Escola

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M. Eugénia Prata Pinheiro

quinta-feira, dezembro 31, 2009

2010

Aí vem ele, o Ano Novo.

Há que tentar torna-lo bom.

Sobretudo há que manter o riso e o sorriso.

Remunerações

Serviço público - aqui fica a ligação a uma tabela de vencimentos dos professores do ensino básico e secundário.
Em tempo de "negociações", a análise da tabela pode limitar algumas atoardas.

domingo, dezembro 20, 2009

Brincadeiras

Aqui fica uma ligação para brincar durante as férias, digo, interrupção das atividades letivas.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Fim da escola?

Do Público

Catorze alegados candidatos à nacionalidade portuguesa foram detidos, sábado, pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, quando se preparavam para realizar exames de língua portuguesa, um procedimento obrigatório para os requerentes da nacionalidade. Doze dos 14 detidos foram acusados de fraude, já que se apresentaram a exame munidos com os documentos de identificação dos verdadeiros candidatos. Em Setembro, numa operação idêntica, foram detidas 67 pessoas.

Quando eu era jovem as forças policiais não podiam entrar nas escolas. Esta interdição ficou-me colada e, quando nos dias de hoje vejo prantado no pátio o carro da "escola segura",o estômago dá nó.

No sábado que passou o nó foi brutalmente apertado.
Fui convocada para os exames de língua portuguesa. Já decorria a prova quando a representante da direção veio à sala avisar os professores vigilantes que os examinandos deviam no final da prova manter-se nos respetivos lugares uma vez que os inspetores do SEF se encontravam na escola para verificação dos seus documentos. Contrariamente ao que diz a notícia, foi no final da prova que decorreu a cerimónia.

Esta incursão na escola parece-me absolutamente ilegal. Se estas provas "procedimento obrigatório para os requerentes da nacionalidade" servem para estas caçadas, não devem realizar-se nas escolas. Que as realizem no governo civil ou na esquadra mais próxima e que as pessoas saibam ao que vão. As escolas não podem ficar armadilhadas. Nas escolas as pessoas devem estar em segurança, ser respeitadas e estimadas. Escola/cilada não é escola.

Diz a notícia que doze "tentavam a fraude". Ora de habilitações fraudulentas é melhor não falarmos. Estes candidatos, sem possibilidade de prestarem prova por fax, experimentam outros recursos. Apanhados, são detidos e não sei o que os espera depois mas estou em crer que não chegarão a cargos governamentais ou a administrações da banca.

Dos outros dois não há detalhe na notícia. Mas diz-se que em setembro, em operação idêntica, já tinham sido detidas 67 pessoas. É estranho que só agora tal seja tornado público. Soubera eu e não me apanhariam como isco. Que mais me esperará neste admirável estado novo?

Da hipócrita preocupação com o domínio da língua falarei um dia destes







terça-feira, dezembro 01, 2009

A ministra precisa de tempo...

Extenso texto num P2 com dados biográficos da senhora ministra.

Deu durante alguns anos (poucos) aulas no 2º ciclo. Foi ocupando cargos (coordenação, conselho executivo). Saltou para o sindicato e depois foi fazer o tal faz de conta mestrado a Boston e lá se alçou à ESE.

Diz o texto:

Desistiu do sindicato quando começou a escrever mais assiduamente com Ana Maria Magalhães. Precisava de tempo. Foi uma das condições que também colocou na ESE de Lisboa: dar aulas só de manhã para ficar com as tardes livres para a escrita.

Aqui está uma experiência relevante para as negociações que se aproximam. Se a senhora precisava de tempo e requeria horários à medida das suas necessidades, compreenderá que os professores precisam de tempo, tempo para preparar o seu trabalho com os alunos, tempo para ler, tempo para estudar, tempo para escrever...

O texto também informa que a senhora, no último ano,

declarou cerca de 50 mil euros em direitos de autor, mais cerca de 60 mil em rendimentos brutos de trabalho dependente. O marido, Rui Vilar, presidente do conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian, acrescentou mais cerca de 240 mil.

Ora esta informação também é relevante - 50 mil mais 60 mil mais 240 mil - quer dizer que o casal dispõe de mil euros para gastar diariamente (mais cêntimo, menos cêntimo). O casal precisa portanto de tempo, já não para a escrita mas para gastar os euritos. Daqui decorre que as negociações com os sindicatos devem ser abreviadas. Os pontos essenciais - 8 ou 9 escalões, passagens de 3 em 3 e 4 em 4 anos, funil para os dois últimos (dada a crise e a necessidade de consumo, mantenho a proposta de acumulação de pontos - ver brainstorming - atribuídos por empresas de comunicação, transportes, frequência de actividades ditas intelectuais - cinema, teatro, concertos, conferências...), horários de 22 horas semanais mais 3 horas por período para reuniões - no 1º ciclo 25 semanais e 2 horas por período para reunião devem chegar e sobrar, nenhuma actividade de acompanhamento educativo dentro de sala de aula na ausência inesperada do professor e mais umas poucas coisas que espero que os sindicatos saibam. Se não souberem que nos perguntem. Temos mail disponível.

Nota: Acabando de chegar de uma reunião de departamento alterei o tempo destinado a reuniões. Qualquer professor de português com três ou mais turmas a cargo precisará de muito mais do que 13 horas para preparar aulas, ver trabalhos e preencher a papelada "criativa "que vai surgindo em catadupas

Patriotismo remix

Pedro Lomba, no Público - excerto final do texto

[...]

A celebração da nossa independência também não esconde as muitas dependências
individuais com que cada um vive a sua vida. Em Portugal acumulamos listas indetermináveis
de dependências. Dependemos do Estado e, como por cá o Estado se confunde com o Governo, estamos sempre à mercê de quem ganha as eleições. Dependemos de mil e uma leis e regulamentos e de mil e uma interpretações sobre essas leis e regulamentos, de funcionários que dependem de outros funcionários e de superiores que dependem de outros superiores, dos
poderes do fisco e dos corredores sinistros da nossa justiça abstrusa e encaracolada. Basta sermos apanhados pelas malhas de um para não sabermos o que esperar. Numa magnífica entrevista ao i, António Barreto explicou o mecanismo psicológico da dependência que
continua a crescer entre nós. A dependência é a incubadora do medo e do silêncio. E o medo e
o silêncio são os piores inimigos duma democracia livre.

O que há para comemorar então no 1.º de Dezembro?

Há pouco tempo pus-me a pensar na seguinte pergunta: será legítimo uma pessoa gostar e
defender o seu país se este, longe de ser recomendável, decente e organizado, for antes
um país sem futuro, cheio de oportunistas, cleptomaníacos e governantes sem escrúpulos?
Teremos algum dever moral de defender um país que parece ter sido capturado por uma rede de predadores que usa o poder em seu próprio benefício?

Para alguns a resposta é fácil: “o meu país, certo ou errado”. Mas este patriotismo retórico nunca me convenceu. O patriotismo não pode ser a exaltação das virtudes de um país contra os outros, nem assistir resignado ao nosso envilecimento colectivo. Para minha informação,
o meu amigo Eduardo Nogueira Pinto fez-me ver há tempos que aquela frase célebre tem uma
formulação mais completa: “O meu país, certo ou errado: se certo, que se mantenha certo; se errado, que se torne certo”.

Quer dizer então que a liberdade de existirmos como país não serve de nada se não formos exigentes, críticos, insatisfeitos, até que os aldrabões e os governantes sem escrúpulos saiam dos lugares que ocupam. Os conjurados de 1640 estavam descontentes com quem os governava e resolveram por isso agir. Este é o único sentido de independência que ainda nos sobra. Já que este país é o nosso, não vamos deixar que no-lo estraguem ainda mais. É uma luta permanente. (Jurista)

Será que eles não sabem que nós sabemos?

José Vitor Malheiros, no Público - excerto final do texto

[...]

Posto isto, o que é estranho é como, na nossa democracia (e noutras), a reputação das pessoas parece ser tão pouco levada em conta quando se trata de escolhas para lugares de relevância, sejam eles políticos ou empresariais. Falo naturalmente da reputação em termos éticos, de honestidade, já que a competência técnica e as capacidades intelectuais têm aqui uma importância de terceira ordem, como lembra, mais uma vez, Cícero (“Se um homem não for considerado honesto, quanto mais sagaz e inteligente ele for mais será detestado e objecto de desconfiança”).

Lembrar-se-ão os políticos que, quando nomeiam uma pessoa para um determinado cargo, essa pessoa possui uma reputação pública e que essa reputação se vai reflectir sobre a sua própria? Saberão que, mesmo que não tenha havido “sentença transitada em julgado”, há
pessoas que todos consideramos escroques? E que há outras que consideramos honestas? Como? Devido às suas posições públicas, aos benefícios que recolhem delas, aos sacrifícios que correram para fazer coisas justas, ao que dizem delas os próximos e os adversários, aos amigos
que cultivam e, sim, também às histórias que ouvimos. Rumores sem fundamento? Alguns sim, mas há perfis que vão ganhando peso, peças que se vão ajustando no puzzle, testemunhos que consideramos credíveis que vão solidificando a nossa opinião. Imaginará um ministro ou uma assembleia de accionistas de um banco que a pessoa que escolhem não possui uma reputação? Imaginarão que nós não sabemos? Imaginarão que não perguntamos uns aos outros até ter uma ideia de quem é fulano? A má reputação (a verdadeiramente má, não a de Brassens) não é um crime nem precisa de ser alimentada pelo tipo de provas que permite
escrever uma notícia de jornal ou fazer uma queixa à PGR. Pode apenas ser a convicção de que a pessoa em causa gosta mais de dinheiro do que devia, que não hesita em trair um amigo para se aproximar do poder, que tem uma noção vaga do que seja a decência, que se considera a si
e ao seu partido acima das leis. Nós sabemos quem eles são. E é por isso que é raro, tão raro, que uma notícia de uma suspeita ou de uma condenação por corrupção ou por desvio de fundos seja recebida com surpresa na redacção de um jornal ou no café do bairro. Na esmagadora
maioria dos casos, são escândalos à espera de acontecer. E quando os escândalos não acontecem isso apenas serve para prejudicar a reputação de quem os devia trazer à luz.

O (des)processo civilizacional - a Suiça e os minaretes

Paulo Mendes Pinto, no Público - excerto final do texto


[...] No fim disto tudo, regressando ao ensino, o garante esclarecedor da cidadania, esse sai brutalmente mal desta situação surreal. O país de Pestalozzi, entre tantos outros pedagogos ainda hoje enaltecidos, demonstrou que a instrução pode muito bem nada ter a ver com o esclarecimento colectivo. Os medos, o receio pela diferença são formas muito mais eficazes de controlar as populações.

As portas que se abrem com este referendo são monstruosas. Grandes, bafientas, revelam, na penumbra que nos apresentam, o que de pior a Europa tem sido capaz de fazer. Onde estão as luzes? A não ser as dos bancos… parece que se apagaram…

Director das licenciaturas em Ciências das Religiões nas Univ. Lusófonas em Lisboa e no Porto