Escola

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M. Eugénia Prata Pinheiro

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Santana Castilho no Público

Tudo se passa entre a luz e a tela. É lá que se manipulam os bonecos, no teatro de sombras. O espectador, sentado passivamente diante da tela, vê as sombras.

Comecemos pelo primeiro acto, a moção de censura. Por definição, é um instrumento parlamentar de derrube do Governo. Mas com os bonecos manipulados por trás e por baixo, como se faz no teatro de sombras, deu belos efeitos: demitiram-se uns de uma coisa que já não é Bloco; vitimizou-se outro de outra coisa que já não é Governo; e comprometeu-se a terceira coisa, a Oposição, que vai manter um Governo paralisado. Eis a realidade do que vai ser chumbado para além da tela. Intestinamente impedido de votar a favor qualquer censura proposta pelo PSD ou CDS, o número do Bloco fez sentido e valeu o risco da apalhaçada pirueta de Louçã: quando chegar a hora de uma moção de censura séria, o Bloco já se pode abster sem que o acusem de ajudar o Governo; marcou terreno antes do PCP e esclareceu que o apoio a Alegre foi tão-só erro de casting e nada de estratégico quanto ao PS. Este acto teve fim moralizante: o Bloco demonstrou que existe para não existir.

O segundo acto do nosso grande teatro de sombras foi à cena no Centro de Congressos da Alfândega, no Porto, sob a epígrafe "Os Colaboracionistas Protestam". Na tela iluminada o título foi diferente: I Encontro Nacional de Dirigentes de Escolas Públicas. As sombras representaram quatro cenas das trevas das escolas: a recorrente avaliação do desempenho dos docentes, o garrote que aperta a preparação do próximo ano lectivo, a dita ou desdita (consoante a perspectiva dos protagonistas) dos agrupamentos escolares e os novos procedimentos reguladores dos contratos públicos. Dos anúncios feitos ao acto, na imprensa, pelo presidente da novel Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, retirei frases fortes, que cito: "... a avaliação de docentes está a contribuir para uma grande instabilidade nas escolas..."; "... pretendemos exigir ao Ministério da Educação que se promova uma discussão séria sobre o processo de avaliação de docentes, que não é justo nem exequível..."; "... poupar em tempo de crise é fundamental, mas em nome dessa poupança não se pode destruir a escola pública..."; "... há uma grande angústia sobre a possibilidade de se perderem entre 25 e 30 por cento dos recursos humanos das escolas no próximo ano lectivo..."; "... queremos fazer uma chamada de atenção ao Ministério da Educação e também à opinião pública sobre os riscos que corre a Educação...".

Nesta representação glosaram-se os temas propostos e exploraram-se as deixas do senhor presidente. Mas, quando, cansado de tantos protestos sem consequências, um boneco saiu de trás da tela e veio à frente propor que se demitissem do elenco das sombras, só três votaram a favor. Os restantes, cerca de 200, ficaram fiéis ao guião do grande teatro das sombras. Não aguentaram a luz. Fim pífio.

O modelo de avaliação do desempenho dos professores é tecnicamente uma nulidade e politicamente um desastre. Introduziu nas escolas tarefas burocráticas e administrativas que representam, estimo, 40% do tempo activo dos docentes. Só o cumprimento da observação de aulas significa o sacrifício de um grande número de horários completos dos professores eventualmente mais qualificados. A sua lógica substituiu o clima cooperativo, que deve nortear o corpo docente de uma escola, por um espírito de competição malsã. A versão actual supõe (despacho n.º 16.034/2010 da ministra da Educação, DR n.º 206, II Série, de 22 de Outubro) quatro dimensões de actuação dos docentes, desdobradas em 11 domínios operacionais. Estes 11 domínios desagregam-se, por sua vez, em 39 indicadores, referidos a cinco níveis, cada um deles com múltiplos descritores, num total, pasme-se, de 72. Nenhuma inteligência sã suporta a permanência de tamanho monstro. Mas vai para três anos que toda uma comunidade docente é manipulada atrás da tela. E o que é duro de assumir é que tamanha tragédia só permanece em cena porque grande número de actores reescreve sadicamente nas escolas os guiões oficiais, numa psicótica fusão entre abusadores e abusados, entre personagens e actores, entre professores e burocratas.

Passemos ao terceiro acto. O relatório Taxas de Retenção Durante a Escolaridade Obrigatória na Europa, recentemente divulgado pela Comissão Europeia, mostra que, em Portugal, cerca de 35 por cento dos alunos reprovaram pelo menos uma vez no ensino básico. Somos os quintos na Europa, no sentido negativo da escala. Logo apareceram os profetas da modernidade a lembrar que a progressão automática é norma na Noruega e que a taxa de retenção na Finlândia nem chega a três por cento. Se saíssem de trás da tela, veriam a realidade.

Na Finlândia, mais de 25 por cento dos alunos do sistema têm apoios complementares e 8,5 por cento são objecto de educação especial. É isso que explica a baixa taxa de retenções. Quanto à Noruega, socorro-me da publicação oficial Facts About Education in Norway, 2010. Na página 11 verifica-se que só 56 por cento dos alunos do secundário completaram o respectivo ciclo de estudos no tempo previsto. Houve 26 por cento de abandonos ou chumbos, 12 por cento que necessitaram de mais tempo e 6 por cento que ainda o tentavam concluir no momento da recolha dos dados.

Quando são confrontados com os factos, julgam que os "pedabobos" mudam de ideias? Não! Mudam os factos através da tela onde projectam as sombras. Professor do ensino superior (s.castilho@netcabo.pt)

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Mais vida...

Uma nova neta chegou.

É bom, muito bom. Que venham mais!

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Contratacão

Uns quantos jovens licenciados são recrutados por uma empresa com instalações janotas na Expo. A promessa é de ganharem 500 euros mês mais umas comissões por qualquer coisa.

Fazem um mês de formacão pelo que lhes pagam 400 euros e iniciam o trabalho.

Vinte e tal dias depois são chamados pelos chefões da coisa. Afinal receberão apenas 300 euros, para receberem 500 terão que trabalhar também aos fins de semana. Os que recusam lembrando o acordado são dispensados.

Reclamam então o pagamento dos vinte e tal dias de trabalho. Qual quê, eh, eh, eh, são considerados reprovados na formação pelo que não têm direito a qualquer pagamento. Está já uma nova fornada de "formados" pronta para pegar no trabalho.

Vigarice estrutural

Sisa de Cavaco foi paga com base na avaliação da casa que nunca existiu

03.02.2011 Por José António Cerejo, no Público

"As Finanças de Albufeira avaliaram a propriedade onde Cavaco Silva tem a sua casa de férias no pressuposto de que lá estava uma moradia, quando, afinal, estava lá uma outra com quase o dobro da área." [...]


Se até os senhores das Finanças fazem questão de dar um jeito para favorecer o homem, por que há de o homem recusar? Os senhores das finanças são honestos, o homem é honesto, todos são tão honestos, tão honrados que já nem sei como definir honestidade, honradez. Quando estas palavrinhas aparecem nos textos vejo-me atrapalhada...

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Estudar para escravo...

Furtei aos ladrões de bicicletas.

Deolinda canta "Que parva que eu sou!"

Sou da geração sem remuneração e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar, já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração casinha dos pais, se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração vou queixar-me pra quê? Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração eu já não posso mais que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar, que mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar.

Nota:A pobre da rapariga estudou para escrava, pelo menos escrava do carro. Sem o carro pago não consegue sair da casa dos pais; sem o carro pago não consegue arranjar marido e ter filhos;sonha com estágios...para pagar o carro.Desejo que a pequena consiga sair de debaixo do carro.