meio de salve-se quem puder as secretarias das escolas ficaram a braços com centenas de candidaturas para cada vaga, começaram a sair das cartolas critérios de preferência não enunciados, apareceram as recomendaçõezinhas. As vagas ficavam por ocupar semanas e semanas para que a burocracia se excitasse escalonando candidatos.

Os horários a concurso anunciados no jornal, tinham também listagem na net. E quando terminava o prazo de apresentação de candidaturas, uma outra listagem anunciava a fase de processamento. E, quando finalmente o horário era atribuído, aparecia aí o nome do colocado. Os candidatos, que se esfalfavam a distribuir maços de papel pelas escolas com vagas publicitadas, podiam, pelo menos, ter algum controlo dobre a colocação.

Entrou então em funções uma aplicação informática para uso dos candidatos e das escolas. A net parecia vir pôr simplex no assunto. Inteiramente falso. As listagens anteriores sumiram e agora os candidatos recebem um seco não na pantalha.

Quem foi colocado em cada horário? Ninguém sabe, ninguém diz. As escolas, pelo telefone, não prestam essa informação - e chovem centenas de telefonemas. A DREL (e possivelmente a DREN, a DREC...) chutam para a DGRHE e a DGRHE devolve com perícia, embora no decreto apareça com função de coordenação. Todos recebem milhares de contactos por telefone (terá este esperado frenesim alguma coisa a ver com a desopa da PT?- é um maná!) e dezenas - ou centenas - de contactos pessoais que os candidatos, apesar de desanimados, não desarmam.

E, no meio de tudo isto, avançam os critérios de escola.

Algumas, muito justamente, adoptam a graduação profissional.

Outras entraram em verdadeiro delírio. Já vamos na freguesia, um dia destes chegaremos ao vizinho, àquele que mora mais próximo da escola, que ouve a campainha lá em casa para que possa andar ao seu toque. É o que está mais à mão, vai ao café da rua, é tão simpático, veste-se bem, sabe estar! Prioridade absoluta.

A moda das pontuações domina algumas. Entretêm-se a semear pontos. Já trabalhou um mês no agrupamento - 50 pontos; vive no concelho - 20 pontos; na freguesia - +10 pontos; sabe trabalhar com alunos difíceis - 30 pontos (estes são para todos porque, naturalmente, todos dirão que sabem). E treinam-se as adições. Provavelmente integra-se no plano de fomento do gosto pela matemática, dirigido agora para os funcionários administrativos e conselhos executivos.

Os alunos vão ficando sem as aulas que deviam ter, semana após semana e lá vai o piquete de plantão mantê-los afastados dos pátios.

Com tratantes de escola trava-se com denodo a batalha pela qualidade.

14 Comments:

Blogger saltapocinhas said...

Cá o meu critério seria medir pelo menos 1,90 metros...
Não é só por gostar de gente alta (homens, já agora...)mas porque tenho na minha sala um quadro interactivo e ninguém com menos dessa altura chega ao tecto para endireitar o projector que passa a vida fora do sítio!

10:20 da manhã  
Blogger peciscas said...

Muito bem colega, pela denúncia!

Infelizmente, o Dia da Mulher, é, ainda, quando o Homem quiser.
Mesmo assim, tenho lá uma rosa para ti.

6:33 da tarde  
Blogger Setora said...

Ó saltapocinhas, estás cheia de sorte. Isso é que é avanço tecnológico! Com que então, quadros interactivos! Sim senhora!

Pensando melhor, os da minha escola, pretos ou verdes rançosos, para escrever com o velho giz poeirento, também promovem significativas interacções.

Escreve-se neles com dificuldade pela sua condição sebosa, o que naturalmente impede a leitura escorreita, problema agravado com a iluminação que provoca reflexos impeditivos da descodificação do escrito, a partir de diversos pontos das sala.

E então, "ó setora, o que é que diz ali?",e movimentam-se para encontrar o melhor ponto de luz, caminham até ao quadro para lhe pôr o nariz em cima ou usam de imediata criatividade e inventam o que não conseguem ler.

As deslocações suscitam sub-reptícias rasteiras, promovem quedas aparatosas dos malfadados dossiers A4 que se estendem para as coxias. Podem seguir-se ligeiras batalhas.

Em suma - comunicação, movimento, acção, imaginação, interacção.

Estava com inveja do teu quadro e, depois deste exercício, fiquei a achar que o meu é melhor que o teu.

Até me esqueci do homem de metro e noventa que, na verdade, faz jeito em qualquer escola. Critério admitido!

2:30 da manhã  
Blogger Setora said...

Obrigada, colega peciscas (difícil, este nome).

Rosa é flor boa, mexe com os sentidos!

2:37 da manhã  
Blogger saltapocinhas said...

Mas eu também tenho um quadro preto, de escrever com giz, de que não prescindo (e também tenho problemas com a visibilidade porque o pobre foi desalojado do meio da sala para dar lugar ao outro e está desterrado num cantinho!)

1:59 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Só para dizer que foi com muito agrado que li todos os seus posts. Conte com a solidariedade de mais uma colega de profissão. Como diriam os nossos alunos "estou a alucinar" com os disparates, ilegalidades e perfeitos desmandos desta tutela. Para quando o nosso "grito de Epiranga"?
Parabéns pela lucidez e qualidade do blog.

9:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Acabei de ler uma notícia no "Educare" sobre os concursos para os professores contratados, a realizar agora em Março. O que estranhei é que estes sejam primeiro do que os destacamentos por horário zero e do que os QZP sem afectação.
Será que estes últimos são os primeiros a ir pr'a rua? Contratados e despedidos em cada Julho fica mais barato...
Será mesmo?
Eles "andem" aí...

11:03 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Hoje venho só desejar felicidades ao "recém-nascido" :) Acabo de descobrir este blog pela emn, do Reflectindo.
Adorei os "titulares de quê", e também até fiquei com pena de me ter aposentado quando vi a ideia dos pontos da TMN pois sou capaz de ter muito mais dos que os necessários.
;)

1:14 da manhã  
Blogger Setora said...

Isabel, escusado será dizer-lhe que, de certa forma, a invejo.Livrou-se de todas estas trapalhices. Fui, à pressa ver o seu blog. Voltarei com mais tempo.

Diana, não disponho de dados para avaliar a situação dos horários zero e dos QZP não afectados. Imagino que sejam em muito menor número que os contratados, fáceis de organizar e colocar antes daqueles, mesmo fazendo a candidatura mais tarde. Talvez seja essa a lógica. Vamos ver.

Obrigada pelo apoio.

6:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Devia de vez em quando pensar em tomar um compensan, essa sua azia é de bradar aos céus. Quando falar mal das ESE´s por favor não esqueça que uma, pelo menos uma, descendente sua lá tirou o curso. Se pensa ser titular támbem lhe dou os meus pontos, do clube de tiro claro, eles precisam de alvos frescos. Arranje uma rendinha quiçá um ponto cruz para ver se deixa de se meter na vida alheia. Vejamos se respeita a liberdade de expressão, que tanto defende, e publicita este meu pobre contributo. Os meus cumprimentos e até um dia destes, quiçá por uma qualquer escola deste país...

11:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Setora ?
Que se passa? Tanto tempo sem escrever. Está tudo bem?
Falta inspiração.... ou há muita transpiração?
Inspiração na Escola de hoje , é o que não falta. Talvez seja motivação .... por as coisas estarem sempre na mesma.....
Transpiração, nesta altura de notas e reuniões.....
Boas amêndoas
007

8:33 da manhã  
Blogger Setora said...

Deparei hoje, sábado, com estes dois últimos comentários.
Um/a colega que está de olho em mim e ele/a sim, completamente descompensado/a.
A despropósito do texto que comenta, está fixado/a nas ESEs e não consegue perceber que nas ESEs, como em todo o lado, há gente boa, medíocre e má. É como nas caixas dos comentários - é gente boa, a maioria dos meus comentadores, mas como vê também há dos que não prestam que naturalmente cá têm também lugar, mais não fosse para confirmar essa verdade - há de tudo em todo o lado. E a minha filha conheceu na ESE que frequentou professores bons, maus e suficientes. Não é acrítica nem se pendura na barra da saia de ninguém. Julgo que mesmo na minha nunca se pendurou.
O/a colega, que suponho ter adoptado este novo pseudónimo em detrimento do Brutus que tão bem lhe assentava, não sabe discutir de modo franco e leal os problemas que o que escrevo podem suscitar e é pena.
Mas, uma vez que o/a colega já está de mira feita e arma pronta a disparar, nem de propósito aparece o meu anónimo de estimação, percebo agora que não por acaso, o 007.Fez jus ao seu pseudónimo com esta entrada em cena certeira. Belo guião o deste filme.
Pois é, 007, agradeço a sua preocupação. Por enquanto estou viva mas testes para ver, avaliações e relatórios para preparar, tiraram-me o tempo da escrita aqui.
Cá virei para prazer de uns e desprazer de outros.
Não se exceda nas amêndoas.
Um abraço para si, 007.

3:52 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Que mau feitio.
Pena é que quando diz "há gente boa, medíocre e má" se esqueça dos comentários que tece relativamente a uma colega que lhe apontou, com ou sem razão um erro, passo a citar "cachopa", "serigaita" e "ignorante e reles". Abuse nas amêndoas pode ser que lhe adocem a alma.
Cumprimentos
P.S. Não sei quem seja Brutus mas já gosto dele/a!!!

9:22 da tarde  
Blogger Setora said...

Proponho-lhe que ponha também o olho num dicionário. Cachopa e serigaita não são termos insultuosos. Ignorante é apenas constatação de um facto. E quem é ignorante àcerca de uma qualquer matéria pode, se quiser, deixar de o ser.
Quanto ao "reles", que até reconheci que podia ter evitado usar, tem fundamentação. Se quiser mesmo conhecer essa fundamentação, basta que o diga e farei um texto, que tentarei seja didáctico para não gastarmos tempo com inutilidades. E não tem nada a ver com a chamada de atenção para um erro que eu até nem cometera - isso é um fait divers.
Tem a ver com o modo como se respeitam e se trabalha com os alunos.
Quanto à/ao Brutus, pois acho bem que goste, trata-se de clonagem.

6:49 da tarde  

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