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M. Eugénia Prata Pinheiro

sábado, janeiro 06, 2007

Pela terra acima.

Renovo os votos de um excelente 2007.

Fiz mesmo montes de rabanadas. Três cacetes dos grandes, mais ou menos noventa rabanadas feitas a preceito e pudins e bolos e...e... para uma grande família que vai dos 91 anos aos 15 meses e se junta. E conversam e brincam e discutem e, sobretudo, riem de si próprios e do à volta.

Andei por aí e ouvi. Numa aldeia que frequento com alguma assiduidade em região serrana o povo estava triste e preocupado. Fecharam a escola do 1º ciclo e os meninos partem agora de camioneta às sete da manhã para a escola básica integrada a uns largos quilómetros de distância. E por lá ficam até ao final da tarde. Durante o dia acabaram-se as risotas e as corridas supervisionadas pelos adultos feitos pais, tios ou avós da criançada toda.

E o pior é que dois dos casais jovens que se tinham fixado na aldeia já se instalaram na cidade mais próxima para que os filhos pequenos não se sujeitem a este regime. E os outros preparam-se para partir.

Encontrei também professores incomodados. Daqueles que estão todos os dias com doze ou treze alunos como ocupantes únicos da escola que ainda não fechou. Não era desta parte que tinham queixas. Incomodava-os era que, para frequentaram as actividades extracurriculares, os alunos fossem deslocados sem quaisquer condições. A autarquia trata de adaptar furgonetas comerciais acrescentando-lhes bancos e lá vai o motorista com a criançada a monte desafiando a sorte. Quando há operações policiais na zona têm então o cuidado de fazer o transporte em duas voltas.

E professora dixit:

Quando era eu que os levava para a natação, iam todos - que eu tratava de arranjar toucas calções e chinelos para os que nada tinham - e tinham princípios básicos de organização nas entradas, permanência e saídas do transporte, no despe, banho e veste... Agora já não vão todos e, os que vão, vão ao deus-dará... E para alguns a única hipótese de tomarem banho com regularidade eram aqueles dias por semana. E as aulas de Educação Musical que os alunos passam a pintar gravuras de um menino a tocar flauta ou coisas que tal como motivação para a disciplina? Que diabo, isto é que é motivação para a música? Eu faria melhor... há ritmos, há descoberta de sons... No Estudo Acompanhado faço mais do mesmo, sou solicitada por todos e tenho que atender a todos, porque não posso ocupar de vez em quando aquele tempo apenas com aqueles dois ou três que estão a precisar desse apoio individual para avançarem... lá vão ficando para trás...

Voltas que a poupança tece. Os meandros da economia são complicados.


2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gosto do "dístico " final. Gosto do sarcasmo, da ironia, da boa disposição e da verdade tão grande destas linhas. Gosto, porque está bem escrito. Não gosto nada, porque é desolador.
Ao que a poupança exige... A economia tem que se lhe diga! Apertemos pois os cordões à bolsa, que a sra ministra andar de Opel é que nem pensar!!! BMW dá mais estatuto...
Feliz Ano Novo.

12:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Estavam bem boas as rabanadas, faltaram os formigos.

4:50 da tarde  

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