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M. Eugénia Prata Pinheiro

sexta-feira, outubro 31, 2008

MANIFESTAÇÃO

15 DE NOVEMBRO

Os professores estarão de forma livre e espontânea, no dia 15, reforçando a luta contra a desastrosa política da educação e contra os três pilares em que assenta: o ECD e tudo o que dele decorre, como a divisão da classe em duas categorias e o actual sistema de avaliação, o modelo de gestão e a degradação da qualidade da escola pública.

Nesse dia, seremos os que formos! Seremos certamente aqueles a quem a História agradecerá uma determinação firme e redobrada, pela sua generosidade numa luta sem tréguas.

Porque acreditamos na LUTA, somos contra os Entendimentos com o ME, que nos prejudicam e amarram, e não queremos voltar a cair no marasmo, pós 8 de Março, apelamos à MOBILIZAÇÃO PARA DIA 15 DE NOVEMBRO!

Mantemos essa data, porque tal é a vontade de muitos colegas! É a nossa vontade! É a vontade dos Professores!

UMA ESCOLA! UM AUTOCARRO! DOIS AUTOCARROS! TRÊS...

DIA 15 DE NOVEMBRO, É PARA ARRASAR!

MOBILIZAR! RESISITIR! LUTAR!

TODOS A LISBOA DIA 15 DE NOVEMBRO! 14 HORAS, MARQUÊS DE POMBAL!

DO MARQUÊS DE POMBAL A SÃO BENTO!


Explique, senhora ministra, explique

Ouvi agora uns respigos da intervenção da senhora ministra não sei onde.
Que quem não quer ser avaliado agora vai ser ultrapassado pelos milhares que querem e forem avaliados, bla, bla,bla.
Onde estão os milhares de professores apoiantes desta avaliação?
O que é que a senhora quer avaliar? A capacidade de submissão ao massacre? Com esta avaliação não avalia a senhora nada que tenha a ver com a qualidade do trabalho que é feito com os alunos.
Já avaliou os avaliadores? Está a brincar com quem?
Já avaliou os gestores do processo? Está a brincar com quem?
Está clara a torpeza de tudo isto para a enorme maioria dos professores.

Explique a todos, professores e público, o que concluiu da avaliação feita aos contratados no final do último ano lectivo. As notações aí distribuídas que fundamentação têm?
Explique, explique a todos. Se conseguir encontrar lisura neste processo, se conseguir provar que os melhores foram distinguidos, poderá ganhar adeptos.
Mas não irá conseguir nunca.

Não reprovam, pronto

Eu até fico contente com tal decisão.
O problema não está em os alunos reprovarem ou não reprovarem.
O ASSUNTO é aprenderem ou não aprenderem.
E não há dúvida que o que me agrada é que todos possam aprender.
Talvez a tal decisão de que todos passem implique que se criem condições para que todos aprendam.
Aí revogariam toda esta cangalhada legislativa que tem acabado com as poucas condições que já havia para que os alunos aprendessem. E a gente, nas escolas, seria capaz de assestar baterias na criação dessas condições. As múltiplas horas de desgaste que vamos passando agora na escola podiam ser usadas a preparar o trabalhinho com os alunos; as múltiplas horas atribuidas a avaliadores e assessores/kapos podiam passar para o crédito de horas para que houvesse professores com tempo para apoiar os alunos em dificuldade; podia ser que decidissem fazer turmas de dimensão acertada, horários em condições para as turmas e para os professores; o dinheiro gasto em resmas e resmas de papel e tinteiros para grelhados (choquinhos com tinta) quase daria para arrasar os insalubres buracos onde se faz de conta que se dão aulas e construir uns pavilhões em condições...
E no mundo novo que aí vem, que não sabemos como vai ser, há de ser forçoso mudar a escola.
É ASSUNTO para pensar. Eu estou nisso.

Ensinar a fingir

Colocaram este texto de Desidério Murcho na caixa de comentários ao texto "trabalho abstrato".
Foi publicado em junho, no Público e vale a pena lembrá-lo.

Ensinar é difícil. Exige virtudes que poucos seres humanos têm: paciência, humildade, curiosidade científica, sensibilidade pedagógica e didáctica, gosto em dar a saber a quem sabe menos, gosto pelo contacto humano com os estudantes. Acresce que não há métodos automáticos que garantam a excelência do ensino, tal como não há métodos automáticos que garantam a excelência da investigação. Exige-se perspicácia, maturidade, inteligência, criatividade, vistas largas.
A excelência do ensino depende exclusivamente dos professores. Algumas medidas do governo central podem potenciar ou estimular a excelência educativa, mas não podem criá-la por decreto. De modo que toda a intervenção do ensino que vise a excelência educativa tem de ser sobretudo um estímulo aos professores para fazer melhor.
E os professores não podem fazer melhor se não estudarem, pois o aspecto central da nossa falta de qualidade educativa é a pura falta de conhecimentos fundamentais que deviam ser solidamente dominados pelos professores.
A mentalidade portuguesa não facilita as coisas. Mal se tenta corrigir um colega, isso é encarado como arrogância, e não como um gesto de partilha. Mal se procura divulgar bibliografias adequadas, isso é encarado como tentativa de imposição ideológica de uns autores em detrimento de outros. Com esta mentalidade, é difícil criar ensino de qualidade.
Ao longo dos anos, e sobretudo ultimamente, o papel do Ministério da Educação tem sido largamente guiado pelo único tipo de coisa que os políticos e os burocratas conhecem: a realidade virtual. Não importa se os estudantes realmente aprendem, desde que se finja que aprendem e desde que não sejam reprovados. Também não interessa se os professores realmente ensinam, desde que preencham grelhas e formulários infinitos, para dar a impressão de que estão a trabalhar.
É que para a mentalidade burocrática e política, segundo a qual a realidade só tem densidade se estiver organizada num formulário, passar duas horas a ler um livro deve ser o cúmulo do desperdício de tempo dos professores. No entanto, para se dar uma revolução no nosso ensino bastaria que os nossos professores estudassem diariamente, durante duas horas, livros cientificamente sólidos sobre a sua área de actuação.
Um bom professor, seja de que matéria for, tem de dominar até à letra H se leccionar até à letra D. Não pode dar-se o caso de andar a leccionar até à letra H dominando apenas as matérias até à letra D. Mas não se deve encarar como escandaloso que um professor não tenha os conhecimentos que devia ter. Afinal, o mundo não é perfeito e as universidades que os formaram também não. O que importa é partir dessa realidade e fazer algo que seja construtivo.
E o que há de construtivo a fazer é, cooperando, criar estruturas que permitam que quem sabe mais e conhece melhor as bibliografias relevantes possa partilhar os seus conhecimentos com os colegas. Enquanto na escola não houver uma atitude de genuína partilha de conhecimentos, o ensino será só a fingir.


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Trabalho abstrato

Deve resultar da formação da senhora. Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa – ISCTE. O trabalho já era e as empresas lá vão indo a pique pelo que as ciências dos ditos estão em agonia. Tentando manter-se à tona, esbracejam. Trabalho, trabalho …e promovem um conjunto de actividades inúteis. Nas escolas, para além do extravagante processo de avaliação de desempenho com enterro à vista, sobra ainda um complicado preenchimento de papelada que deixa todos à beira dum ataque de nervos. Recuso sempre este trabalho abstrato que só atrapalha as minhas tarefas.

É preciso explicar para que fique claro o absurdo da coisa. Eu vou dar uma aula de reforço aos alunos da minha turma para ele indicados. Faço sumário da aula no livro de ponto e aí indico os alunos com que trabalhei. Se não comparecer, a funcionária, que tem a indicação de que eu devia estar a trabalhar naquela sala àquela hora, marcar-me-á falta. Parecia tudo eficazmente controlado. Mas não. Inventaram umas folhas onde, finda a aula, devemos registar de novo o que registamos antes.

E podia continuar a tentar explicar este intricado processo de duplicados, triplicados, quadruplicados para todas as outras atividades.

Este ano inventaram mais uma ficha. Diz que é para registar as actividades não lectivas que já foram sendo registadas por aqui e por ali. Ainda não conheço esta última pessoalíssima fichinha. A própria fichinha deve ter pressentido o destino que lhe caberia se me saltasse para as mãos e teve o bom senso de não me assaltar.

Naturalmente que recuso sempre esta forçada "gaguez". Faço um registo e basta. Chamem a polícia, a ASAE ou os Kapos.

Um colega hoje, irritado, balbuciava – parece que não somos pessoas de bem.

Ora é isso mesmo que somos. Pessoas de bem. Não temos de nos sujeitar a isto. Não é esta a nossa tarefa. Não vamos gastar inutilmente o nosso tempo. Os kapos que se entretenham.

domingo, outubro 26, 2008

Análises para pensar

Furtei esta crónica do fliscorno.

Na verdade, Mário Nogueira arrumou-se a si mesmo. O memorando de entendimento entre sindicatos e ME diz respeito, em termos de medidas concretas, à suspensão da avaliação para a generalidade dos professores em 2007/08, excepto para os contratados. Isto significou:

  1. O ME ficou com uma desculpa para não implementar a avaliação em 2007/08. Uma vez que o acordo foi assinando em Abril de 2008, implementar a avaliação em 2007/08 seria o absoluto caos, daria azo a inúmeros casos que facilmente saltariam para a comunicação social e certamente que o ME teria muito maior pressão para adequação ao real do que agora. Claro que os alunos sairiam prejudicados: onde é que se arranjaria tempo para continuar o processo e educativo e iniciar este processo burocrático? Mas atendendo a que no presente o esforço profissional está a ser colocado mais na burocracia do que na educação, não saem os alunos igualmente prejudicados? Assinar o memorando deu tempo precioso ao ME, sem que este precisasse de recuar.

  2. Como agora se vê, o acordo permite transmitir a ideia de que o conflito estava sanado e que os sindicatos agora estão a quebrar o que se havia acordado.

  3. Permitiu à Fenprof cantar vitória e evocar legitimidade para representar os professores.
Leio esta estratégia de Abril e a de agora (controlar a organização dos protestos dos professores) como mero jogos políticos que nada têm a ver com os problemas educativos. Mas isto sou eu e cada qual que faça a sua interpretação.

Pelas escolas e agrupamentos

Lista actualizada de escolas que formalmente atuaram contra o processo de avaliação:

Agrupamento de Escolas de Alvide (Cascais)
Escola Secundária de Montemor-o-Novo
Escola Secundária D.Manuel Martins (Setúbal)
Escola Secundária do Monte da Caparica
Agrupamento de Escolas de Maceira
Agrupamento de Escolas D. Carlos I
Escola Secundária/3 Raínha Santa Isabel, Extremoz
Agrupamento de Escolas José maria dos Santos, Pinhal Novo
Escola Secundária/3 de Barcelinhos
Escola Secundária Augusto Gomes Matosinhos
Agrupamento de Escolas de Ovar
Escola de Eugénio de Castro (Coimbra)
Escola Secundária D.João II (Setúbal)
Professores de Chaves
Agrupamento de Ourique
Agrupamento de Escolas de Aradas (Aveiro)
Escola Secundária Jaime Magalhães Lima (Aveiro)
Agrupamento de Armação de Pêra
Escola Alice Gouveia (Coimbra)
Escola Secundária da Amadora
Agrupamento Vertical Clara de Resende (Porto)
Escola de Arraiolos
Escola Secundária Dr. Júlio Martins (Chaves)
Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Poiares
Agrupamento de Escolas de Vouzela
Agrupamento de Escolas do Forte da Casa
Escola Secundária Camilo Castelo Branco (Vila Real)
Escola Secundária da Amora
Escola EB 2,3 Dr. Rui Grácio
Agrupamento Vertical de Escolas de Azeitão
Escola Manuel da Fonseca de Santiago do Cacém
Escola Martins de Freitas –Coimbra (pedido de suspensão deste modelo de avaliação)
Processo de avaliação parado na Ferreira Dias (Cacém)
Agrupamento de escolas de Oliveirinha

O Agrupamento Vertical de Escolas D. Manuel de Faria e Sousa – Felgueiras, aprovou, no dia 23 de Outubro de 2008, em Conselho Pedagógico, por unanimidade, a suspensão dos procedimentos relativos à Avaliação de Desempenho do Ministério da Educação.
fonte http://www.movimentoescolapublica
Notícias da EBI de Santa Maria (Beja)
Na sequência de questões relacionadas com a segurança e com o chamado processo de avaliação:
Demitiu-se o Conselho Executivo;
Demitiram-se todos os órgãos de gestão intermédios, nomeadamente coordenadores e sub coordenadores de todos os departamentos.
Em assembleia de professores e funcionários decidiu-se o seguinte:
No que respeita às questões da segurança, fecharemos todas as escolas do agrupamento na próxima segunda-feira, até que alguém responsável resolva definitivamente o assunto.
Na altura, os professores reunirão novamente em assembleia, na qual será proposta a suspensão do processo de avaliação.

Os professores da Escola Secundária Dom Manuel Martins, abaixo assinados, vêm, por este meio, tomar posição no que respeita à situação que passam a expor.
Em conclusão, é necessário reformular este modelo de avaliação, dando-lhe sentido, credibilidade e eficácia e reparando as injustiças que os diplomas legais impostos pelo Ministério da Educação consagram.

Os professores do Agrupamento de Escolas de Alvide, abaixo assinados, declaram o seu mais veemente protesto e desacordo perante o novo Modelo de Avaliação de Desempenho decorrente da aplicação do Decreto Regulamentar 2/2008 de 10 de Janeiro de 2008.

João Vasconcelos, membro do Conselho Nacional da FENPROF, dixit

CONTRA A ESPADA DE DÂMOCLES O MEU GRITO DE REVOLTA!

UNIDADE E LUTA É O CAMINHO!

João Vasconcelos (*)

Sou membro do Conselho Nacional da Fenprof e também faço parte do Movimento Escola Pública pela Igualdade e Democracia. Mas acima de tudo sou um modesto professor. Um professor que discordou – tal como todos os professores do meu Agrupamento que reuniram no Dia D - do Memorando de Entendimento assinado entre o Ministério da Educação e a Plataforma Sindical de Professores. E porquê? As razões encontram-se expostas num artigo que escrevi no passado dia 14 de Abril (antes do Dia D, 15 de Abril e em que a Plataforma já anunciara que aceitava o Memorando). Este artigo, com o título “Vitória Pírrica?”, circulou pelos blogues e até motivou a criação do blogue http://fenixvermelha.blogspot.com/, (aqui se encontra como 1º artigo), perante o grande descontentamento e revolta face à previsível assinatura do memorando. Na reunião do Conselho Nacional da Fenprof, de Junho, continuei a discordar do acordo e, a realidade dos últimos desenvolvimentos – com apenas um mês de aulas – estão a provar a justeza das minhas posições (e de todos aqueles que não aceitaram o memorando, um pouco por todo o país).

Escrevi em “Vitória Pírrica?” que o «Memorando (…) se transformará numa grande vitória de Sócrates e da Ministra e numa profunda e dramática derrota dos professores, se estes não continuarem vigilantes e mobilizados. Afinal o que se conseguiu com o Memorando? Muito pouco, tendo em conta que vieram 100 mil professores para a rua. A Marcha da Indignação do passado dia 8 de Março é a prova provada do descontentamento e da revolta de uma classe profissional como nunca se viu neste país. E tudo levava a crer que os professores estavam dispostos a continuar uma luta que só agora a iniciaram em força. Ficamos com um sentimento de vazio e com uma sensação de que era possível ir muito mais além. Conseguiram os professores uma vitória pírrica? Se assim foi, vão ser, nos próximos tempos, inevitável e clamorosamente derrotados. E a Escola Pública vai ser, inexoravelmente destruída».

Efectivamente, digo e reafirmo hoje que os professores conseguiram “uma mão cheia de nada” e a questão central – esta avaliação de desempenho - apenas foi protelada no tempo. Com uma agravante: bem muito pior do que julgou a Plataforma Sindical. Passou apenas um mês de aulas e os docentes estão fartos, já não aguentam mais. Tal como no início do ano, a sua revolta surda sente-se e ouve-se nas escolas e vai explodir de novo. É por isso cedo para Sócrates e a Maria de Lurdes cantarem vitória, pois os professores vão mobilizar-se de novo e voltar à rua, não obstante ter sido assinado um Memorando de entendimento. A próxima vitória não poderá ser à moda de Pirro – as consequências para a classe docente seriam desastrosas.

Voltando ao artigo, sublinhava a dado passo: «Só nos meses de Junho e Julho de 2009 – como prevê o Memorando – é que haverá ‘um processo negocial com as organizações sindicais, com vista à introdução de eventuais modificações ou alterações’ do modelo. Mas então não se trata de um modelo de avaliação altamente burocrático, injusto, punitivo, subjectivo, arbitrário, economicista, quer vai manter as quotas e assente numa estrutura de carreira dividida em duas categorias? É este o cerne da questão – o Estatuto da Carreira Docente tem de ser revisto, alterado, revogado e os professores jamais poderão aceitar estarem divididos, de forma arbitrária, em duas categorias. O grito dos professores mais ouvido foi: ‘categoria só há uma, a de professor e mais nenhuma’. Disto não podemos abdicar».

Reafirmo que aqui reside o cerne da questão – trata-se de um modelo de avaliação que divide os docentes em duas categorias e que é economicista, punitivo, subjectivo, arbitrário, injusto e terrivelmente burocratizado. Veja-se o que está a acontecer nas nossas escolas – são reuniões e mais reuniões, grelhas para tudo e para nada, objectivos individuais que não têm ponta por onde se pegue, mais instrumentos para isto e para aquilo, são os inúmeros planos de aula, as aulas assistidas por titulares com formação científica diferente dos assistidos, é o receio da não obtenção de créditos e a penalização daí decorrente, é a conflitualidade nas escolas a aumentar (e infelizmente há sempre os mais papistas que o Papa). São medidas que não promovem a melhoria pedagógica e científica, antes pelo contrário e que visam o controlo administrativo dos professores e a proibição de ascenderem ao topo da carreira. É a Espada de Dâmocles que se encontra suspensa sobre a cabeça dos professores e educadores deste país. Nunca, em caso algum, a Plataforma Sindical –e em particular a Fenprof, como a estrutura sindical mais representativa da classe docente – devia ter assinado um acordo que contemplasse a manutenção do actual ECD. E os professores estavam dispostos a continuar com a luta.

Concluía em “Vitória Pírrica?” que os professores «terão de continuar a lutar (…), mostrando à Plataforma Sindical que é possível obter conquistas bem mais significativas (…). A Plataforma deverá continuar a manter a unidade e continuar a ser a porta-voz dos anseios e reivindicações dos professores. Um passo precipitado ou mal calculado poderá deitar tudo a perder, depois será tarde demais para voltar atrás. Por mim não assinava o acordo e continuava com a luta. Há razões muito fortes para tal. Temos a força de 100 mil professores na rua. Este é o nosso ponto forte e, simultaneamente, o ponto fraco de Sócrates, de Maria de Lurdes e do governo».

Os 100 mil professores que protagonizaram a Marcha da Indignação no passado dia 8 de Março nas ruas de Lisboa, responderam em uníssono aos apelos dos Sindicatos e dos Movimentos. A unidade foi a razão da nossa força e todos compreenderam isso. Cometeu-se um erro com a assinatura do Memorando. Mas tudo isto pode ser ultrapassável continuando a apostar na unidade e de novo na luta. Um novo passo errado acarretará, certamente, consequências desastrosas para o movimento docente e para a Escola Pública, que perdurará por largos anos. Respondendo aos anseios, aspirações e revolta dos professores alguns Movimentos convocaram uma manifestação nacional, para Lisboa, dia 15 de Novembro. Mais uma vez os Movimentos se anteciparam aos Sindicatos, não havendo nenhum mal nisto. Já não vivemos nos séculos XIX e XX, a vida mudou, os tempos são outros – só não mudou a exploração e a opressão dos poderosos sobre os mais fracos, antes agravou-se. E os Movimentos hoje fazem parte da vida e das lutas dos Povos. Assim como os Sindicatos continuam a ser imprescindíveis – quem não compreender isto não percebe a realidade onde se movimenta.

A divisão será o pior se acontecer no seio dos professores e em nada acrescentam as declarações anti-sindicais ou anti-movimentos. Todos fazemos falta, tal como aconteceu no passado dia 8 de Março. Quem protagonizar a divisão só irá dar mais força a um governo que despreza, massacra e procura destruir a classe docente e a Escola Pública e, será meio caminho andado para, mais cedo do que espera, ficar arredado da marcha inexorável da História.

O meu apelo é para que todos se entendam – Sindicatos e Movimentos de Professores – chegando a um consenso para a realização, em conjunto, de uma poderosa Manifestação Nacional no mês de Novembro. Condição indispensável para a obtenção da vitória. Os professores irão provar que têm voz e que têm força. Entendimento sim, mas desde que se aniquile o “monstro” (esta avaliação de desempenho e o ECD). Caso contrário, seremos devorados. Contra a “Espada de Dâmocles” o meu grito de revolta! Unidade e luta é o caminho!

(*) Membro do Conselho Nacional da Fenprof, do Movimento Escola Pública e Delegado Sindical na Escola E. B. 2, 3 D. Martinho de Castelo Branco – Portimão

Nota: Caso considerem útil, agradeço a divulgação pelos vossos contactos e blogues

Banalização do mal

Apanhei isto no tourozentado. Magnífica construção. Abram, por favor, e divirtam-se.

Ai ministra!

sábado, outubro 25, 2008

Um jardim no deserto - os lutadores criativos

Um modestíssimo contributo para a divulgação da bela luta dos professores pela dignidade profissional.

Os professores são modelos para a sociedade. Por extensão e inerência, a sua luta por uma escola pública democrática, uma gestão não-autoritária, uma avaliação profissional honesta e a substituição das políticas destrutivas do Ministério da Educação, é um modelo para todos os cidadãos oprimidos e violentados por este governo dito socialista.

Marcha profs 15Nov (grande)

O emblema (widget, badge, reminder ou o que lhe queiram chamar) aqui em cima foi construído sobre uma imagem vectorial para que possa ser ampliado sem perder qualidade e nitidez usando um editor de imagens ou um software DTP - programas de composição como, por exemplo, o Microsoft Publisher ou o Corel Draw.

Destina-se a chamar a atenção para a jornada de luta e protesto que os professores vão realizar no dia 15 de Novembro. Pode ser colocado em blogues ou sítios e permite uma impressão de alta qualidade em tamanho A4 (testado) e formatos maiores (não testado).

Para consulta

Cá vai um endereço que nos permite acesso a informação útil. O que se passa pelas escolas, o que vai passando pelas cabeças dos professores, dos movimentos e dos sindicatos. É uma boa recolha.

Movimento Mobilização e Unidade dos Professores

sexta-feira, outubro 24, 2008

Valha-me outra vez o La Tourette

Ouvem-se os comentadores. Nos foruns da rádio é divertido. Acham muito bem que os professores sejam avaliados como todos os cidadões são. E lá falam em nome dos cidadões a mando dos estudiosos destas coisas. Três ou quatro intervenções favoráveis aos professores intercaladas por uma de ataque de cidadões bem avaliados. E lá houveram duas ou três intervenções de bons cidadões para intercalar. A bem da naçom.

Mas hoje ouvi comentador encartado. O doutor José Miguel Júdice também acha que, como todos os outros funcionários públicos, os professores devem ser avaliados. Diz que o patrão tem a obrigação de avaliar. Não explica mais.

Desconhece que o patrão não quer avaliar nada? Se quisesse, seriam feitas corretas avaliações externas das escolas. Seriam criadas condições para que professores, alunos e funcionários pudessem desenvolver as respetivas atividades. Começaria por aí. Mas isso dá trabalho e até custa algum dinheiro. E dá muito mais nas vistas alagar o país de Magalhães que reparar os barracos onde decorrem tantas aulas, embora isso ficasse mais barato e tivesse muito mais imediatas consequências nas aprendizagens dos alunos.

Já em finais de 2006 deixei aqui convite a este e outros encartados comentadores para passarem uma semanita na "minha" escola. Nunca lá aguentariam uma semana mas falar de fora é fácil. Estes que até instalam barreiras químicas contra os xilófagos na Assembleia, não vá o caruncho roer-lhes as cabeças de pau!

E quer este senhor avaliar o quê? Pena que estes senhores não se debrucem sobre os milhares de instrumentos de medida que por aí circulam. Pena que não os analisem e até publiquem para que se conheça a dimensão da tragicomédia. Verdade que os arquitetos destas construções são alguns professores subitamente armados cavaleiros desta "avaliação", exército de voluntários serviçais da senhora ministra. Meia dúzia de horas de bla, bla, bla tornou-os avaliadores. E mesmo que pouco conheçam das matérias lecionadas pelos avaliados lá irão avaliar. E estão ufanos com o eduquês que conseguiram bolsar para centenas de parâmetros. Vão avaliar o quê? Não há evidências de que... Nunca, às vezes, frequentemente, sempre, sempre... Talvez o doutor Júdice esclareça.

A "patroa" não deve conseguir explicar o que quer avaliar embora lhe competisse o esclarecimento. Devia a senhora, primeiro que todos, tornar claros os seus objectivos. Não pode. Não pode dizer que apenas pretende reduzir gastos e que lhe é indiferente se nas escolas se deixa de conseguir ensinar e aprender. Face à crise, educação/instrução são assuntos de somenos.


quinta-feira, outubro 23, 2008

A recusa

São já muitos os professores que recusam o abraço deste polvo. Vamos estar do lado deles.

Neste blogue do movimento escola pública estão relatos e documentos. Outros blogues de professores estão também a recolher essa informação (educação do meu umbigo, profavaliação...)

Proposta alternativa

Quarta-feira, Outubro 22, 2008

Bloco de Esquerda apresenta novo modelo de avaliação de Escolas e Docentes

A aplicação ao universo de docentes, no corrente ano lectivo, do modelo de Avaliação de Desempenho, enquadrado pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2008, veio confirmar as piores suspeitas quanto à sua natureza intrinsecamente complexa, morosa, desadequada e ambígua.
É hoje evidente que a forma não negociada e a incoerência técnica do modelo, afogando as instituições em actividades e rotinas que, não só não são entendidas, como prejudicam o trabalho com os alunos, é responsável pela desestabilização generalizada das escolas portuguesas. É hoje indesmentível que este processo impraticável está a provocar danos profundos no quotidiano das escolas, com graves consequências para a qualidade das práticas de ensino e aprendizagem.
Por outro lado, à complexidade e burocracia do processo imposto pelo Ministério da Educação acresce a não atribuição às escolas e aos docentes de condições efectivas de trabalho para a sua implementação, mormente através da disponibilização de horas para o efeito.
A experiência de “avaliação teste”, realizada pelo Agrupamento de Escolas D. João II, em Santarém, estima que um estabelecimento de ensino com 130 professores requer um total de 1.560 horas por ano para implementar o processo de avaliação vigente. Um número de horas que, como se torna claro, não está totalmente enquadrado nos horários dos professores, agravando assim a já dramática situação da sobrecarga a que estes se encontram, na maior parte dos casos, sujeitos, face à estimativa de cerca de 45 horas semanais efectivamente dedicadas à escola.
Mas os factores de destabilização e estrangulamento das escolas públicas através deste modelo de avaliação multiplicam-se. Há empresas contratadas para a avaliação de professores. Há fichas de avaliação para todos os gostos, consoante as decisões de cada escola e dos seus órgãos dirigentes; fichas de dezenas e dezenas de páginas, atestando a falência técnica deste modelo. Há escolas cujos Presidentes de Conselho Executivo sonegam o acesso às fichas de avaliação. Há casos de critérios ocultos para a atribuição de “Excelentes” e “Muito Bons”, como o acompanhamento de alunos pelos professores durante a hora de almoço, ou para apoios, que deveriam ser contemplados na componente lectiva. Mas há outros critérios bem visíveis e postos no papel como a obrigatoriedade de o professor ultrapassar em 7% as metas definidas pela escola, quando esta situa o limiar de sucesso em 85% e 90%.
O autoritarismo do Ministério da Educação e a total ausência de regulação do processo de avaliação têm despertado atitudes despóticas e autocráticas, comportamentos fundados em razões subjectivas e discricionárias, instalando-se um clima de medo e perseguição. O Ministério da Educação ignora ou pactua.
O modelo instiga fortemente à complexificação, que se traduz num crescente artificialismo, desviando a avaliação dos mais elementares princípios de equidade, justiça e universalidade, numa afronta acrescida à dignidade dos professores, que abandona precocemente o ensino a um ritmo jamais visto.
Mas todas estas práticas são, afinal, o fruto da raiz de um modelo que se afirmou desvirtuado pela ausência de credibilidade e verdade desde a sua origem.
De facto, o modelo de avaliação de desempenho docente não consegue mascarar as evidências: é um modelo barato e estrangulador da progressão, é mais uma rolha para além do congelamento das carreiras.
A avaliação entre pares, estabelecendo um sistema hierárquico artificial, através da distinção entre professores titulares e professores não titulares, dá lugar a situações inverosímeis que descredibilizam o próprio processo e lhe retiram qualquer legitimidade. O exemplo sublime desta incongruência é o caso de alunos orientados em estágios pedagógicos que se encontram neste momento a proceder à avaliação dos que foram os seus orientadores, formadores e avaliadores.
Um outro aspecto conceptual relevante, que cauciona gravemente a credibilidade do próprio modelo, aponta para a inclusão dos resultados dos alunos no resultado da avaliação de cada docente, enfatizando assim o entendimento – claramente subjacente ao modelo – segundo o qual o sucesso educativo depende exclusivamente do professor. O peso do aproveitamento dos alunos no resultado da avaliação dos professores, que atinge na generalidade dos casos 7% do valor final obtido (podendo atingir os 10%), constitui um perverso convite à distorção de práticas e processos, colocando os professores perante dilemas moralmente inaceitáveis, inspirados numa clara pressão para a obtenção de sucesso educativo a todo o custo.
Consciente dos factores críticos que decorriam do próprio modelo adoptado, bem como da obsessão do governo em proceder à sua acelerada e irresponsável implementação, o próprio Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP), nomeado pelo Ministério da Educação através do Decreto Regulamentar n.º 4/2008, de 5 de Fevereiro, veio recentemente (num relatório datado de Julho de 2008), denunciar o reducionismo decorrente da vinculação excessiva dos resultados dos alunos ao desempenho docente, lembrando que “a utilização dos resultados escolares e a análise da sua evolução, para efeitos de avaliação de desempenho, não deve desligar-se do contexto particular da turma e dos seus alunos, nem limitar-se, de forma alguma, a uma mera leitura estatística dos resultados”, acrescentando que, “no contexto da complexidade do processo de aprendizagem, não é possível determinar e aferir com rigor até que ponto a acção de determinado docente foi exclusivamente responsável pelos resultados obtidos, conforme a literatura científica consensualmente refere”.
No mesmo relatório (Princípios orientadores sobre a organização do processo de Avaliação do Desempenho Docente), e numa clara concretização das fundadas preocupações quanto à apressada e autocrática implementação do modelo vigente, o CCAP alerta expressamente o Ministério da Educação quanto ao “risco de a avaliação se constituir num acto irrelevante para o desenvolvimento profissional dos docentes, sem impacto na melhoria das aprendizagens dos alunos, que conviria evitar desde o início”, advertindo acrescidamente para o que – neste início de ano lectivo – retrata fielmente a realidade quotidiana das nossas escolas, traduzida no sufoco da “burocratização excessiva, [na] emergência ou reforço de conflitualidades desnecessárias e [no] desvio das finalidades formativas e reguladoras que um processo de avaliação do desempenho profissional deve conter”.
Um governo socialmente responsável e consciente jamais teria permitido que a obstinada teimosia da actual equipa do Ministério da Educação tornasse necessário demonstrar, pela prática, as incongruências, contradições e irregularidades do modelo em vigor, que carece não só do devido cumprimento da legalidade em muitos dos mecanismos estabelecidos (sobretudo quanto ao cumprimento de normas elementares do Código de Procedimento Administrativo), mas que deveria igualmente revestir-se da necessária credibilidade e relevância, exigidas pelo próprio sistema educativo e pela sociedade portuguesa, tendo em consideração as finalidades a que o mesmo deveria incontornavelmente subordinar-se.
O actual modelo de avaliação de desempenho de professores constitui, de facto, pela sua manifesta falta de credibilidade e pela perturbação profunda em que mergulhou as escolas no corrente ano lectivo, um atentado à qualidade da educação e à dignidade dos agentes educativos, que reclamam justamente a sua imediata suspensão.
Na sequência dos fundamentos e propostas apresentados através do Projecto de Resolução n.º 288/X, de 11 de Março de 2008, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda reafirma uma vez mais, com a razão que o tempo e a realidade vieram dar à proposta então apresentada, a imperiosa necessidade de, uma vez suspenso o actual modelo de avaliação de desempenho, ser estabelecido um plano faseado e participado de implementação de um modelo de avaliação de desempenho de escolas e docentes cuja relevância, coerência, justiça e credibilidade sejam amplamente reconhecidas pela comunidade educativa e pela sociedade em geral.
Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda recomenda ao Governo:

1. A suspensão imediata do processo de avaliação de desempenho de professores do ensino básico e secundário, de modo a restaurar nas escolas as condições de tranquilidade, necessárias ao normal desenvolvimento dos processos educativos;

2. O desenvolvimento de um modelo assente numa lógica faseada e experimental, como o que se propõe nos pontos seguintes, capaz de articular de modo consistente e coerente o processo de avaliação de escolas com o processo de avaliação de docentes, relevando o cumprimento de alguns princípios fundamentais para a credibilidade dos processos de avaliação, entre os quais:
a) A consagração dos princípios de equidade, justiça e universalidade, inerentes ao sistema público de educação;
b) A articulação entre processos de autoavaliação e avaliação externa, mediada pela caracterização de contextos educativos e pela identificação de recursos necessários à prossecução de metas e objectivos;
c) A desvinculação absoluta dos resultados dos alunos da avaliação individual dos docentes.

3. Em conformidade com os princípios e requisitos enunciados, o modelo faseado de avaliação das escolas deverá prosseguir as seguintes etapas e processos:
a) Aprofundar e acelerar o processo em curso de avaliação externa das escolas, integrando e reforçando questões relativas à caracterização do meio em as mesmas se inserem e a práticas e experiências de avaliação;
b) No âmbito deste processo, propõe-se a divulgação, até ao final do ano lectivo 2008/09, do relatório de avaliação externa, contemplando o maior número possível de escolas, que deverá identificar as boas práticas e aferir o peso das diferentes variáveis no combate ao insucesso e na melhoria da cultura de escola;
c) Até ao final do ano lectivo em curso, as escolas elaboram um plano estratégico de promoção do sucesso educativo e combate ao abandono escolar, partindo dos seus contextos de pertença, levantando os recursos considerados necessários e identificando metodologias, objectivos e metas;
d) Assumindo que o sucesso educativo é, antes de mais, uma missão de equipa, cuja responsabilidade não cabe a cada professor, individualmente considerado, as escolas procedem no ano lectivo de 2009/2010 à sua autoavaliação;
e) A autoavaliação das escolas parte da avaliação do trabalho desenvolvido por cada um dos seus órgãos colegiais (os diferentes conselhos) e obriga à publicitação dos resultados obtidos face às metas e recursos apresentados no início do ano; esta vertente de avaliação será inserida no quadro mais amplo da autoavaliação da escola, do qual cabe relatório, publicitado e debatido, quer no âmbito das estruturas da área pedagógica afim, quer perante a comunidade;
f) Até ao final do ano lectivo de 2009/2010, o Ministério da Educação e todos os parceiros, incluindo as estruturas sindicais, associações profissionais e demais organizações de professores, bem como estruturas representativas das famílias, de profissionais de áreas afins, definem, a partir de um amplo espaço de discussão, o modelo mais eficaz de avaliação individual de docentes, tendo em conta a sua responsabilidade social e pública, bem como a sua permanente inserção em contexto.

4. A definição do modelo de avaliação individual de professores assumirá as críticas e contributos já enunciados, mormente:
a) O desajustamento da periodicidade da avaliação imposta pelo Ministério da Educação e a sua substituição pelo período de cada escalão de progressão;
b) A necessidade de estabelecer as adequadas condições de avaliação, quer para avaliadores quer para avaliados, incluindo o direito à formação gratuita e à redução parcial e ajustada do horário de trabalho;
c) A assunção do docente como sujeito construtor da sua profissionalidade e, em conformidade, como co-decisor, nomeadamente em matérias como a escolha do momento de avaliação e a modalidade de avaliação;
d) A distinção clara entre a avaliação interna e efectuada por pares, que não pode ultrapassar a vertente formativa nem produzir efeitos aceleradores ou penalizadores sobre a carreira, e a sua articulação com a avaliação externa e integrando outros parceiros, devidamente qualificados, que poderá assumir aquelas componentes.

São Bento, 20 de Outubro de 2008
Os Deputados e as Deputadas do Bloco de Esquerda

Furtei do "cantinho da educação".

Lá fizeram trabalho de casa. É boa base de discussão. Implica desfazer uma série de patifarias contidas no ECD e na tralha regulamentadora que se lhe seguiu.
E exigem a suspensão do processo em curso. Fazem bem.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Deolinda Peralta dixit

Sto Ant. dos Cavaleiros, 20 de Outubro de 2008

À minha escola

Aos meus colegas

Há meio século, precisamente, entrei para a escola. Era Outubro e eu tinha 6 anos. Num acto solene explicaram-me que brinquedos e bonecas passariam para as mãos da irmã mais nova porque eu entrava no mundo dos grandes, dos que tinham deveres a cumprir, e que a escola era a coisa melhor que eu podia ganhar. Se não me lembro de ter sofrido com isso, é porque, provavelmente, ganhei mais do que perdi. Educada num ambiente familiar austero, fechado socialmente, a escola abria-me, não digo as portas, mas as janelas do mundo.

A situação profissional do meu pai obrigava-nos a transferências frequentes de residência e, entre várias cidades de Angola e a Metrópole – era assim que se dizia – mudava de escola e de professora em qualquer altura do ano, quase de um dia para outro. Então sim, nos dias que antecediam a viagem, sofria profundamente. As lágrimas e os soluços eram guardados para o silêncio da noite, que ninguém ouvisse. E escondia os segredos das recordações que as amiguinhas, só meninas - era assim a escola - me davam na despedida: uma borracha, um lápis, meia dúzia de cromos, um livrinho de histórias usado. Tesouros que me acompanhariam pelos anos fora, nomes que ainda sei de cor e pessoas que não voltei a ver.

Das escolas, das professoras e das amigas muitas que tive na minha infância guardo as boas recordações. São histórias, são imagens. Outras imagens, que eu não guardo, espreitam-me. São fantasmas. Os fantasmas têm o condão de não morrer… Não sei se é bom que existam fantasmas mas, já que existem e que nos incomodam, falemos deles.

Essas muitas escolas por onde passei até à 4ª classe, pareciam todas iguais: todas tinham um crucifixo, um Salazar emoldurado e três filas de carteiras que correspondiam ao nível de desempenho dos alunos de acordo com os critérios do professor. Numa delas essas filas tinham mesmo a designação de céu, purgatório e inferno. Era a terminologia da época. Não duvido da bondade das intenções das professoras que tive e que estimo, mas ninguém refuta hoje que essas práticas pedagógicas são tão erradas quanto o eram já naquele tempo.

Outra prática “pedagógica” cuja bondade era, à época, indiscutível foi o uso da régua ou da palmatória. Ainda não se tinham inventado as grelhas nem os indicadores de medida mas qualquer menino em idade escolar sabia que, a cada erro ortográfico correspondia uma reguada. Dói-me ainda hoje falar destas coisas. Mas vou continuar. Se as escolas pareciam todas iguais, como disse, não eram mesmo iguais. Umas tinham muitos meninos no céu, noutras era a fila do inferno que era enorme. Nestas últimas, imagine-se o “trabalho” da professora depois de corrigir os ditados! Coitadinha… Tinham de ser encontradas estratégias eficazes e exequíveis. E encontraram-se. Nessas situações em que o rendimento escolar era mais fraco tornou-se necessária a colaboração dos bons alunos. E, na hora da correcção dos erros, a régua mudava da mão firme da professora para as mãozinhas trémulas de um aluno da primeira fila. Ninguém lhe perguntava se ele aceitava esse papel, se tinha perfil para verdugo, ou o que ele pensava dessa medida. Se é verdade que “de pequenino se torce o pepino” não é menos verdade que só “o vilão gosta da vara na mão”. Era um castigo muito doloroso para quem tinha cometido o crime de desrespeitar a ortografia da Língua Portuguesa, mas também demasiado pesado para quem executava a pena sem ter cometido crime algum. Falta aqui precisar que o detentor da régua, se não fosse célere a aprender a sua manipulação, depressa se arrependeria. Não eram perdoadas fraquezas.

Não vou alongar-me nestas recordações incómodas. Passo à alegoria onde já adivinharam que vamos chegar.

Quero crer que não há verdugos por vocação. Há-os de ocasião.

O ECD dividiu ALEATORIAMENTE os professores. Quem ficou dum lado podia perfeitamente ter ficado do outro. Bastava que estivesse noutra escola nesse dia. Se não é assim em absoluto, é quase assim e aplica-se à maioria dos casos. Uns ficaram titulares, outros professores. Como se não bastasse, continuou a separar. Uns ficaram avaliadores, outros avaliados.

Uns ficaram com a régua na mão e outros com a mão estendida. Os primeiros, para se sentirem menos desconfortáveis – somos professores, estamos na mesma escola há vários anos e criámos, em muitos casos, laços afectivos que se tornaram parte da nossa segurança – desdobram-se em esforços para colocar umas gotas de mel em cima do fel. Fel é fel. Não há volta a dar.

É possível a alquimia de transformar um pau de marmeleiro em fita de seda perfumada. O que não se pode mudar é o gesto. Esse é que dói. O gesto é que mata. Todos sabemos que isto não é uma avaliação. É uma punição por um crime que não cometemos. Não somos nós que estamos a matar a escola!!!

É tempo de acabar com a farsa a que chamaram avaliação. Somos gente e temos voz ainda.

BASTA DE HUMILHAÇÃO!!!

D. P.

50 anos de escola

34 anos de professora

domingo, outubro 19, 2008

Magalhães ainda

Fui mesmo agora à missa do Magalhães.
Louvado seja o Zé Carlos.

Sem comentários

sábado, outubro 18, 2008

Autogrelhamento - republicação

Alguém fez alterações a este texto que escrevi em 6 de fevereiro, quando as primeiras grelhas apareceram, e está a enviá-lo por mail para os professores.
Prefiro o original. Aqui fica.



Nome do avaliado
- Setora

Categoria - Titular do seu nariz

Departamento curricular - Língua portuguesa (é apenas um departamento curricular e não a minha pátria e, com as confusões lançadas com decretos e contradecretos, já nem sei qual é o meu departamento)




1. Como avalia o cumprimento do serviço lectivo e dos seus objectivos individuais estabelecidos neste âmbito?

Avalio com um excelente.
Cá vou vindo todos os dias, com a pasta recheada de manuais, livros, dicionários, prontuários,gramáticas, fichas, cadernos, lápis e canetas e pen e caneta felpuda para o quadro novo. Trago a lancheira, uns maços de tabaco e, às vezes, o PC portatel. E trago sempre a cabeça entre as orelhas, uns oculitos para ver perto (que longe vejo sem ajuda), mãos, braços, pernas e tudo o mais que me faz falta neste domínio.
Excelente.

2. Como avalia o seu trabalho no âmbito da preparação e organização das actividades lectivas? Identifique sumariamente os recursos e instrumentos utilizados e os respectivos objectivos.

Avalio com um excelente.
Utilizo todos os recursos supracitados com grande mestria. Naturalmente que os manuais, os livros, os dicionários, os prontuários são para ir ao "baile das palavras", gramáticas, fichas, para ir corrigindo os passos, o recheio da cabeça traça a coreografia, as mãos, os braços e as pernas ajudam às poses, os ouvidos ouvem, os olhos vêem, o nariz procura oxigénio no ar saturado, na boca a língua, bem solta, manda o baile e, chegada a hora de repor energias, saboreia o conteúdo da lancheira e ajuda a manter os níveis da nicotina.

3. Como avalia a concretização das actividades lectivas e o cumprimento dos objectivos de aprendizagem dos seus alunos? Identifique as principais dificuldades e as estratégias que usou para as superar.

As actividades lectivas concretizam-se de modo excelente. Entramos e saímos vivos, apesar da falta de espaço, da falta de ar circulante, do amianto em cima das cabeças. E segue o baile.
Dos objectivos de aprendizagem dos meus alunos, pois eles que falem (eh, eh, é tão traiçoeira a língua portuguesa!). Dificuldades - tive que pôr os pés à parede e pedir socorro ao PGR e lá se conseguiram quadros novos. Às vezes doem-me as "cruzes" que me custa carregar com a tralha toda supracitada mas os tróleis e os alunos vão ajudando.

4. Como avalia a relação pedagógica que estabeleceu com os seus alunos e o conhecimento que tem de cada um deles?

Apesar de me terem trocado as voltas, de me terem tirado alunos de continuidade e de me terem dado trinta e três novos, para lá dos que já tinha, conhecemo-nos excelentemente. Chamam-me setora Eugénia, avó ou tia e bruxa, quando assumo esse papel. E riem-se, muito mais do que choram, à minha beira. E estou certa de que aprendem comigo - ainda há dias, quando passeava pelo subúrbio a fumar os meus cigarros de fim de almoço, uma aluna de onze anos correu para o meu lado e puxou ela também de um cigarro (falso, é verdade) para me acompanhar no gesto. Até esta aprendizagem definida pela ASAE é integralmente cumprida.

5. Como avalia o apoio que prestou à aprendizagem dos seus alunos?

Excelente, claro. E vou tendo sempre clientes nas aulas de reforço, salas de estudo... até nos pátios a avaliar os galhos das árvores que podem aguentar que se trepe, ou na rua a verificar da fragilidade das paragens de autocarro que não aguentam maus tratos...

6. Como avalia o trabalho que realizou no âmbito da avaliação das aprendizagens dos alunos? Identifique sumariamente os instrumentos que utilizou para essa avaliação e os respectivos objectivos.

Excelente. Estou sempre de olho neles e de ouvido alerta, memória de elefante e caderno mágico para anotações.
Consegui preencher todas as grelhas, produzir relatórios disto e daquilo, fazer ditados para as actas...
E, mais difícil ainda, consegui distribui-los por níveis dois, três, quatro e cinco...bruxaria mesmo, prática esotérica.


7. Identifique a evolução dos resultados escolares dos seus alunos. Avalie o seu contributo para a sua melhoria e o cumprimento dos objectivos individuais estabelecidos neste âmbito.

Este ponto preencherei apenas no final do ano mas, atendendo a que a minha escola fica no final dos rankings, posso ir dizendo com alguma alegria que já todos conseguem ler, a maioria já não troca quando escreve f/v, g/gu, c/qu, m/b, ai/ei, lh/nh... falam, alguns até na língua dos pês, escrevem frases completas e reconhecem pontuações/entoações, afirmam e também negam com nunca, nem, sem... Enfim, depois se verá.

Uma escola, um autocarro. Ou mais...

TODOS A LISBOA

(MARQUÊS DE POMBAL)

NO DIA 15 DE NOVEMBRO DE 2008



PELA REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE

PELA DIGNIDADE PROFISSIONAL DE CADA PROFESSOR

PELA RECUSA DA DIVISÃO GRATUITA E INJUSTA DOS PROFESSORES

PELA REJEIÇÃO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO BUROCRÁTICO, INOPERACIONALIZÁVEL E INÚTIL

PELA REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DO ALUNO DO ENSINO NÃO SUPERIOR

POR UMA GESTÃO VERDADEIRAMENTE PARTICIPADA E NÃO IMPOSTA

POR UMA ESCOLA PÚBLICA EXIGENTE E QUALIFICADA

Excelente fundamentação

Presidente do Conselho Pedagógico

Agrupamento de Escolas de Ovar
PROPOSTA
1 – Por se considerar a Avaliação de Desempenho um instrumento decisivo para o aprofundamento de competências e de práticas pedagógicas e científicas por parte dos docentes e, consequentemente, para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem...


5 – O Modelo de Avaliação do Desempenho estatuído no Decreto Regulamentar nº 2/2008 não assegura a justiça e o rigor de que os professores e as escolas são devedoras, nem protege, necessariamente, a valorização dos melhores desempenhos.


Assim, e em conformidade com o exposto, propõe-se a suspensão da aplicação do novo Modelo de Avaliação do Desempenho dada ainda a constatação do seguinte conjunto de limitações e de inconsistências:


a) A possibilidade efectiva deste Modelo de Avaliação do Desempenho colidir com normativos legais, nomeadamente, o Artigo 44º da Secção VI (Das garantias de imparcialidade) do Código do Procedimento Administrativo, o qual estabelece, no ponto 1, alíneas a) e c), a existência de casos de impedimento sempre que o órgão ou agente da Administração Pública intervenha em actos ou questões em que tenha interesses semelhantes aos implicados na decisão. Ora, os professores avaliadores concorrem com os professores por si avaliados no mesmo processo de progressão na carreira, disputando lugares nas quotas a serem definidas;



b) Também a imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus alunos, cuja progressão e níveis classificatórios entram, com um peso específico de 6,5% na sua avaliação de desempenho, configura uma violação grosseira, quer do Despacho Normativo nº 1/2005, o qual estipula, na alínea b) do Artigo 31º, que a decisão quanto à avaliação final do aluno é, nos 2º e 3º ciclos, da competência do conselho de turma sob proposta do(s) professor(es) de cada disciplina/área curricular não disciplinar, quer do Despacho Normativo nº 10/2004, o qual regula a avaliação no ensino secundário e estabelece, no nº 3.5 do Capítulo II, que “a decisão final quanto à classificação a atribuir é da competência do Conselho de Turma, que, para o efeito, aprecia a proposta apresentada por cada professor, as informações justificativas da mesma e a situação global do aluno.";

c) De rejeitar, são ainda os critérios que nortearam o primeiro Concurso de Acesso a Professor Titular, valorizando, acima de tudo, a mera ocupação automática de cargos nos últimos sete anos lectivos, independentemente de qualquer avaliação da competência e da adequação técnica, pedagógica ou científica com que os mesmos foram exercidos, deixando de fora muitos professores com currículos altamente qualificados, com uma actividade curricular ou extracurricular excelente e prestigiada, marcada por décadas de investimento denodado na sua formação pessoal, na escola e nos seus alunos. Esta lotaria irresponsável gerou uma divisão artificial e gratuita entre “professores titulares” e “professores”, criando injustiças insanáveis que minam, inelutavelmente, a credibilização deste modelo de avaliação do desempenho.

d) Este Modelo de Avaliação do Desempenho, é igualmente condenável, porque, além de configurar uma arquitectura burocrática absurda e desajustada daquilo que é relevante no processo de ensino/aprendizagem, possa desencadear, no quotidiano escolar, processos e relações de extraordinária complexidade e melindre, mercê de contingências disparatadas, como os avaliadores de hoje serem avaliandos amanhã, e vice-versa, avaliadores com formação científico-pedagógica e académica de nível inferior aos avaliandos, ou ocorrerem avaliações da qualidade científico-pedagógica de práticas docentes empreendidas por avaliadores oriundos de grupos disciplinares muito díspares (os quais, nem sequer foram objecto de uma formação adequada em supervisão e avaliação pedagógica, quanto mais científica)...

i) É de recusar a rigidez e a inflexibilidade, meramente administrativas, nos critérios para a obtenção da classificação de Muito Bom ou de Excelente, penalizando o uso de direitos constitucionalmente protegidos, como ser pai/mãe, estar doente, acompanhar o processo educativo dos filhos, participar em eventos de reconhecida relevância social ou académica, acatar obrigações legais ou estar presente nos funerais de entes queridos;

l) Este Modelo de Avaliação do Desempenho produz um sistema, prevalentemente, penalizador e não performativo de futuros desempenhos, além de que não discrimina positivamente os docentes que leccionam ou desenvolvem projectos com as turmas mais problemáticas e com maiores dificuldades de aprendizagem.

É pois perante todos estes argumentos que o Conselho Pedagógico toma a decisão de suspender a sua participação em toda e qualquer iniciativa relacionada com a avaliação do desempenho à luz do novo Modelo de Avaliação do Desempenho na defesa da qualidade do ensino e do prestígio da escola pública.



Esta proposta foi apresentada por um elemento não docente do Conselho Pedagógico.
Retirei do blogue do Ramiro Marques.

sexta-feira, outubro 17, 2008

Uma escola um autocarro. Ou mais.

TODOS A LISBOA

Em nome da dignidade profissional de todos os educadores e professores portugueses, afixem e divulguem nas vossas escolas/agrupamentos.

DIVULGA NA TUA ESCOLA E A TODOS OS TEUS COLEGAS

A MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE E DA VONTADE DOS PROFESSORES
Sem divisionismos e sem protagonismos!
TODOS A LISBOA
(MARQUÊS DE POMBAL)
NO DIA 15 DE NOVEMBRO DE 2008

PELA REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE
PELA DIGNIDADE PROFISSIONAL DE CADA PROFESSOR
PELA RECUSA DA DIVISÃO GRATUITA E INJUSTA DOS PROFESSORES
PELA REJEIÇÃO DE UM MODELO DE AVALIAÇÃO BUROCRÁTICO, INOPERACIONALIZÁVEL E INÚTIL
PELA REVOGAÇÃO DO ESTATUTO DO ALUNO DO ENSINO NÃO SUPERIOR
POR UMA GESTÃO VERDADEIRAMENTE PARTICIPADA E NÃO IMPOSTA
POR UMA ESCOLA PÚBLICA EXIGENTE E QUALIFICADA


“UMA ESCOLA, UM AUTOCARRO”

Apela-se a todos os educadores e professores para que se mobilizem nas suas escolas e aluguem, no mínimo, um autocarro por escola/agrupamento, rumando a Lisboa, no dia 15 de Novembro de 2008. A faixa da escola/agrupamento que, certamente, os professores vão querer exibir em cada autocarro, ficará para a história da educação, em Portugal, como um ícone e um símbolo do orgulho em si próprios, na sua profissão e no investimento diário e abnegado que não lhes querem deixar fazer nos seus alunos, mostrando que os professores dessa escola/agrupamento não abdicaram, num momento decisivo, da sua dignidade pessoal e profissional.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Manifestação em 15 de Novembro

Espantou-me. Ainda me espanto.

Os sindicatos viram circular de forma espontânea o desejo dos professores se manifestarem na rua; os sindicatos viram surgir pelos blogues as indicações de datas e a fixação de 15 de novembro; os sindicatos mantiveram-se alheios a estas propostas que foram sendo largamente comentadas aqui pela blogosfera mas anunciaram que iriam fazer movimentar os professores em novembro, parecendo entender o desejo de ação dos professores; tudo levaria a supor que dariam força à manifestação já prevista e que movimentos organizados, solidária e corajosamente convocaram, tratando dos aspectos legais. Engano de alma!

Os sindicatos marcaram uma manifestação, mas não para 15 de novembro. Marcaram para 8 (oito) de novembro. Que pretendem? Dividir, dispersar as forças, enredar ainda mais os professores numa teia de desgaste? Para esse serviço já tínhamos o ministério e os mais papistas que o papa que circulam pelas escolas. Chegava.

Naturalmente que não convencem ninguém com a história da oportunidade da data. Se entendiam ser aquela a melhor data, deviam tê-lo dito quando tudo isso esteve em discussão. Agora a melhor data é 15 e isso mesmo deviam ter compreendido. E só eles (os funcionários) e alguns poucos aficionados não o compreendem.

Na minha escola hoje, os muitos professores que ouvi, alguns sindicalizados, manifestavam indignação por este comportamento dos dirigentes sindicais e disponibilizavam-se para a manifestação de 15. Então a 15 lá estaremos.

Loucura, pois.

Como é possível a generalização da loucura?
16.10.2008, Santana Castilho
Em 2007 reformaram-se cerca de 3300 professores. Este ano já vamos em mais de 5000 e o ritmo parece estar a acelerar
Ao memorando de entendimento entre a plataforma sindical e o Ministério da Educação, assinado a 17 de Abril de 2008, sucedeu uma atmosfera beligerante latente e um clima de apaziguamento pelo terror. Entrou-se numa espécie de guerra fria, que tem garantido a paz entre ministério e sindicatos pelo preço da escravidão endémica dos professores. Ora equilíbrios conseguidos sobre desequilíbrios, ou entendimentos momentâneos sobre desentendimentos de toda a vida são coisas de engenharia social doentia, que só podem produzir desastre. A face visível desse desastre é o actual êxodo dos professores mais experientes. A invisível, ainda mais grave e comprometedora do futuro do país, é a imbecilização crescente dos alunos, sujeitos a lógicas de sucesso sem conhecimento e anestesiados por Magalhães a pataco.
Em 2007 reformaram-se cerca de 3300 professores. Este ano já vamos em mais de 5000 e o ritmo parece estar a acelerar. É só ver as longas listas do Diário da República. Os testemunhos, chapados na imprensa, de docentes que aceitam penalizações gravosas de 30 e 40 por cento sobre pensões de reforma para toda vida, ao mesmo tempo que reiteram o amor a uma profissão que, garantem, abraçaram por vocação e só abandonam por coacção, transformam um processo de reforma num processo de excomunhão. Um país maduro estaria hoje a reflectir aturadamente sobre o que Fernando Savater escreveu: "A primeira credencial requerida para se poder ensinar, formal ou informalmente e em qualquer tipo de sociedade, é ter-se vivido: a veterania é sempre uma graduação."
A vida dos professores nas escolas tem-se vindo a transformar num inferno. A missão dos professores, que é promover o saber e o bem colectivo, está hoje drasticamente prejudicada por uma burocracia louca e improdutiva, que os afoga em papéis e reuniões e os deixa sem tempo para ensinar. A carga e a natureza do trabalho a que se obrigam os professores são uma violentação e um retrocesso a tempos e a processos que a simples sensatez reprova liminarmente. Ocorre, então, a pergunta: como é possível a generalização da loucura?
A resposta radica no uso do modelo publicitário (cortejo ridículo de 23 governantes para enregar o Magalhães e 35 páginas de publicidade paga e redigida sob forma de artigos são exemplos bem recentes) e das técnicas populistas. O Governo tem conduzido a sua campanha de subjugação dos professores repetindo até à exaustão os mesmos paradigmas falsos e os mesmos slogans facilmente memorizáveis pelos justiceiros dos "privilégios" dos docentes. As ideias (a escola a tempo inteiro, por exemplo) são tão elementares como as que promovem os produtos de uso generalizado (o Tide lava mais branco). Mas tal como os consumidores se tornam fiéis ao produto cujo slogan melhor memorizam, embora sabendo que a concorrência faz exactamente o mesmo, assim se têm cativado apoiantes com a solução de problemas imediatos, que nada têm a ver com o ensino. E a dissolução sociológica dos professores pela via populista tem procurado ainda, com êxito, identificar e premiar uma nova vaga de servidores menores - tiranetes deslumbrados ou adesivos - que responderam ao apelo e massacram agora os colegas, inflados com os pequenos poderes que o novo modelo de gestão das escolas lhes proporciona.
A experiência mostrou-me que o problema do ensino é demasiado sério e vital para o abandonarmos ao livre arbítrio dos políticos. "Bolonha", a que este Governo aderiu, ou a flexibilização das formações, que este Governo promoveu através do escândalo das "novas oportunidades", não se afastam, nos objectivos, dos tempos da submissão ao evangelho marxista, ou seja, os interesses das crianças e dos jovens cedem ante a ideologia dominante e o resto só conta na medida em que seja eleitoralmente gratificante. Assim, contra a instauração de um regime de burocracia e terror, para salvaguardar a sanidade mental e intelectual dos professores, encaro o protesto e a resistência como um exercício a que ninguém tem actualmente o direito de se furtar. Professor do ensino superior

Seremos capazes de o compreender?

Publiquei ligação ao texto do Paulo de Carvalho (que nunca vi mais gordo ou mais magro) em que dava conta do que lhe ia pela alma depois da ação de formação para o Magalhães.

Dou-lhe de novo a palavra. Cá fica o seu texto à consideração de quem por aqui passa.

SEJAM LIVRES, PORRA!

29 09 2008

Quando escrevi o artigo de opinião, que se encontra no final deste texto, acerca da Acção de Formação sobre o «Magalhães» que teve lugar nos dias 25 e 26 de Setembro, estava a léguas de imaginar a celeuma jornalística que iria causar. Que o meu blogue já é visitado por milhares de pessoas, isso eu sabia, mas nunca que este artigo fosse causar tanto apetite à comunicação social, como se de algo transcendental se tratasse. Se calhar nem notícia chega a ser, mas enfim…

Depois de, nas últimas horas ser autenticamente entupido de chamadas e solicitações de rádios, televisões e jornais e de a todos dizer que nada de noticioso me parece haver na crónica, a não ser uma simples opinião contra os conteúdos e metodologia de uma Acção de Formação, eis que quase todos os jornalistas questionam o comportamento dos meus colegas na dita sessão; contudo, tive o cuidado de deixar claro que nada tenho a opinar sobre isso e que cada um se deve responsabilizar pelos seus actos. Apenas achei ridículas aquelas actividades, devido à sua completa descontextualização relativamente ao que eu esperava da Acção. Frisei, até, que as senhoras americanas foram muito impressionadas com a capacidade criativa dos professores; agora, tudo isto numa «sessão de trabalho com a Intel»? Essa não!

Mas o que me choca no meio de tudo isto, e é por isso que escrevo este texto, é que todos os jornalistas com quem falei tentaram obter opiniões de muitos outros intervenientes na Acção e todos se recusaram a dar a cara ou uma simples opinião. Ora, parece-me, ou aliás, tenho a certeza, que as pessoas vivem hoje amedrontadas e parece que a Comunicação Social é algum papão para lhes desgraçar a vida.

Eu gostava que todas as pessoas se sentissem livres, num Estado livre e não se coibissem de dar uma simples opinião que seja. Cidadãos interventivos e activos é que constroem uma sociedade democrática e participada.

Entristece-me assistir a milhares e milhares de professores que vão gritando para dentro, chamando nomes feios a Governo e governantes, mas depois perante uma câmara ou um microfone, parece que algo os amedronta, como se dizer que discorda da Ministra, faça com que esta, no dia seguinte, os exonere!

A todos esses quero dizer que o Governo agradece tal atitude e enquanto ela se mantiver, farão de vós o que quiserem. Não adianta juntarem-se aos milhares na rua e depois manterem-se escondidos atrás de um anonimato cobarde.

Sejam livres, porra! Dêem, pelo menos, a vossa opinião civilizadamente! Um sociedade de cidadãos amedrontados de, sequer, opinar, não é uma democracia. No dia que eu sentir que não sou livre de dizer o que penso, embalo a trouxa e, qual Zeca Afonso, zarpo daqui para fora!

Paulo Carvalho

Reunião, reunião, reunião

Hoje assisti a tudo. Do princípio ao fim com uma pausa para fumar um cigarro que sempre desenjoa.

Não sei se lhe chame hilariante se trágico.

Logo para entrada são distribuídos uns papelitos de base absolutamente viciada, que deram a alguém uma trabalheira, alguém que possivelmente não deu as suas aulas por ter de fazer este "servicinho oficial". Aparecem como compilação, disciplina a disciplina, aluno a aluno, das últimas avaliações dos alunos no ano anterior, para que sirvam de base ao projeto de melhoria para este ano. Mas, bem analisados, descobre-se que, dos alunos que estão a repetir, não se foi buscar a última avaliação. Era fraca, não convinha. O mesmo com os alunos estrangeiros.

Há dúvidas e mais dúvidas sobre o processo. Informações frescas. Tiram as dúvidas? Não. Baralham e tornam a dar.

O conteúdo dos portafolhas merece díspar informação - deve ter isto, deve ter isto mais isto, deve ter isto mais isto e mais aquilo... e mais isto e mais aquilo e gráficos, os gráficos valorizam qualquer portafolhas!

Bem, bem, eu lá ia perguntando de vez em quando mas querem mesmo ser avaliados? em jeito de velho Catão - delenda est Carthago; e quase unanimemente respondiam-me não. Que estávamos então a fazer ali?

Não está publicado o Projeto Educativo do Agrupamento, o Regulamento Interno espera oficialização, não há delegação de competência para avaliador em DR... mas, lá vamos indo.

No final distribuem-se umas grelhas com notações. Para rir. Só me ri agora à noite quando olhei para elas. Gostei sobretudo destes dizeres não existem evidências de que tenha adequado... ah, ah, ah, ah, ih, ih, ih, ih.

Depois a listinha da distribuição dos avaliados. Que honra! Sou muito velha, estava à cabeça na lista do avaliador com competência delegada e não publicada. Mas não existem evidências de que aquelas senhoras avaliadoras possam avaliar-me. Corre contra mim um processo disciplinar posto pelo Conselho Pedagógico de que aquelas senhoras à época faziam parte - já lá vai mais de um ano e vai andando de seca para meca sem solução -, Conselho Pedagógico presidido pela presidente do Conselho Executivo. Também não existe evidência de que esta senhora possa avaliar-me. Por agora também não existem evidências de que sejam mesmo obscenidades as palavras impunidade, vassalagem, mercenarismo que, escritas num documento que dirigi àquele órgão e retiradas do contexto, desencadearam o processo.

Também não existem evidências de que seja adequado aturarmos tudo isto.

Com esta carência de evidências o melhor é ir dormir que amanhã tenho aulas. E espero que os meus alunos possam dizer que aprendem nelas.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Sucesso, pois.

Andando eu a tentar perceber o que se está a passar, comecei a encontrar umas pontas para pegar no assunto. Partilho os meus "pensamentos".

Tudo se afunda nesta economia de faz de conta. Bolsas, empresas, banquinhos, bancos, bancos centrais, tesouros públicos...

Alguma coisa tem de equilibrar o deve e o haver. Sucesso escolar, sempre a subir o sucesso escolar, também faz de conta, mas a subir.

Vamos lá pôr as metas bem para cima, nos noventa, noventa e cinco ou mesmo cem por cento de sucesso.

Só nós, os professores, é que podemos fabricar notas. A banca, já muito rota, não fabrica e o dinheiro virtual, feito pelo clicar de um botão, esfumou-se. E tal como as outras notas (euros, dólares, ienes) já não têm correspondência ao ouro, também as nossas não precisam de corresponder a aprendizagens.

É por isto, caros professores, que nos andam a impedir de dar as nossas aulas (ninguém lá das hierarquias está preocupado com o que os alunos aprendem ou não aprendem) e nos exigem que fabriquemos notas. E se fabricarmos muitas notas altas o nosso sucesso fica também garantido.

Acho que é isto.




terça-feira, outubro 14, 2008

Como é que os Encarregados de Educação não dão conta?

Andavam por lá aos montes os horários ilegais. Tempos lectivos considerados não lectivos a esgotarem as energias de todos, a impedirem que o trabalho se fizesse bem. Reclamações, naturalmente.

Sai da cartola a solução - deixa de haver aulas de apoio para aqueles seis, sete, oito, dez alunos que por má preparação de base, ou outras dificuldades, precisam de um acompanhamento de proximidade, e organizam-se umas salas de estudo "especializadas" que os alunos, os que quiserem, se para aí estiverem virados, frequentarão.

Faz de conta, pronto, faz de conta. Interessa apenas que se cumpra a percentagem de sucesso que estiver determinada, sucesso que nada tem a ver com aprendizagem.

Ainda a avaliação

Há quem diga que não podemos rejeitar este modelo de "avaliação" porque não temos nenhum para propor em alternativa. Ora por que teríamos de propor alternativa? Não nos compete de todo.

A "avaliação" não pretende melhorar nada no que toca às aprendizagens dos alunos, nem sequer distinguir "os melhores professores", tarefa que seria estulta. Melhores em quê? As medidas que proliferam por essas hipóteses de grelhas são tolas. Ficou cedo à vista que se pretendia apenas construir uma engrenagem que servisse de travão à progressão na carreira que o dinheiro está curto e a instrução é um bem pouco estimável. E está agora claríssimo o imenso transtorno que tal engrenagem acarretou para o trabalho dos professores nas escolas com prejuízo imediato para as aprendizagens dos alunos.

Rejeitar todo este pesadelo burocrático, recheado do mais medíocre eduquês é o que nos cabe fazer se queremos mesmo ser professores, se queremos ter energia e alegria para pôr os alunos a aprender.



Bloqueios

A caixa de correio bloqueou.

Ai bigbrother, big, big brother! Lá vou ter de resolver o probleminha.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Que avaliações?

Furtado de um blogue amigo.


12 Outubro 2008

Curriculum

Tenho vários amigos professores do secundário. Por eles vou sabendo parte do que se tem passado com este Governo, a ex-trotskista que faz de ministra, um boçal que nem consegue ter uma aparência de secretário de estado (mesmo deste governo e deste ministério). Pelo jornal, mais alguma coisinha. O que, descontando o que diz a comunicação social (talvez por ser "social" e eu uma pedante, considero que não me tem como destinatária), é saber relativamente pouco.
Fiquei com a vaga ideia de que leccionar é desinteressante, do ponto de vista institucional, para o curriculum dos professores e respectivas avaliações.
Ora, no chamado superior também, o que descobri recente e tardiamente, como é inevitável para o meu formato.
Pelo que não tenho grande curriculum, em especial se comparado com o de coleguinhas que fazem da vida docente a de caixeiros-viajantes, metendo-se como piolho por costura em vários cantos do mundo (em particular lusófono), onde se fazem passar por sapientíssimos e desenvolvem convénios, protocolos e outras habilidades que eu não faço grande ideia do que sejam.
Eis-me pois preocupada com o tal curriculum, o que, ensinando e escrevendo toda a vida, nunca me ocorreu que fosse coisa que tivesse ou tivesse de ter.

domingo, outubro 12, 2008

Portas ao fundo!

Verdadeiramente espantoso continuar a ouvir o senhor Paulo Portas bradar contra a atribuição do rendimento mínimo. Vendo passar à frente dos nossos olhos o mergulho no abismo deste "mercado" que , ao contrário dos outros por onde distribui bandeiritas e aventais, lhe foi trazendo sempre rendimentos avantajados, por que não se cala o homem? Será que julga estar ainda a tempo de toldar a opinião pública que vai agora descobrindo o buraco que estes senhores andaram a encobrir?

Eu que, como já disse, não percebo nada de finanças fico agora maravilhada com reportagens onde os manipuladores nos explicam como se fazia. Uma vez que os robots não vão às lojas comprar a mercadoria que produzem, arranje-se quem vá. Então "obrigavam-se" as pessoas (eram os telefonemas insistentes com cantos de sereias, as cartinhas a atulharem caixas do correio, os out ou in door aliciadores...) a recorrer a créditos para comprar casas, carros, lcds, inflacionava-se o valor destas coisas mas emprestava-se-lhes até de sobra para que avançassem para outras minudências. Nunca poderiam pagar esses empréstimos mas nada disso importava .Juntava-se num portefólio (é assim que lhe chamam e aqui parece-me rebuscamento adequado) todo este crédito inflacionado e mal parado e seguia para as bolsas. Compravam-se, vendiam-se e compravam-se e vendiam-se. Eram "futuros", dizia-se. Nestas operações todos os intermediários iam arrecadando.

E negócios maiores para os governozitos - submarinos, pois, bens essenciais, para qualquer país que se preze.

Lá que nunca vi nenhum robot, daqueles de lata, a sério, na fila da caixa do supermercado, não vi; e parece-me estar aqui o fundo do problema!

Mas, voltando ao desbocado lá de cima, só espero que os jovens que naquelas aulas chatas (que as há, claro) se entretêm a jogar à batalha naval, sussurrem agora portas ao fundo. Se jogarem nos pátios ou nos jardins, gritem.

sábado, outubro 11, 2008

E erguem-se!

"Este Ministério não pode pôr de pé um sistema avaliativo construído sobre o desrespeito, a anulação e a exploração dos professores.
O regime de quotas impõe uma manipulação dos resultados da avaliação, gerando nas escolas situações de profunda injustiça e parcialidade, devido aos “acertos” impostos pela existência de percentagens máximas para atribuição das menções qualitativas de Excelente e Muito Bom, estipuladas pelo Despacho n.º 20131/2008, e que reflectem claramente o objectivo economicista que subjaz a este Modelo de Avaliação.
Enquanto todas as limitações, arbitrariedades, incoerências e injustiças que enformam este modelo de avaliação não forem corrigidas, e, ainda que, no presente ano lectivo, o modelo se encontre, apenas, em regime de experimentação, os professores signatários desta moção, por não lhe reconhecerem qualquer efeito positivo sobre a qualidade da educação e do seu desempenho profissional, solicitam ao Conselho Pedagógico a suspensão de toda e qualquer iniciativa relacionada com a avaliação por ele preconizada."

Agrupamento de Escolas de Aradas, 6 de Outubro de 2008

Queremos ser professores. Vamos à manifestação!

MANIFESTAÇÃO DE PROFESSORES - 15 DE NOVEMBRO - LISBOA

É oficial!

Se, até aqui, apenas pairava no ar a ideia de uma manifestação, no dia 15 de Novembro, esta é, agora, irreversível.

Para todos aqueles que se têm interrogado sobre as questões legais e de organização, a partir de hoje o apelo é oficial.

Numa reunião da APEDE, em que o
MUP participou, ficou decidido que uma comissão composta por elementos desta Associação e deste Movimento tratará dos aspectos legais (comunicação ao Governo Civil de Lisboa) para:

Local de concentração: Marquês de Pombal, Lisboa.
Dia e Hora: 15 de Novembro, às 14 horas.
Segue-se desfile pela Rua Braancamp, Largo do Rato, Rua de S. Bento, terminando a manifestação em frente da Assembleia da República.

Vamos também solicitar a colaboração de outros movimentos e personalidades que têm dado o seu contributo à causa da Educação.

Nota: A APEDE é uma Associação legalmente constituída. Sítios na internet: http://apede.blogspot.com/ e http://apede.pt/.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Exemplar

Furtei do blogue do Ramiro Marques e tomo a informação como verdadeira.

Na Escola Secundária António Granjo, em Chaves, os professores, por unanimidade, abandonaram as reuniões de departamento onde se discutiam as diferentes fichas de avaliação de desempenho. Tomaram esta atitude por discordarem deste modelo de avaliação. Esta decisão ficou lavrada em todas as actas.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Entretenimento generalizado

Está à vista que a droga da avaliação se tornou fortemente alucinogénea. Não que eu ande a ver as grelhas que por aí andam a fabricar-se - mantenho-me longe desse consumo perigoso para a saúde. Mas pelo ambiente gerado é fácil concluir que a coisa está a ficar muito feia. "Ó X, disse-me a Y que tens uns materiais bons para as aulas de sssssssss." "Tenho mas são meus". GRRRRR, vóóóóómito!Pulsão suicida que o excelente, o muito bom ou até o bom geram!

Ao que parece o frenesim local de construção do "melhor instrumento de medida do empenhamento" tem os dias contados. Finou-se já o processo. Que arda nos infernos que tem acendalha que chegue na papelada inútil já forjada.

Segue-se, vindo do olimpito, um processo modernaço, simplex, digitalex. Não atenuará o desastre desencadeado. Mas, como sou otimista, suspeito que terá caminho semelhante ao processo finado. E que morra depressa. Talvez se possa fazer-lhe o funeral no dia 15 de Novembro. Sobrarão ainda muitos meses para salvar o ano lectivo, para que as pessoas tenham tempo, paciência, energia e sabedoria para se ocuparem dos alunos.

Vem esta arenga a propósito das notícias dadas no blogue educacaosa, dadas pelo senhor reitor.
Furtei o post. Aqui fica.

A Simpflificação - Primeiro Passo

Já se diz por aí, nos mentideros, que ontem reuniu o Conselho das Escolas com toda a equipa ministerial: a Maria de Lurdes Rodrigues, o Valter "Excesso Grave de Faltas" Lemos e o Jorge "Sinistro" Pedreira. Ainda não tive confirmação se o Ingº esteve presente. Pode ser que ...mais logo.
Ao que me sopraram, a grande novidade da sessão de "informações" (até no Magalhães se falou) foi sobre a avaliação dos professores.
Parace que vai ser centralizada através de uma aplicação na internet. Vai fazer-se tudo online?!?!
Estavam os professores preocupados com as metas, os objectivos mínimos e as notas máximas... Calma! Ainda têm tempo. Aguardem pela aplicação...
Pensavam eles, erradamente, que se ia manter o modelo de avaliação;
Culpabilizavam os sindicatos por se terem comprometido com um mau acordo...
Nada disso!
A Ministra da Educação, afinal não é assim tão má para os professores.
No momento em que todos estavam a desesperar com as grelhas, os objectivos e todas as outras fatalidades , repito, fatalidades, a ilustre Ministra da Educação de Portugal foi ao Parlamento das Escolas anunciar um modelo simplificado: A Avaliação pela Internet!


Modelo simplificado de Avaliação de Desempenho Docente Pela Internet
2008/2009

1. Há uma "aplicação" centralizada na DGRHE para se aplicar o modelo
2. Os professores inscrevem-se na "aplicação" tal qual para os concursos, com login e password
3. É-lhes colocado um chip informático de identificação
4. Os avaliadores, já chipados na qualidade de avaliados, avaliam também pela internet
5. A Big Mother controla todo o processo, verificando da legalidade, das notas que cada um dá e que cada um obtém, dos objectivos e tudo o mais...
6. No fim do processo, imprimem-se as fichas e... já está.

A menos que haja surpresas, não demorará muito a que os professores estejam todos com um bonita trelinha (electrónica, claro) nos seus ilustres pescoços.

Reitor