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M. Eugénia Prata Pinheiro

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Spin doctors

Aqui há uns anos todos os partidos com assento na Assembleia aprovaram lei definindo que as miseráveis pensões de reforma atribuídas a muitos dos nossos velhos concidadãos deveriam num curto prazo atingir o valor do salário mínimo devendo para isso ter aumentos anuais acima da inflacção.

Suponho que era primeiro-ministro o eng. António Guterres. Ou seria o José Manuel Barroso? Todos, de mão no peito, votavam para pôr termo àquela ignomínia.

Nestes últimos anos os aumentos atribuídos àquelas pensões nem mesmo a inflacção cobrem.

Mas é preciso que ninguém se lembre daquela lei e aqui entra a mestria dos doctors. O aumento este ano é mais uma vez abaixo da inflacção. Ora então monta-se a farsa em torno do pagamento dos retroactivos correspondentes a duas pensões. Vem dizer um secretário de estado, o batedor de serviço, que se vai fazer o enorme favor aos pensionistas de distribuir aqueles irrisórios quantitativos pelos doze meses do ano corrente, uns cêntimos a mais em cada mês. E tenta convencer todos, do alto da sabedoria que a sua juventude lhe confere, da bondade deste exercício contabilístico. Animam-se com isto as forças da oposição. Os partidos fazem sobre o assunto declarações inflamadas. Surgem parangonas nos jornais, intervenções nas televisões, debates muito participados nas rádios. E depois é o ministro que vem anunciar o recuo - pagarão os curtos euros por junto já em Fevereiro. E o primeiro-ministro apregoa, apoiando o recuo, que não tem um governo mesquinho, não quer ficar com o dinheiro de ninguém! Tão bons que são, tão preocupados com os pobres dos pobres! E a oposição, tão boa que é, conseguiu esta enoooooooooooorme vitória.

Enterraram a lei. Vivam os spin doctors.