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M. Eugénia Prata Pinheiro

quarta-feira, abril 28, 2010

Chegado por mail - interessante!

Robert Kurz

CONTAS DE MERCEEIRO

Depois da vergonha das previsões dos últimos anos, o relatório da Primavera dos institutos económicos alemães regressa, logo no título, a uma avaliação ambígua: “A recuperação continua - os riscos permanecem elevados”. O anunciado êxito da economia nacional refere-se, em primeiro lugar, ao mercado de trabalho: aqui a grande queda tem sido evitada, ao contrário dos E.U.A. e dos outros Estados membros da União Europeia. Por detrás disso estão a redução do horário de trabalho com redução de salário e subvenção pública, a expansão do trabalho a tempo parcial e do trabalho temporário, a continuação da queda dos níveis salariais e o aumento dos autónomos precarizados entre as classes médias qualificadas. Tanto a actividade económica como o tempo de trabalho têm diminuído e não se esperam novas contratações. Em suma, a catástrofe no mercado de trabalho tem sido evitada, provisoriamente, à custa da redução do rendimento disponível, o que não aponta para uma recuperação da procura interna.

Também é isso que se pretende, pois o relatório identifica como único factor de recuperação uma procura externa atractiva. Que, naturalmente, não só está muito abaixo do nível dos anos anteriores à crise, mas também se espera que enfraqueça novamente já este ano, quando se esgotarem os programas públicos de estímulo às economias dos parceiros comerciais. Pelo que, como já foi dito, se trata de contas de merceeiro, que não levam em conta a globalização nem os subsídios públicos à procura. São os próprios "factores de risco" que suportam aquela "recuperação” modesta, porque o problema da conjuntura económica baseada no deficit deslocou-se das bolhas financeiras para o crédito público. Segundo o relatório, só o deficit federal anual terá de se reduzir até 2016 em cerca de 10 mil milhões de euros. A reacção em cadeia a estas reduções drásticas de custos em todas as áreas públicas (o relatório menciona os "custos com pessoal" e o "sector da saúde" como áreas com potencial de poupança) vai trazer, por assim dizer pela porta das traseiras, o aumento do desemprego em massa por enquanto evitado. A alternativa seria uma política inflacionista com consequências imprevisíveis.

Os próprios institutos dizem que uma política de redução de custos imediata poderia estrangular a ainda fraca conjuntura económica da Primavera. Isto é válido para a RFA, mas não só. Se, como tem acontecido, se pretende que seja a procura externa a trazer a salvação, o problema é meramente externalizado dentro da zona. Os excedentes comerciais da Alemanha em relação aos seus vizinhos mais importantes subiram ainda mais na crise do ano 2009, não em último lugar graças à política doméstica de baixos salários. O circuito de deficit no Pacífico, entre a Ásia e os Estados Unidos, tem o seu equivalente na União Europeia, entre a Alemanha e os países do sul e do ocidente europeu. Este circuito de deficit agora só pode ser financiado precisamente através de deficits públicos agravados que, no caso da Grécia, já levaram à beira da falência. Como poderão estes países asfixiar a conjuntura económica interna através de medidas de poupança ainda maiores e, simultaneamente, absorver os excedentes de exportação da Alemanha? Uma tal quadratura do círculo não é possível. Os limites previsíveis dos programas públicos de estímulo à economia e a segunda onda da crise então iminente em todo o mundo vão levar a um teste crucial da Zona Euro. Sobre isso o relatório prefere guardar silêncio.

Original RECHNUNG OHNE DEN WIRT in www.exit-online.org. Publicado em Freitag, 22.04.2010

Qual crise?

Portugal é o terceiro no ranking da FIFA.

Que contente e confiante estou!

Viva o senhor Pinto da Costa! Viva o senhor Luís Filipe Vieira!
Vivam todos os outros presidentes de clubes cujo nome ignoro mas que, por certo, contribuíram para tão prestigiosa rankisação!

terça-feira, abril 27, 2010

Divulgo, pois.

As aferições em 2010

Informação sobre as provas de aferição de português e matemática do 6º ano.

Informação sobre as provas de aferição de português e matemática do 4º ano.

quarta-feira, abril 21, 2010

No pântano

Dois adolescentes morrem afogados num charco.

Notícia triste. Mais uma vez a negligência de um "empresário" leva à liquidação de duas vidas.

Os vizinhos reclamaram. Era um espaço aberto, perigoso, desprotegido, próximo de escolas. O desastre estava à vista. A autarquia terá notificado o empresário para que procedesse à vedação do espaço e esvaziamento da "lagoa artificial".

Nada foi feito.

Ficará impune o desleixado criminoso? Escapará à prisão efectiva, a indemnizar as famílias enlutadas?

Não deveria a Câmara ter poder para proceder à obra, apresentar a despesa ao "empresário" e, caso este a não pagasse, tomar o terreno como garantia?

segunda-feira, abril 19, 2010

E assombrações


Mais sombras...


domingo, abril 18, 2010

Aula de Matemática

Obrigada, Anovis Anophelis

APEDE

No país do faz-de-conta


Estando nós a encaminhar-nos a passos largos para o final do ano lectivo, é tempo de nos perguntarmos, em jeito de balanço, o que é que os professores conquistaram com a “mudança” do ciclo político aparentemente aberta pelas últimas eleições e com a alteração da equipa do Ministério da Educação.

E a resposta, para quem tiver um mínimo de honestidade intelectual, só pode ser uma: nada. Ou, pelo menos, nada de verdadeiramente substancial.

Após meses de negociações com os sindicatos que desembocaram num famigerado Acordo, tão incensado pelos fanáticos do activismo-sindical-que-temos, permanecem de pé todas as peças fundamentais da legislação congeminada pelo consulado de Maria Lurdes Rodrigues.

Nem uma foi derrubada, não obstante os falsos compromissos que prometiam soluções rápidas.

O Estatuto da Carreira Docente continua a ser o que herdámos do anterior governo, e não se vê qualquer vontade política de que o dito Acordo seja vertido em letra de lei.

O Estatuto do Aluno, com o seu cortejo de absurdos, continua a infernizar o quotidiano laboral dos professores, sobrecarregando-os com uma miríade de tarefas burocraticamente idiotas e inúteis, de efeitos nulos na responsabilização dos alunos e servindo apenas para penalizar os que são cumpridores.

E agora, qual cereja em cima do bolo da mistificação que nos tem sido servida, verifica-se que a farsa da avaliação do desempenho vai ser mesmo incorporada na orgânica dos concursos de colocação de professores, determinando a sua graduação.

Por tudo isto, o Antero foi mesmo profético quando concebeu, em Outubro de 2009, este cartoon:

E também foram lúcidos os que perceberam que Isabel Alçada mais não seria do que o equivalente de Ana Jorge à frente do Ministério da Educação: alguém que teria a incumbência de esvaziar a contestação com muitos sorrisos e beijinhos, fazendo de conta que todos os pontos rejeitados pela classe docente seriam alterados, mas adiando para as calendas todas as transformações de fundo.

Para isso, Isabel Alçada contou com duas cumplicidades de peso.

Em primeiro lugar, a bancada parlamentar do PSD, que depressa retirou o tapete debaixo dos pés dos partidos da oposição que pretendiam aprovar uma resolução mais célere no sentido de se suspender a palhaçada, infeliz e infecta, da avaliação dos professores, e eventualmente mobilizar a Assembleia da República para uma revisão séria do ECD.

O pretexto para esta deserção do PSD foi devolver aos sindicatos o protagonismo na negociação dos diplomas. E assim se abriu a porta aos segundos cúmplices da manobra do Ministério da Educação: os sindicatos, pois claro, e, em particular, a Fenprof enquanto organização de maior peso e influência.

Os sindicatos de professores juntaram-se à actual equipa ministerial na encenação do “novo clima de concórdia e diálogo”. Aquando da última greve da Função Pública, incorreram mesmo no ridículo de “esclarecer” publicamente que a sua participação nessa iniciativa não se destinava a contestar a actual Ministra da Educação - não fosse ela levar a mal e não os receber com um beijinho quando voltassem a encontrar-se na 5 de Outubro!

A APEDE tem sido acusada de sustentar um discurso sistematicamente anti-sindical. O nosso historial mostra que tal acusação é falsa. Mas deixamos aqui uma singela pergunta aos nossos críticos habituais: podemos nós eximir-nos de apontar o dedo às direcções sindicais quando constatamos toda a nulidade do que foi feito e conseguido até agora?

Mais: podemos nós calar a nossa revolta e a nossa repugnância, quando vemos que nem sequer algumas das pseudo-conquistas que Mário Nogueira se apressou a proclamar estão a ser minimamente cumpridas pelo Ministério?

Tudo aponta, pois, para que o ano lectivo termine sem que os professores e as escolas tenham saído do buraco para que foram empurrados por Maria de Lurdes Rodrigues e José Sócrates.

E tudo sugere que, numa história desgraçadamente longa de desilusões e de traições, estejamos a assistir a mais uma variante de um tipo particular de “beijinho”: o beijo de Judas.

sábado, abril 17, 2010

PROmova

Comunicado do PROmova: Se é para continuarem a brincar às lutas, e com as lutas dos professores, não contem com o PROmova

COMUNICADO
Se é para continuarem a brincar às lutas, e com as lutas dos professores, não contem com o PROmova

O PROmova, como consta na sua agenda reivindicativa, apenas está disponível para mobilizar os professores e para se envolver em lutas que visem travar, definitivamente, as inconsistentes e nada sérias medidas da política educativa socrática, nomeadamente, e no imediato, todas as implicações da farsa do 1º ciclo de avaliação, o modelo de avaliação em vigor, os constrangimentos administrativos à progressão na carreira e o actual modelo de gestão.
Foi no pressuposto da defesa coerente da razão e da justiça que nos assiste, que fomos os primeiros a denunciar o logro que o "Memorando de Entendimento", celebrado em Abril de 2008, representava para os professores, como não embarcámos, juntamente com a APEDE e o MUP, no canto das pretensas vitórias consubstanciadas no "Acordo de Princípios", cozinhado, no dia 7 de Janeiro de 2010, entre o ministério da Educação e alguns sindicatos, contra as razões e as principais reivindicações dos professores.
Em ambas as situações, a realidade veio dar-nos razão, evidenciando que não compensa legitimar políticas erradas e as suas "farsas" postas em prática, no terreno, como não é sensato abdicar da coerência e dos princípios que se defendem.
Ora, se "à primeira quem quer cai e à segunda só cai quem quer", então, à terceira só cai mesmo quem não se incomoda de fazer o papel de "idiota útil". Este papel, o PROmova não o fará de certeza.
Se a Fenprof e a Fne, após duas infidelidades mal sucedidas, assumirem o compromisso público de que, desta vez, não abdicarão das exigências, tanto de anulação de todas e quaisquer vantagens e penalizações decorrentes do 1º ciclo de avaliação, como de rejeição deste modelo de avaliação, então, podem contar com o PROmova nesta luta.
Se estas estruturas sindicais restringirem a contestação a meras suspensões pontuais ou a pedidos de prorrogação de normas transitórias, mas mantiverem a aceitação do modelo de avaliação e não exigirem a anulação da farsa que foi o 1º ciclo de avaliação, então o PROmova não alinhará em abaixo-assinados e em manifestações de faz-de-conta.
Ficaremos à espera de uma clarificação sobre o alcance da contestação proposta.
Pela nossa parte, e mesmo sem tempo e meios logísticos para o efeito, não deixaremos de reforçar a nossa presença junto dos professores e de tudo fazermos para ver, mais cedo ou mais tarde, concretizada a nossa agenda reivindicativa.
Aquele abraço, com a força da coerência e da convicção.
PROmova

Nada de novo

Quando Fenprof e Fne, no "acordo" de 7 de Janeiro admitiram por bons os resultados da avaliacão do "ciclo" 2007/2009, revelaram que entregavam tudo, mas tudo, nas mãos do governo.

A prestimosa colaboração já tinha, aliás, começado bem antes. Não houve enganados. Cumpriram o papel que lhes foi atribuído quando os professores, em força, se levantaram - criadores de ilusões, de entretém, bombeiros para todos os fogos. Foram a baba indispensável para a construção de toda a teia.

Concurso de professores: uma estocada na estratégia mansa da Fenprof e da Fne



A actual intransigência da ministra da Educação para anular os impactos de uma avaliação fantoche na graduação profissional é uma consequência da postura nada firme e irresponsável da Fenprof e da Fne, durante os meses de Dezembro e Janeiro, no quadro das negociações que culminaram no abjecto Acordo de Princípios.
Sempre que, no momento oportuno, se cede injustificadamente, se abdica de princípios e reivindicações nucleares e se procura ser bonzinho (Nogueira não quis pôr o "pé em cima do pescoço do governo", para agora levar, do mesmo e aparentemente à socapa, um murro no estômago), dá-se o flanco da autoridade, da força negocial e da respeitabilidade ao nosso contendor.
Como tal, não podemos iludir o óbvio e deixar de chamar os "bois pelos nomes": por mais que isto seja devastador para a unidade dos professores e para sua mobilização (e que também foram os próprios sindicatos a esvaziar), a Fenprof e a Fne constituem os grandes responsáveis pela situação de injustiça gritante e de ataque à seriedade, que a valorização das classificações para efeitos de concursos, tal como caótica e discricionariamente atribuídas no 1º ciclo de avaliação, representa.
Há aqui dois factos que não podem ser descartados e que devem responsabilizar a Fenprof e a Fne:
- estas estruturas sindicais hipotecaram um capital unitário de luta e, sobretudo, desbarataram uma oportunidade política única de, no Parlamento, terem forçado a suspensão do 1º ciclo de avaliação e a substituição deste modelo de avaliação. Foram estes sindicatos que convenceram os partidos da oposição (há declarações factuais e testemunhos fidedignos que o provam) a entregarem-lhes o protagonismo negocial, o qual traiu as expectativas dos professores e conduziu aos resultados que estão à vista: aceitação do modelo de avaliação, legitimação do 1º ciclo de avaliação e acolhimento do sistema de quotas;
- se Mário Nogueira falou verdade, quando remeteu para uma acta a existência de compromissos com o ministério da Educação tendentes a anular "de uma vez por todas" os efeitos da avaliação nos concursos, deve sentir-se obrigado a divulgar aos professores o conteúdo dessa acta e, desta forma, desmascarar o ministério da Educação como negociador de ma-fé.
Exige-se um mea culpa dos sindicatos perante os professores (comprometendo-se a despirem a penugem de galinhas quando se lida com raposas) e uma explicação cabal dos compromissos estabelecidos com o ME.

Texto do Octávio V Gonçalves

sexta-feira, abril 16, 2010

Para rir

Mandaram-me por mail a indicação do abaixo-assinado da FENPROF que transcrevo:

O processo de avaliação de desempenho dos docentes no ano lectivo 2008/2009 foi caótico e ferido de um enorme número de arbitrariedades. Nomeadamente os critérios para a atribuição das menções de Muito Bom e Excelente variaram de escola para escola, havendo aliás várias situações em que os docentes não foram sequer avaliados.

É inaceitável que uma situação que o próprio Ministério da Educação reconhece ter sido caótica conduza a situações de injustiça irreparáveis. O Ministério da Educação tem plena consciência do que se passou e sabe das injustiças que tal provocaria.

Porque acreditam que ninguém tem o direito de impor graves injustiças tendo plena consciência de que o está a fazer, os professores e educadores abaixo-assinados exigem ao Ministério da Educação que, para o concurso aberto no passado dia 12 destinado designadamente para contratação, não sejam tidas em conta para efeitos de graduação para concurso as menções atribuídas nas avaliações do ano de 2009.
......................................................................................................................................................
Afinal ME e FENPROF admitem que o ciclo de avaliação 2007/2009 não passou de uma mistificação, uma palhaçada. Esquece-se a FENPROF do quanto colaborou com ela ao convencer os professores a cumprir o ritual, pelo menos no que toca à entrega de uma faz de conta auto-avaliação. Esquece-se de como deu aval a tudo isto no célebre acordo que firmou com o ME. Reconhecendo que tudo foi caótico, arbitrário, criador de irreparáveis injustiças, vem propor que se reclame que as avaliações apenas não contem para a graduação no concurso. Não lhe ocorre exigir que tudo aquilo seja enterrado bem fundo. Continua a palhaçada.

Quem ainda der algum crédito à FENPROF que assine.

Quanto ao ME nem consegue interpretar a legislação que produz.

quinta-feira, abril 15, 2010

Os escravos e os burocratas trapalhões

Demorei 40 minutos a ler as 9 páginas do Aviso n.º 7173/2010, que indica aos interessados o
processo pelo qual se podem candidatar a suprir as necessidades transitórias de pessoal
docente para o ano escolar de 2010-2011.

Considero-me relativamente familiarizado com a linguagem dos burocratas de serviço, à força de tanto tropeçar com ela. Mas esta é tão prolixa que, se tivesse a desdita de me submeter a tal “procedimento concursal”, teria horas e horas de consulta da selva legislativa citada e de
descodificação do que se me aplicaria. Leiam os portugueses cépticos o Diário da República n.º 69, 2.ª série, de 9 de Abril, páginas 18.354 a 18.362.

Se a forma me revolta, o espírito enoja-me. A que chamam necessidades transitórias? A milhares de postos de trabalho, em horário completo, que se repetem sistematicamente,
ciclo após ciclo. Em 2009-2010 foram assim preenchidos cerca de 15.000 lugares. A estes acrescem outros tantos “tarefeiros”, que garantem as actividades de enriquecimento curricular, e mais uns milhares com horários incompletos. Para subsistirem, escravos do século XXI, os professores contratados concorrem a tudo de olhos vendados e alma amordaçada.

Recebo narrativas de vidas de professores que há 15 anos são sistematicamente colocados
em horários completos. E gente sem vergonha continua a chamar a isto “necessidades
transitórias”. Estes professores não podem ter vida conjugal. Não podem ter casa. Não podem dar estabilidade aos filhos. São vítimas de um nepotismo executivo que arrasta esta situação há 36 anos.

Sei do que falo e tenho autoridade para falar. Quando, há 28 anos, integrei o Governo, já
o problema se punha. Fiz depender a minha entrada da aceitação, entre outras medidas,
da contratação definitiva de todos os professores com 3 anos seguidos de serviço docente, em horário completo. O diploma foi feito e a medida foi publicamente anunciada, não para 3 mas para 5 anos. Já na altura argumentava, com cobertura do ministro da Educação, Fraústo da Silva, e do primeiro-ministro, Pinto Balsemão,que era imoral e insustentável que o Estado exigisse aos particulares a contratação definitiva ao fim de 3 anos de precariedade e depois não cumprisse ele, Estado, aquilo que exigia aos outros. A medida não passou do papel e foi uma das causas da minha demissão.

Os concursos, que estavam estabilizados, eram relativamente simples e funcionavam relativamente bem, tornaram-se cada vez mais complexos e iníquos. A precariedade e a instabilidade tornaram-se escandalosas (nos últimos 3 anos saíram dos quadros mais de 14.000 professores e não chegaram a 400 os que entraram) e os burocratas ficaram trapalhões.

Cada vez que abrem um concurso, a trapalhice aflora. Ela aí está instalada, mal abriu este.
Estando lá e resultando da leitura cruzada de vários diplomas que se aplicam, a Fenprof não viu que no aviso em epígrafe é considerado o resultado da contestada avaliação do desempenho, para efeitos de graduação profissional. Assim o afirmou de manhã, para se contradizer à tarde. Dispondo a aplicação informática da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação de
campos distintos para averbar a menção quantitativa e a menção qualitativa da classificação profissional dos docentes, rapidamente se verificou uma situação caricata, gerada pela incompetência que grassa: como é sabido, se um professor recebeu 9 de menção quantitativa, a que corresponderia um Excelente que não viu outorgado (regime de cotas para os excelentes), mais verificou que a cegueira da aplicação informática não lhe aceitava o 9 da avaliação quantitativa. Apenas se compadecia com um 7, por exemplo, que ele não teve. Ou seja, a burrice
da coisa (ou dos coisos, que gente não são certamente) penaliza-o duplamente.

Surpresa? Não para muitos. Assim como um peixe pode nadar para aqui e para ali mas não pode passear-se em terra nem voar pelo céu, o celebrado Acordo só poderia dar nisto. Mais de 3
meses de conversa fiada deram, espremidos, tudo legalmente na mesma. Na mesma uma avaliação do desempenho sem rei nem roque, a que juntaram mais uma excrescência mole: apreciação intercalar, de seu nome. Terminarão premiados os oportunistas que avançaram para o Bom e Excelente, contrariando o que Mário Nogueira garantiu ao povo? Em boa verdade,
presumo que mais um jogo conciliatório de cintura o evitará a breve trecho. Mas porque nenhuma legislação o modificou, terão então a protestar, com razão legal, os que se virem rapados de 1 ou 2 valores de majoração, para efeitos de concurso. Uma trapalhada, sem volta a
dar-lhe, que começou quando não suspenderam o que só podia ter o lixo por destino.

Na mesma o estatuto, com titulares e não titulares e horários de escravidão e inutilidades. Na mesma os planos de estudo, sujeitos à cosmética dos esteticistas do regime. Na mesma o estatuto do aluno, reforçado com o branqueamento de inquéritos inoperantes e promessas
de modificações que já existem. Na mesma a gestão das escolas, transformadas em pequenas ilhas de tirania, em locais de subjugação, de vivência dolorosa e inútil.

A Educação nacional é governada por “snipers” da portaria e do despacho, que usurparam a democraticidade, destruíram a cooperação e ocuparam os centros de decisão com a política dos políticos, estejam eles no governo ou nos sindicatos.
Santana Castilho, Professor do ensino superior (s.castilho@netcabo.pt)

sexta-feira, abril 09, 2010

A bolha chinesa

Chegou por mail este texto interessante de Robert Kurz.

Foi a bolha imobiliária nos países anglo-saxónicos e em partes da zona Euro, como se sabe, que primeiro alimentou a conjuntura económica global baseada no deficit e depois provocou, com o seu estouro, a maior crise financeira e económica há mais de meio século. Após o crash, o mercado da habitação depende agora da alimentação endovenosa do Estado. As garantias e apoios estatais é que travaram a iminente queda num poço sem fundo dos preços do imobiliário. Pretende-se assim evitar perdas mais dramáticas de activos e a falência dos bancos. Mas, enquanto o saneamento do mercado for adiado artificialmente, todo o sector pesa como uma pedra de moinho no pescoço da economia mundial. Em qualquer caso, não se vê donde possa surgir um novo propulsor para futuras conjunturas económicas baseadas no deficit. Como os preços dos imóveis, devido à intervenção do Estado, ainda não desceram à terra, a política dos bancos centrais de taxa de juro de facto zero também não serve de nada. Tão depressa não voltará a haver novo milagre do consumo de qualquer dos lados do Atlântico a partir de um boom imobiliário financiado a crédito.

As esperanças viram-se agora para a China. Lá, os enormes programas públicos de apoio à conjuntura económica a crédito compensaram temporariamente a queda das exportações. Também contribuiu para isso a política de baixas taxas de juro do banco central que, por imposição governamental, teve de ser repassada pelos bancos comerciais às empresas e particulares (ao contrário do que se passou na Europa e nos E.U.A.). Assim foram perigosamente financiados investimentos futuramente ruinosos, como capacidades industriais excedentárias e infra-estruturas. Uma parte cada vez maior do dinheiro barato flui para as bolsas de Shenzhen e Xangai, mas sobretudo para a especulação imobiliária. Segundo dados oficiais, os preços da habitação subiram 10,7 por cento num ano. O economista de Xangai Wang Jianmao disse mesmo que as “harmoniosas estatísticas" estariam falsificadas. Segundo os seus próprios cálculos, a taxa de aumento já estaria de facto em 23,5 por cento. Na China incha a olhos vistos a próxima grande bolha do imobiliário. O crescimento record da China, supostamente nada influenciado pela crise económica mundial, poderá vir a revelar-se uma prosperidade ilusória. Pois a economia interna da China está agora a repetir o mesmo mecanismo da conjuntura económica das bolhas financeiras, que já antes tinha conduzido a economia mundial e a exportação da China até à queda inevitável.

No entanto, existem diferenças significativas. A classe média envolvida na especulação imobiliária está longe de ser tão grande como nos E.U.A. Não existem aqueles grupos da população que, perante os preços crescentes do imobiliário, hipotecam as casas adquiridas de facto sem capital próprio, convertendo o valor dos empréstimos em consumo. Da bolha chinesa não surgirá, portanto, qualquer milagre de consumo. E muito menos de tal magnitude que pudesse agora absorver os excedentes de exportação do próprio país e, além disso, também o excedente de mercadorias do mundo (como acontecia antes com os E.U.A.). Com a ajuda de um aumento especulativo dos preços das casas surgiu, sim, um boom na indústria da construção, que suporta uma parte cada vez maior da conjuntura económica. Mas assim estão a ser erguidos apenas bairros fantasmas desabitados. Não chega a ser activado o segundo impulso à conjuntura económica através do consumo de massas feito a partir de empréstimos hipotecários sobre as minúsculas casinhas. Portanto, é de esperar que o estouro da bolha chinesa seja muito mais rápido do que o da americana. Se a massa admitida de crédito mal parado se mantiver, as enormes capacidades excedentárias de produção já não poderão ser financiadas. Então também o milagre chinês terá de expirar.


Memória




Irena Sendler

Uma senhora de 98 anos chamada Irena acabou de falecer.
Durante a 2ª Guerra Mundial, Irena conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações.
Mas os seus planos iam mais além... Sabia quais eram os planos dos nazis relativamente aos judeus (sendo alemã!)
Irena trazia meninos escondidos no fundo da sua caixa de ferramentas e levava um saco de serapilheira, na parte de trás da sua camioneta (para crianças de maior tamanho). Também levava na parte de trás da camioneta, um cão a quem ensinara a ladrar aos soldados nazis quando entrava e saia do Gueto.
Claro que os soldados não queriam nada com o cão e o ladrar deste encobriria qualquer ruído que os meninos pudessem fazer.
Enquanto conseguiu manter este trabalho, conseguiu retirar e salvar cerca de 2500 crianças.
Por fim os nazis apanharam-na e partiram-lhe ambas as pernas e os braços e prenderam-na brutalmente.
Irena mantinha um registo com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, que guardava num frasco de vidro enterrado debaixo de uma árvore no seu jardim.
Depois de terminada a guerra tentou localizar os pais que tivessem sobrevivido e reunir a família. A maioria tinha sido levada para as câmaras de gás. Para aqueles que tinham perdido os pais ajudou a encontrar casas de acolhimento ou pais adoptivos.
No ano passado foi proposta para receber o Prémio Nobel da Paz... mas não foi seleccionada. quem o recebeu foi Al Gore por uns diapositivos sobre o Aquecimento Global.
Não permitamos que alguma vez, esta Senhora seja esquecida!!

Furtei de um blogue amigo