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M. Eugénia Prata Pinheiro

quarta-feira, junho 30, 2010

Ainda há jornalistas corajosos - obrigada!

Festa acaba em tiros, portas arrombadas e troca de acusações entre GNR e moradores

Por José António Cerejo

Incidente banal num bairro social do Monte da Caparica origina intervenção policial com feridos de ambos os lados. GNR só reconhece os seus, mas o sangue tinge as casas arrombadas




Reportagem

"Fui acender uma vela e pedir a Deus para acalmar o coração dos polícias. Nunca tinha visto nada assim. Eles abusaram. Sou analfabeta, mas sei o que estou a dizer." A indignação roça a revolta, embora as palavras de Ana Freitas, 50 anos, cozinheira nascida em Cabo Verde, sejam seguras e tranquilas, quase suaves. "Eles desobedeceram de forma expressa às autoridades e o arrombamento das portas foi necessário para acabar com as agressões contra a Guarda." Na síntese do major Henrique Belo, da Guarda Nacional Republicana de Setúbal, só não há indignação, nem revolta, porque a função não lho permite. Mas há veemência e convicção.

No oceano de incompreensão que separa a cozinheira do major vogam versões inconciliáveis de uma noite de sobressalto, tal como sucede, irremediavelmente, entre as partes de qualquer conflito.

Pouco passava das 10 da noite de ontem e Ana descansava na sua casa da Rua da Boa Esperança, mesmo por baixo da Rua das Quintas - onde ainda subsistem vivendas do tempo em que Monte da Caparica era apenas uma aldeia da periferia de Almada e não um aglomerado de bairros sociais. Por malvadez, ou por desesperança, alguém chamou a este de Asilo, Bairro do Asilo, como se ali quisessem asilar, ou mesmo exilar alguém, ou os milhares de pessoas de muitas raças que lá vivem.

"Vi tudo da minha janela. Os miúdos estavam a fazer uma festa de anos em frente ao número sete e de repente eles chegaram. Começaram aos murros e pontapés e alguém atirou um vaso de uma janela. Eles responderam aos tiros e foram-se embora. Quando voltaram parecia que era um batalhão para a guerra. Taparam as ruas, vinham com aquelas luzes verdes para ver atrás das cortinas. Atiraram gases e tiros, entraram no prédio, arrombaram portas, arrastaram as pessoas para a rua, até mulheres e crianças, bateram em toda a gente." Ana conta que depois de a Guarda deixar o número sete, e temendo que a seguir fizesse o mesmo no seu prédio, acendeu uma vela e deitou-se no chão com a filha pequena. "Deixei a porta aberta para eles não partirem tudo. Não vieram cá, mas hoje não consegui ir trabalhar. Pensam que toda a gente que mora nos bairros sociais são traficantes e bandidos. Isso é abuso de poder e racismo."

Na descrição de Henrique Belo, o que se passou foi que os guardas usaram os "meios necessários e legais" para pôr cobro às agressões de que estavam a ser alvo. Um comunicado do Comando-Geral da GNR afirma que ao chegar ao local, "depois de alertada para distúrbios provocados por um grupo que participava numa festa na via pública", a patrulha "foi imediatamente injuriada e, em acto contínuo, agredida". Mais tarde, com a chegada de 32 efectivos do Pelotão de Intervenção Rápida, "alguns membros do grupo refugiaram-se em casas, continuando a arremessar objectos contra os militares". Para "evitar a escalada das agressões", justifica o comando, "foi ordenada a entrada em duas residências". Balanço oficial: 18 detidos; quatro guardas que "receberam tratamento hospitalar" e cinco viaturas da GNR danificadas, além de "várias outras" particulares.

As escadas do prédio, as portas, e os interiores dos dois apartamentos arrombados contam, porém, outras histórias. E não é preciso ouvir as mulheres chorosas, nem as raparigas indignadas e a mostrar hematomas, nem os adolescentes e jovens adultos que alimentam raivas e revoltas a pretexto de tudo e também de nada. Sete vidros das escadas estão desfeitos pelo impacto das balas (só de borracha, garante a GNR). Os degraus encardidos estão tingidos de sangue abundante. Os corredores do segundo e terceiro andares mostram mais sangue e a casa de banho do segundo tem trapos encharcados de sangue no chão e vestígios de luta. "Foi os ladrões", diz o branquíssimo João, de quatro anos, junto à jovem mãe, que pergunta quem vai pagar a porta. "Fizeram-me estar duas horas algemado e de joelhos lá no quartel", garante o cabo-verdiano Armindo Tavares, 56 anos, inquilino do terceiro andar, empregado do estaleiro da Teixeira Duarte em Coina. Tem o sobrolho aberto e um penso que diz ter sido feito pela Guarda na Trafaria. Um dos seus filhos e vários vizinhos - acusam as mães em frente à porta da rua - ficaram com a cabeça a sangrar das coronhadas. "Fizeram-lhes os curativos no quartel para abafar tudo."

O comunicado da GNR só fala em feridos da Guarda. "Não temos indicação de feridos civis. Não houve civis assistidos no quartel e ninguém nos pediu para ir ao hospital", explica o major Belo. E o sangue nos corredores e na casa de banho? "Até pode ser dos nossos homens", responde.

"Fiquei revoltada. Chorei muito. Estou triste desde ontem." Estas foram as primeiras palavras de Ana Freitas quando se dirigiu, por sua iniciativa, ao repórter do PÚBLICO. Fê-lo noutra rua, sozinha, longe do palco dos incidentes.

terça-feira, junho 29, 2010

Às onze da noite...

...espancam-se pessoas porque estão a fazer uma festa de anos. Grandes autoridades!

segunda-feira, junho 28, 2010

Maria de Lurdes Rodrigues na versão "tesourinho deprimente"

Não tive paciência para ler a entrevista que a senhora deu ao Expresso. Transcrevo o comentário do Octávio Gonçalves.


Lê-se, a custo, a entrevista de Maria de Lurdes Rodrigues ao Expresso e fica-se com a certeza que não havia necessidade de desenterrar e abrir este baú de horrores, pela circunstância de que não existe ali nenhuma ideia pedagógica que valha a pena, além de a mesma exprimir a insistência num conjunto de obstinações organizacionais que a escola pública rejeitou como elementos estranhos e excrescentes.
No essencial, estamos perante uma prestação furtiva, intelectualmente desonesta, pedagogicamente estéril e incapaz de qualquer auto-crítica.
Todavia, reconheço que, no meio do travo a bafio que exala da entrevista, transparece alguma capacidade de detecção de certos problemas, mas que Maria de Lurdes Rodrigues desbaratou, enquanto ministra, hipotecando-a a um sentimento primário anti-professores e a meros princípios de gestão inabilmente interpretados e incompetentemente aplicados.
Algumas das respostas de Maria de Lurdes Rodrigues são furtivas, uma vez que em relação às medidas absolutamente falhadas, porque insensatas, como a criação artificial dos "titulares" ou a introdução de "provas de recuperação", a ex-ministra foge a sete pés da análise e da assunção dos erros crassos que as mesmas consubstanciaram.
É, ainda, furtiva no modo como não é capaz de fundamentar o que afirma, como acontece com a defesa das colocações locais de professores (em que, num país como Portugal, as cunhas, o lambe-botismo partidário ou os "conhecimentos" se sobreporiam à competência profissional) na base de uma mentira orgânica, ou seja, a ideia de que o sistema de colocação nacional de professores é gigantesco e ingovernável. Ora, acontece que este é um dos domínios que melhor tem funcionado no ministério da Educação e melhor tem assegurado, no país, a igualdade de oportunidades e o reconhecimento do mérito académico e profissional, contra o que seriam as escolhas deixadas ao arbítrio das impressões subjectivas de um Director.
De igual modo, a entrevista está atravessada por referências que denotam uma clara desonestidade intelectual, como quando persiste na confusão falaciosa entre rejeição do seu modelo de avaliação e não aceitação de qualquer avaliação ou na forma como simula não ter compreendido a dinâmica (e já agora as razões) da contestação dos professores, passando por cima da reacção e do levantamento em massa dos professores nas escolas como sendo redutível a uma acção/contestação sindical (foram os professores que arrastaram os sindicatos para a luta e não o contrário).
E que dizermos da mentira que continua a repetir sempre que atribui aos "titulares" maior experiência e mais competência, quando toda a gente conhece os critérios arbitrários, casuísticos e injustos que presidiram à lotaria dos titulares?
E onde residia (e reside) a seriedade e a consistência de um modelo de avaliação que entrega levianamente a avaliação dos professores a outros professores que o ministério da Educação é incapaz de assegurar como sendo aqueles que dispõem da melhor formação, treino, competência, autoridade e experiência reconhecidas para poderem avaliar os seus pares? Em muitas escolas e em muitos contextos de avaliação tudo se resume à palhaçada de um avaliador a impor as suas concepções pedagógicas e técnicas (erradas, ineficientes ou anacrónicas) a um colega avaliado que o supera em conhecimentos, destrezas e resultados.
Maria de Lurdes Rodrigues não faz uma única demonstração, com resultados consistentes ou com análises adequadas dos processos que ocorrem no terreno, das ideias que defende.
Mas, o mais deprimente é a circunstância de, ao longo de toda a entrevista, não se vislumbrar um pensamento pedagógico, uma linha em defesa da autoridade dos professores, da disciplina e da exigência do ensino, ou, mesmo, um reconhecimento do trabalho e da dedicação dos professores que se reformaram ou anteciparam, penalizados, a sua reforma.
O que melhor define os princípios organizacionais que formatam o pensamento desta burocrata e que substantivam o conteúdo desta entrevista é a constatação de que os mesmos podiam aplicar-se, da mesma forma, ao ministério da Educação como a uma empresa de produção de parafusos ou a uma qualquer cadeia de lojas de fast food, como se o efeito na natureza da relação educativa fosse exactamente o mesmo daquelas produções e serviços.
Métodos participativos, especificidades da relação pedagógica e dinâmicas organizacionais e culturais constituem áreas de aprendizagem em que Maria de Lurdes Rodrigues necessita de investir muito mais, em complemento ao seu aperfeiçoamento do Inglês.
Do livro que Maria de Lurdes Rodrigues agora publica e que designou como "A Escola Pública Pode Fazer a Diferença" uma conclusão é evidente: não foi, certamente, com a inabilidade política e com a incompetência técnica, características do seu mandato como ministra da Educação, que a Escola Pública fez a diferença, bem ao contrário, pois a mesma saiu mais enfraquecida, degradada e conflitual.
Afirmar que o balanço do seu mandato foi "positivo" e que "as medidas do programa do Governo foram todas concretizadas", constitui o melhor exercício para aferir a concepção que esta senhora tem do que é uma avaliação séria e adequada.

A título de mera nota de rodapé, direi que os professores a quem Maria de Lurdes Rodrigues dedica o seu livro testamentário só podem ser aqueles 13 que integraram aquela espécie de brigada contra-revolucionária.

domingo, junho 27, 2010

A saúde mental dos portugueses - Pedro Afonso no Público de 21/06


Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante estes rostos que me visitam diariamente. Médico psiquiatra

Sobre Saramago - VPV no Público

O prémio Nobel não garante a importância literária de ninguém. Basta ver a longa lista de mediocridades que o receberam. Pior ainda, o prémio Nobel é atribuído muitas vezes por razões de nacionalidade ou pura política, sem relação alguma com a obra, que num determinado ano a Academia Sueca resolveu escolher. Que Saramago fosse o único escritor de língua portuguesa a receber essa mais do que duvidosa distinção não o acrescenta em nada, nem acrescenta em nada a língua portuguesa. Só a patriotice indígena (de resto, interessada) a pode levar a sério e protestar agora indignadamente porque o Presidente da República se recusou a ir ao enterro do homem. Por mais que se diga, e até que se berre, Saramago não era uma glória nacional indiscutida e universalmente venerada.

Pelo contrário, desde sempre que viveu do escândalo e da polémica. Devoto do Partido Comunista e ateu militante, não lhe custou muito. E Sousa Lara, com ignorância contumaz da nossa direita, acabou por lhe dar uma grande ajuda. O Evangelho segundo Jesus Cristo, qualquer que seja o seu mérito literário (e, para mim, é pouco), não passa de um repositório de lugares-comuns sobre o Cristianismo (alguns dos quais do século III), que não revela sombra de pensamento original e só pode perturbar um analfabeto. Para defender a sua fé, ao que parece acrisolada, Sousa Lara teria feito melhor em proibir A Relíquia e O Mandarim, dois livros de facto subversivos, que justamente não incomodaram a burguesia de uma época em que o Catolicismo era a religião de Estado.

De qualquer maneira, a fama de incréu beneficiou Saramago. Como também a fama de comunista, adquirida no DN em artigos que suavam ódio e, dia a dia, pediam violência e, mais tarde, num ou noutro romance em que mitificou o povo à boa maneira neo-realista. Mas nem essa fidelidade à esquerda e ao PC merece muita consideração. Ele, que denunciava tão depressa tanta gente, nunca condenou a sério os crimes sem nome (e sem número) do "socialismo real" e, no fim da vida, gostava de se apresentar como um campeão dos direitos do homem, um exercício para que obviamente lhe faltava toda a autoridade. Apesar disso, o Estado democrático, manifestamente impressionado com o Nobel, não o tratou mal. Instalada na Casa dos Bicos, mesmo no centro da Lisboa antiga, a Fundação Saramago é homenagem bastante.

sábado, junho 26, 2010

Nuno Crato disse em Coimbra...

que as ideias loucas do ME deixaram a educação insustentável.

Aquartelamento de crianças

Furtei ao Paulo Guinote.

Concentração de escolas torna crianças vulneráveis

Pedopsiquiatra do Centro Hospitalar acusa o aumento de casos de crianças em acompanhamento provocado por factores relacionados com a deslocação para escolas com maior número de alunos, de diferentes idades

A concentração de escolas e a transferência de crianças de estabelecimentos de ensino localizados em meios rurais para o meio urbano, onde a escola é frequentada por alunos de várias idades, está a provocar um aumento no número de casos em acompanhamento de pedopsiquiatria. A constatação foi feita por Elisa Vieira, a única profissional pedopsiquiatra do Centro Hospitalar do Nordeste que, desde há 15 anos, faz o acompanhamento das crianças do distrito de Bragança e até de alguns concelhos limítrofes do distrito de Vila Real, durante uma conferência sobre a temática, promovida pelo Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros. A profissional considera que o fenómeno da concentração de alunos está a fazer com que muitas crianças fiquem desprotegidas ao estarem longe da família, tornando-se mais vulneráveis pela perda de “factores protectores”. “Uma criança que venha de uma aldeia recôndita tem de sair de casa de madrugada para chegar à escola onde há imensos alunos de diferentes idades. Essa criança não fica bem”, apontou Elisa Vieira. Embora seja justificado que as crianças não se encontram no recinto escolar, porque os intervalos não são coincidentes, a profissional questiona se tal não acontece durante a hora da refeição. Outra das situações que preocupa a pedopsiquiatra e que foi constatado por ela própria é o caso das crianças que chegam à escola e têm de aguardar na rua pela abertura do estabelecimento. “Eu própria constatei que muitos alunos chegavam e ficavam ali isolados à espera que a porta abrisse. São crianças que estão vulneráveis”, contou. Tudo isto tem resultado num aumento do número de casos de crianças que chegam à unidade de Pedopsiquiatria com alterações de comportamento, inibições intelectuais, dificuldades de aprendizagem, e medos. Elisa Vieira considera que seria mais positivo que as crianças permanecessem nas escolas primárias da localidade, mesmo nos casos em que há menos de 21 alunos: “é sempre suficiente porque existe uma professora, existe uma auxiliar de educação e outros profissionais que podem ajudar a criança a superar as suas dificuldades, mesmo as afectivas, porque nas aldeias há sempre a família alargada e o afastamento da família é superado”. A opinião é partilhada por vários pais e professores que se têm manifestado contra a fusão de escolas e que veêm com muita preocupação o convívio entre crianças com tanta diferença de idade.

Carla A. Gonçalves

quinta-feira, junho 24, 2010

Os números dos asteriscos ("mérito") - do blogue pé-ante-pé

Analisando as listas provisórias de ordenação e exclusão de Contratação e Destacamento por Condições Específicas (DCE) verifica-se que muitos docentes têm associado ao nome um asterisco.


Utilizado a classificação profissional, dias antes e após a profissionalização, e aplicando a respectiva fórmula verifica-se que existe a diferença de 1 ou 2 valores que correspondem à obtenção destes docentes de muito bom ou excelente na última avaliação de desempenho.

Fica aqui uma análise, por grupo de recrutamento, quantos docentes obtiveram essa distinção de “mérito” (não foi feita a análise do número de “muitos bons” e “excelentes” separadamente).




quarta-feira, junho 23, 2010

Bibó Porto

Mais um ano de S. João imaginado - malvadas reuniões!

Proposta de revisão curricular do Conselho de Escolas

Aqui fica a ligação para a proposta.

Três horas para português. Os mesmos 180 minutos. Dantes eram 250 minutos.

Quando o tal Concelho poder, era bom que analisa-se este problema!

Listas "ordenadas" do famigerado concurso

Contratação

Destacamento por condições específicas

Estatuto da Carreira Docente

Foi publicado hoje o Decreto-Lei nº 75/2010

sexta-feira, junho 18, 2010

Final de aulas

Foi boa a festa, pá!

quarta-feira, junho 16, 2010

Produtividades...

Transcrevo um comentário que apanhei por aí:

Hoje, a "selecção de todos nós" dá o "primeiro pontapé no esférico" e nos jornais do dia há duas notícias relacionadas: Uma diz que durante os jogos de Portugal há uma quebra de produtividade de vinte e tal euros por trabalhador. Vamos mesmo descer de divisão. A outra dá conta de que mais de trinta jactos privados descolam hoje de Portugal com destino à África do Sul. A bordo, vão os campeões deste mundo cão.

Actas negociais confirmam o embuste da representação dos professores

Furtei do Octávio Gonçalves:

Vários meses após a consumação do vergonhoso (sublinho-o, agora, com razões acrescidas) Acordo de Princípios, eis que a Fenprof disponibiliza AQUI as actas das várias rondas negociais.

Mesmo que me confine, por agora, a uma leitura diagonal das mesmas, no intervalo do jogo de futebol entre Portugal e a Costa do Marfim, permito-me, desde já, destacar três conclusões cruciais, que desenvolverei posteriormente de forma mais documentada:

- as actas revelam uma aceitação tácita, por parte da Fenprof, do modelo de avaliação do desempenho que os professores rejeitaram nas escolas e nas ruas. Apenas se abordaram questões de pormenor a este respeito, sem que em algum momento tenham assumido a centralidade de exigências, contrariando e desrespeitando aquilo que constituiu o leitmotiv da luta dos professores;

- as actas deixam bem claro que a Fenprof abandonou, nas negociações, a tese da "farsa" do 1º ciclo de avaliação, agitada até Novembro de 2009, o que se traduziu na vergonhosa e "traiçoeira" (porque a Fenprof também incentivou os professores a não entregarem os objectivos individuais) aceitação das classificações que de forma arbitrária, oportunista e relativista (com variações inacreditáveis de escola para escola) foram atribuídas aos professores, no âmbito desse atribulado e nada sério 1º ciclo de avaliação;

- as actas não registam nenhum compromisso, por parte do ministério da Educação, de anulação das classificações do 1º ciclo de avaliação para efeito de concursos, o que contradiz as declarações públicas de Mário Nogueira. As actas apenas referenciam a introdução do tema, sob a forma de apelo da Fenprof para discussão futura, mas sem qualquer feedback ou reacção por parte do ministério da Educação.

Voltarei a estas temáticas, porque o que as actas negociais evidenciam é demasiado grave em termos do que é ou deve ser a representatividade sindical das reivindicações dos professores.

segunda-feira, junho 14, 2010

Nuno Crato no "Público"

Temo-lo dito inúmeras vezes: seria bom que o Ministério da Educação promovesse uma avaliação honesta, rigorosa e consistente dos alunos e que desse liberdade aos professores e às escolas para orientarem, responsável e livremente, os processos de ensino. Aparentemente, ninguém o contesta, mas na prática passa-se exactamente o contrário. O Estado controla ao pormenor o ensino público e privado, contrata e coloca centralmente os professores, preocupa-se em normalizar as durações das aulas e dá orientações de pormenor sobre os métodos de ensino. Mas pouco avalia. E, quando avalia, avalia mal.

Um exemplo do controlo centralizado seguido pelo Ministério é a forma como estão a ser postos em prática os novos programas de matemática do Ensino Básico. Começou por ser encomendado um simples “reajustamento” dos programas. Mas a equipa que fez esse “reajustamento” passou pouco depois a falar em “novos programas”. E agora, que a anterior ministra homologou as alterações — no meio de críticas gerais, nomeadamente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) —, a equipa ou parte dela está a coordenar uma “formação” centralizada sobre esses programas. Por todo o país são destacados professores que irão formar outros professores. Há reuniões regulares, pedem-se relatórios de implementação e questionam-se os que não convencem devidamente os seus colegas.

Imaginar-se-ia que se estaria a explicar por que se insiste mais na Geometria e como se pode introduzir o raciocínio dedutivo. Mas não. Montou-se uma gigantesca operação de conversão dos professores a uma crença pedagógica. O que parece ser central é saber se os formadores dos diversos pontos do país conseguem ou não convencer os seus colegas a adoptar uma antiquada ideologia, que é apresentada como se fosse nova. A preocupação é saber se os professores adoptam ou não a crença de que a máquina de calcular deve ser colocada nas mãos de crianças que ainda não sabem a tabuada, de que a matemática deve ser toda ensinada com base em actividades dispersas, de que dessas actividades surgirá interesse pela matéria e de que é, sobretudo, a partir de “actividades de exploração e de investigação” e de “problemas não rotineiros” que os alunos “constroem o seu conhecimento”.

O problema, claro, é que estes exageros são altamente nocivos. Os bons professores sabem há muito que esta crença pedagógica não funciona. Mas os mais novos ficam confusos. Outros fingem acreditar. A realidade é que toda a investigação da psicologia cognitiva moderna tem vindo a revelar o contrário: a aprendizagem deve ser bem estruturada, o ensino directo tem um papel importante e a escola torna-se muito ineficiente se usar predominantemente actividades dispersas, passando a ser difícil, se não impossível, aprender matemática. Os mais prejudicados, como sempre, serão os alunos com mais problemas e sem recursos alternativos. Todos vêm isso, menos os que estão fora das salas de aula e perderam contacto com a realidade.

A juntar a tudo isto, recomenda-se uma nova notação para a geometria (felizmente, é apenas uma recomendação!). Mas as alterações de notação e de terminologia apenas devem ser feitas quando isso é indispensável, e devem ser coordenadas de forma a evitar incongruências de ano para ano e de escola para escola. Não é o caso. A dita “nova notação” é tudo menos consensual — e é infantilizadora. Por isso, legitimamente, muitos manuais decidiram não a adoptar. E muitos professores decidiram manter a notação consagrada pela prática. A larga maioria está em desacordo com a mudança.

A propagação desta ideologia pedagógica é o resultado de um revoltante abuso de poder. Usurpou-se uma tarefa de reajustamento de conteúdos curriculares, logrou-se uma indiferença do Ministério e aproveitou-se a ocasião para tentar uma propagação autoritária de uma crença ideológica sectária. Além dos problemas éticos, é duvidoso que não haja em tudo isto uma flagrante ilegalidade.

O problema seria ultrapassável, embora a prazo e com prejuízo de gerações de estudantes, se o Ministério fizesse o que devia, que é promover a avaliação dos alunos de forma rigorosa, independente e consistente. Se isso fosse feito, rapidamente se veria que estes exageros da antiquada pedagogia romântica conduzem ao desastre.

Mas a avaliação foi transformada numa caricatura. Não há exames externos até ao 9.º ano de escolaridade e, mesmo nesse, a nota de exame representa apenas 30% na classificação final. Antes disso, há umas provas ditas de “aferição” que não têm peso nas notas, com excepções das raras escolas em que os professores assim o decidem. Mais grave ainda: essas provas, que antigamente eram feitas por amostragem e de quase nada serviam — sendo apenas usadas por alguns responsáveis para tentar “mostrar” que não vale a pena aprender a fazer contas —, foram transformadas em provas gerais sem serem devidamente adaptadas. Antigamente, poderiam ser normalizadas (“norm-based”), tendo perguntas muito elementares para aferirem o real estado do ensino. Mas, quando foram generalizadas e publicitadas, tornando-se inevitavelmente em provas de referência, deveriam ter alinhado o seu nível de dificuldade com os programas, os manuais e as práticas (“criterion-based”), para poderem solidificar, confirmar, ou mesmo elevar os níveis de exigência da escola. Isso não aconteceu, de forma que se tornaram num instrumento de desmoralização pedagógica, perguntando a alunos de 6.º ano de escolaridade quanto é cinco mais dois ou quanto é oito a dividir por quatro, com recurso à máquina de calcular.

No meio de tudo isto, torna-se praticamente impossível avaliar os resultados das práticas lectivas. Como tudo seria diferente se, em vez de controlar processos, o Ministério promovesse a avaliação de resultados! Como tudo seria mais justo se os professores pudessem ajustar com liberdade os métodos que melhor funcionam e se, ao fim dos anos, fosse visto, pelos resultados dos alunos, quais são as melhores maneiras de progredir! Mas não: em Portugal controla-se muito, mas avalia-se mal.

(Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática)


Nota minha: Não seria fácil, antes de tudo o mais, dar apoio imediato aos alunos do 1º ano que logo nos primeiros meses ficam para trás? A estes alunos que, embora com normais competências, por circunstâncias várias, não agarram a leitura e a escrita e as primeiras dicas para o cálculo? A estes alunos que em pouco tempo ficam a desgostar da escola? Que se vão depois arrastando ano após ano em repetências acumuladas ou passagens por "velhice" e que perturbam o funcionamento de aulas que não conseguem acompanhar? Não seria fácil apoiá-los no momento dos primeiros desaires? Parece-me fácil esta avaliação e fácil o remédio.

Ai, Jesus, que lá vou eu...

Ora, ora. A "culpa" parece que é dos PIGS e lá lhes vão apertando o cerco. Eu que nada percebo de finanças vou-me perguntando: então não foi também graças aos PIGS que os outros países foram crescendo?

Deu-lhes jeito a fase do "ora chega, chega, chega..."; quando a coisa desaba passam à fase do "ora arreda lá p'ra trás..."

De como as canções para a infância podem ser premonitórias!

domingo, junho 13, 2010

A extensão do vazio - vista pela APEDE

É difícil acrescentar algo ao diagnóstico implacável que o Paulo faz neste post. Com a mais recente teimosia do Ministério da Educação em manter a fraudulenta avaliação do desempenho para efeitos de graduação no concurso de professores, foi colocado o prego que faltava no caixão da história recente da luta e da resistência dos professores.

Foi uma história com momentos bonitos.

Foi uma história que marcou uma reviravolta no tocante à monopolização das lutas laborais por parte das organizações tradicionais (sindicatos), graças à emergência de novos actores (blogosfera e movimentos independentes).

Foi uma história que, sabemo-lo dolorosamente, poderia ter ido muito mais longe.

Mas há que reconhecer que ela corresponde a uma página definitivamente virada. Só nos resta ter a força e o engenho para encetarmos a escrita de novas páginas em novos livros. Este está, infelizmente, encerrado.

O que fica no terreno é quase nada, e o que sobra é pouco mais do que mau:

  • Um ECD sem promulgação à vista, que, mesmo depois de promulgado, irá preservar graves estrangulamentos na progressão profissional dos professores, mantendo muitas das assimetrias e desigualdades consagradas no ECD em vigor;
  • Um modelo de avaliação do desempenho aberrante, que ficará a minar para sempre a equidade na graduação dos professores para efeitos de concurso;
  • Um modelo autoritário e antidemocrático de administração escolar, que começa a revelar todos os seus frutos de arbitrariedade, de subserviência, de compadrio e de despotismo;
  • A consagração da precariedade dos professores contratados, reduzidos ao estatuto de carne-para-canhão do sistema de ensino;
  • O total imobilismo no Estatuto do Aluno, anunciando-se «alterações» que vão acentuar ainda mais o pior do modelo vigente;
  • A cristalização dos aspectos mais gravosos nos actuais horários docentes.

Já muito foi dito sobre os factores que nos levaram a todos estes becos sem saída. Importa, contudo, recordar alguns dados elementares:

No momento decisivo da luta, em Novembro de 2008, quando teria sido fundamental manter a coerência no combate ao modelo de avaliação – e coerência teria sido não ceder em aspecto algum que o salvaguardasse -, a opção maioritária foi pactuar com a versão «simplex» do dito modelo, aceitando a entrega da auto-avaliação. Os sindicatos foram os protagonistas essenciais dessa cedência, dando o mote para a divisão dos professores, para a sua tergiversação e para a fantochada terminal em que se traduziu a aplicação do famigerado modelo. Com isso, conseguiram, sem dúvida, retomar o controlo da luta dos professores, esperando uma mudança de ciclo político que lhes permitesse retomar um lugar na mesa de negociações. Mas os principais interessados nada ganharam com isso.

Sabemos agora toda a extensão do preço que os professores pagaram, estão a pagar e vão pagar no futuro por esta estratégia sindical. O braço de ferro em torno da introdução da avaliação para efeitos de concurso, conflito de que agora o Ministério emerge triunfante, é bem a expressão de como os professores saem deste processo com uma mão cheia de nada e a outra de coisa nenhuma. Se acrescentarmos a isto o facto absolutamente vergonhoso de termos visto o principal dirigente da Fenprof jurar a pés juntos que a avaliação nunca iria contar para o concurso de professores, só podemos dizer que à derrota real se veio somar um epílogo grotesco.

Uma última palavra para os fanáticos do sindicalismo-que-temos. Alguns de nós têm sido acusados de não se terem entusiasmado por aí além com as grandes manifestações de 8 de Março e de 8 de Novembro de 2008 (a do 15 de Novembro é outra história). É verdade que foram mobilizações inéditas na história do movimento laboral, por terem trazido para a rua a quase totalidade de um grupo profissional. E é verdade que todos nós vivemos intensamente essas experiências. Mas a intensidade não significa falta de lucidez. Com efeito, entre os movimentos independentes, houve quem tivesse a «desfaçatez» de se preocupar com o dia seguinte a essas manifestações, isto é, de querer determinar o que se poderia fazer, dentro das escolas (nos locais onde a luta dói no osso), com a mobilização realizada nas ruas. É por demais conhecido o que foi o «dia seguinte» do 8 de Março, congeminado por sindicatos e Ministério: chamou-se Memorando de Entendimento. Também é conhecida a resposta, fora do quadro do controlo sindical, que os professores lhe deram no início do ano lectivo seguinte.

Quando ao day after do 8 de Novembro, ele está agora à vista de todos.

Por isso não nos venham falar de «grandiosas manifestações», quando subtis manobras de bastidores as reduzem, tão facilmente, a coreografias telecomandadas, com vista à obtenção de efeitos que nunca se traduzem em ganhos apreciáveis para quem nelas deu o corpo ao manifesto.

Este sindicalismo-que-temos, formatado na era das «concertações sociais», mais próximo do poder que lhes dá beijinhos do que dos trabalhadores que deveria representar, está completamente desadaptado face ao tempo que vivemos, tempo marcado pela destruição acelerada de todos os pilares do Estado-Providência, tempo de novas relações de força que romperam o cenário de qualquer «concertação».

A erosão política dos sindicatos de professores é apenas reflexo dessa inadaptação, a qual ultrapassa em muito o seu raio de acção para se estender ao sindicalismo em geral (e este fenómeno, desgraçadamente, está longe de ser só português).

Teremos, pois, de esperar que o processo social de uma nova luta de classes – não tenhamos medo da expressão – consiga, por arrastamento, refundar os sindicatos-que-temos, transformando-os nos sindicatos-de-que-precisamos.

Até lá, há que cerrar os dentes e permanecer de pé (entre as ruínas?).

quinta-feira, junho 10, 2010

Tem graça! - copiei do P. Guinote

Como fazer estudos sobre a educação em Portugal

Não é uma inconfidência. O Nuno Crato contou a peripécia perante uma audiência de uma centena de pessoas na passada 3ª feira. Resumindo: um dia a Sociedade Portuguesa de Matemática recebeu luz verde da Gulbenkian para um subsídio para fazer um estudo sobre o ensino da Matemática.

Em reunião entre ele, Marçal Grilo e Maria de Lurdes Rodrigues ficou definido o tipo de estudo a fazer, no caso sobre as práticas de ensino da Matemática em sala de aula.

Parecia tudo encaminhado. Em outro dia, antes do arranque do estudo, Nuno Crato foi convocado para uma reunião com o então (salvo erro) director da DGIDC que o inquiriu sobre as conclusões do estudo a fazer.

Como o inquirido se mostrou espantado com a metodologia assumida pelo inquiridor – as conclusões do estudo antecederem a sua realização – este declarou que o ME não ia aceitar estudos com conclusões contrárias aos interesses políticos do momento.

O estudo não foi feito pois até a entrada nas escolas para o realizar foi proibida à SPM.

Isto vem um pouco a propósito de um estudo (impresso em finais de 2009) que comprei hoje na Fnac (da responsabilidade de investigadores desta organização), interessante no título e em muitos dos dados coligidos, mas completamente excêntrico, para não dizer coisa pior, nas conclusões.

Porque os conceitos estão correctamente expostos, a análise dos dados é interessante, mesmo se não , percebe bem a selecção de países que é usada. Só que dos dados se dá um salto quântico para algumas conclusões que não têm qualquer base naqueles ou não resultam de nenhuma informação ou avaliação concreta das medidas que se apoiam. Ou seja, os dois últimos parágrafos do estudo são um panegírico das Novas Oportunidades e do Plano Nacional de Leitura sem que nenhuns dados sobre a sua implementação ou impacto existam nas dezenas de páginas anteriores.

Mas, por regra, são essas as passagens usadas para divulgar na imprensa.

Será que os autores também tiveram uma reunião prévia com o tal director-geral ou alugém equiparado?

terça-feira, junho 08, 2010

Snifando...


Ouvira há dias em notícia apressada, imaginei que ouvira mal e múltiplas ocupações desviaram-me do assunto. Na imprensa de fim de semana lá me apareceu a aberração. Que andarão a snifar pelo ME?

quinta-feira, junho 03, 2010

Governo prepara-se para fechar a "melhor escola" da Guarda

Furtei do blogue do Paulo Guinote:


O ministério da Educação prepara-se para fechar o Agrupamento de Escolas
de Vila Franca das Naves, no distrito da Guarda. A escola, segundo um relatório recente, foi considerada a “melhor escola do distrito da Guarda” e agora, um grupo de peticionários quer levar o caso à Assembleia da República. A petição online já conta com uma centena de assinaturas para salvar a escola do encerramento. A petição quer lutar pelo “direito Constitucional e inalienável à educação de proximidade”.

O governo anunciou esta terça-feira que ia encerrar 900 escolas básicas em todo o país, 500 já em Setembro.

Segundo a petição, a avaliação externa feita recentemente ao agrupamento mostrou uma “melhoria assinalável, no último triénio, dos resultados nos exames nacionais do 9º ano na disciplina de Matemática, superiores aos referentes nacionais nos últimos dois anos”.

O Agrupamento funciona entre as cidades de Trancoso e Pinhel e as sedes dos Agrupamentos “vizinhos” estão a uma distância entre 15 e 25 quilómetros.

Adenda: Petição pública para o não encerramento da escola.

quarta-feira, junho 02, 2010

Indicadores

Furtei do blogue do Ramiro Marques:

Portugal gasta em Educação aquilo que a média dos países da OCDE gasta: 5,1% do PIB.

O número de alunos por professor nos 1º e 2º CEB é de 11,8. A média da OCDE é de 16. Este reduzido número de alunos por professor é ilusório. Há milhares de professores que não dão aulas: viraram burocratas e enchem os gabinetes das DRE .

O número de alunos por professor no 3º CEB é de 7,9. A média da OCDE é de 13,2.

O número de alunos por professor no Secundário é de 8,4. A média da OCDE é de 12,5.

O número de horas de instrução por aluno de 7 e 8 anos de idade é de 855 horas por ano. A média da OCDE é 769 horas por ano.

O número de horas de instrução por aluno dos 12 aos 14 anos é de 880 horas por ano. A média da OCDE é 892 horas por ano.

O número de horas de instrução por aluno de 15 anos é de 821 horas por ano. A média da OCDE é 921 horas por ano.






Mais encerramentos de escolas

Em janeiro de 2007 escrevi neste blogue:

[...]
Andei por aí e ouvi. Numa aldeia que frequento com alguma assiduidade em região serrana o povo estava triste e preocupado. Fecharam a escola do 1º ciclo e os meninos partem agora de camioneta às sete da manhã para a escola básica integrada a uns largos quilómetros de distância. E por lá ficam até ao final da tarde. Durante o dia acabaram-se as risotas e as corridas supervisionadas pelos adultos feitos pais, tios ou avós da criançada toda.

E o pior é que dois dos casais jovens que se tinham fixado na aldeia já se instalaram na cidade mais próxima para que os filhos pequenos não se sujeitem a este regime. E os outros preparam-se para partir. [...]

E se se fechasse o ME? Não seria uma "redução de custos" bem mais saudável?

Que razões levarão os pais a não se oporem a estas tropelias?