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M. Eugénia Prata Pinheiro

terça-feira, março 27, 2007

Nem sei como chamar-lhe...

Ridicularia?

Burocracia?

Delinquência?

Os conselhos de turma distribuem-se por três dias, segunda, terça e quarta. Alguns professores, por acasos da fortuna, tiveram as suas turmas distribuídas por segunda e terça. Alguns directores de turma e respectivos secretários completaram todas as tarefas que lhes competiam excepto uma - a entrega de toda a documentação ao conselho executivo.

Alguns, contentes com a sua eficiência, subiam o escadório próprio de qualquer santuário, ao encontro das divindades, transportando nos braços, em jeito de generosa oferenda, pautas, registos biográficos, fichas de informação aos ees, planos de recuperação, planos de desenvolvimento, acta... tudo devidamente organizado, trancado, terminado. Desciam desanimados com a fúria dos deuses.

Têm que voltar à escola na quarta-feira, na hora agendada (a horinha da missa), para cumprir em fila ordenada essa formalidade. A papelada por lá fica adormecida e mal instalada em cacifos atulhados onde, pelo menos as pautas, com maior dimensão, sofrerão as agruras de um tal destino.

São brincadeiras, exercícios de vão poder. Parecendo memória de Salazar, não é. Os tempos são outros, são de ressabiamento resultante da crise.

Vigias e capatazes, ocupem os vossos postos! Em frente com o autoritarismo coercivo!
(Onde é que eu li isto? Valha-me santo Alzheimer!)

São sítios de violência, as escolas. Também, às vezes, contra os professores. Vazias de alunos, vai de pôr nas cabeças docentes as orelhas de burro.

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não se amofine setora. Agora que o trabalho está a acabar all over the world, as elites funcionais (espécies de...) tentam desesperadamente simulá-lo nos serviços públicos. Stakhanov já morreu, a república do trabalho para que se esforçou também acabou ingloriamente há 18 anos (algum neto dele andará por aí nas obras...), mas aqui, nesta ponta ocidental, há ministros que inventam lojas do cidadão, onde adultos são obrigados a levar certidões dum guichet para outro, repetindo miseravelmente actos que a terceira revolução industrial há muito tornou inúteis, para simular postos de trabalho...
As escolas dantes formavam trabalhadores para concorrer no mercado. Agora que não se vêem empregos para os alunos-futuros-trabalhadores tentam fazer dos professores uma espécie de tabalhadores e, vejam bem, dar-lhes notas a eles, uma vez que os alunos em grande parte já não estão para aí virados.
Ora eu, que pago uma pipa de massa para esta espécie de governo, achava bem era que os professores reivindicassem da ignorante aparelhagem estatal que entregasse às escolas x euros por aluno, como na Suécia, e deixasse aos professores o cuidado de fazer das escolas "lugares de refúgio" onde crianças, raparigas e rapazes, pudessem viver bem e aprender uma vida ainda melhor (o que não será difícil, caramba...)
Que não lhe falte a força para blogar, setora

6:11 da tarde  
Blogger Alda Serras said...

Olá, Setora,
Estes exercícios de prepotência são executados em todo o lado. Já estive numa escola onde, até uma hora após o terminus da reunião, o DT tinha de entregar no CE toda a documentação da reunião: acta, pauta, registos de avaliação, planos de acompanhamento ou de recuperação, relatórios,... E nenhum membro do CT se podia ausentar da escola sem que tudo estivesse verificado e a bolinha verde fosse atribuída à turma. Se o DT não levasse tudo organizado para a reunião, a "reclusão" podia prolongar-se pela noite dentro. Por isso, entregar a papelada passado um dia ou dois, não me parece muito mau.

9:57 da manhã  
Blogger saltapocinhas said...

Eu não entendo como é que no mesmo país os Agrupamentos podem ser administrados de maneiras tão diferentes!
O meu também tem alguns defeitos, mas não o da prepotência!
Fica no rés-do-chão e a porta está sempre aberta!
(sei de um onde os professores são anunciados por uma funcionária e só depois recebem ordem para entrar!!)

4:11 da tarde  
Blogger Setora said...

Caro Outsider, como não estamos na Suécia, e a gestão por cá é estrábica, com os dois olhos virados para dentro e tudo escondido com uns rabitos de fora, não sei se iríamos longe levando à prática a sua proposta. Implicava uma volta enorme que duvido que se queira dar.

Bem, Bell, a nossa papelada diminuiu um pouco graças às maravilhosas "pen". Vão-se encaixando no "pc" e sai acta cheia de relatórios, justificativos, anexos, adendas... mui simplex e os secretários estão a tornar-se muito habilidosos. O resto da tralha é que não há maneira de ir à vida. Aqueles planos de recuperação são de partir o côco a rir...

E, Saltapocinhas, são muitas as estratégias da aranha.

6:29 da tarde  
Blogger armanda said...

Estou a ver que a minha escola é um espectáculo: o conselho executivo está sempre aberto e não complica nada a vida às pessoas. Pelo que vou ouvindo de outros colegas, de outras escolas, no meio desta desgraça toda, tenho ao menos uma escola boa!

11:22 da tarde  
Blogger Setora said...

Pois, prof, basta ir ao seu blog para concluirmos que está numa escola aprazível para todos.

12:27 da manhã  

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