Avaliação, alienação
Partindo do pressuposto de que a escola continua a fazer sentido e que pode passar conhecimento, pressuposto que, enfim, me traz algumas dúvidas, há que de momento enfrentar o magno problema da avaliação.
No que toca às escolas evita-se. Faz-se de conta que se põe em marcha um processo de avaliação interna arranjando uma comissão. Por departamento, muito democraticamente, por eleição, voluntariado ou sorteio, lá se encontram os membros para a dita. Os conselhos pedagógicos tomam conhecimento de que a comissão está constituída. Fica na acta. Pronto, está concluída a avaliação interna. E este modo de fazer na escola é a reprodução do que faz o próprio ministério que envia dados falsos para esses organismos internacionais de controlo. Num recente relatório da Unesco fica isso provado. Portugal está, por exemplo, colocado entre os países que fazem selecção na entrada para a profissão.
No que toca aos professores a coisa fia mais fino. O processo está inquinado à partida. Fica claro no arranjo inicial que o objectivo exclusivo é o da poupança. Assim, jamais se pretenderá que todos ganhem excelentes performances. Pretende-se apenas que pelo funil da carreira vão passando poucos, poucochinhos, que o erário, além de reduzido, não é para desbaratar em aprendizagens.
É assim que ficam fora deste concurso 1 para titulares de quê aqueles professores que se ocuparam das suas aulas. Feitas as continhas - 56 pontos por estarem ao serviço, 35 por não terem faltado, 1 ponto pelo satisfaz que obtiveram num qualquer desses anos - 92 é curto. Faltam 3 pontecos.
Naturalmente que, com o ambiente então reinante no que respeitava à avaliação, ninguém estava para se dar ao trabalho de requerer a classificação de bom. Já antes se fizera um ensaio de avaliação nas passagens para o 8º escalão e para nada serviram os bons ou muito bons aí obtidos. Em nenhum ponto do agora defunto estatuto, esta diferenciação entre o satisfaz e o bom tinha qualquer significado. Aliás aquela avaliação não tinha em si qualquer significado. Servia apenas para ocupar o tempo e constar no currículo de uns quantos elementos dos conselhos pedagógicos que indiscriminadamente atribuíam a menção de satisfaz a todos, quer fossem os maiores baldas quer não. Parece-me portanto absolutamente ilegal que essa "avaliação" ganhe neste momento esta força discriminatória. Se tivesses requerido o bom, tinhas 5 pontos e ias a concurso. Não requereste, tramaste-te. Mais ainda quando a palhaçada permite que alguém que até faltou bastante, se borrifou para as aulas ou até poucas tinha para dar porque acumulava cargos, vá agora buscar pontos aos cargos ou aos cursos que, baldando-se, teve tempo para fazer e salte airosamente para o concursinho. Pior ainda se, quando a coisa apertou, se pôs ao fresco com atestado de longa duração ou licença sem vencimento, como conheço casos.
Tudo isto dá o mote para o que irá ser a avaliação dos professores.
Não tem sentido a preocupação com os resultados dos alunos. Não é por aí. Aliás está a parecer-me que cada vez mais se caminha na senda do Carneiro Pacheco, o célebre ministro da instrução de Salazar. Ensine-se o medo, a delação e a ignorância. Pôr os alunos a pensar abre o caminho à crítica e à liberdade e isso são perigosas conquistas para os tempos que correm.
Os professores que ainda não são verdadeiros funcionários que se funcionarizem. Que cumpram estritamente todas as ordens emanadas dos superiores, por mais absurdas que pareçam nunca as questionem sequer, que sigam escrupulosamente as regras sejam elas quais sejam, que passem aos alunos a ideia de que isso é o verdadeiro saber (o tal saber estar). Seguindo esta cartilha do funcionário lograrão entrar no reino dos escolhidos.
Assim vamos - avaliação, alienação.
No que toca às escolas evita-se. Faz-se de conta que se põe em marcha um processo de avaliação interna arranjando uma comissão. Por departamento, muito democraticamente, por eleição, voluntariado ou sorteio, lá se encontram os membros para a dita. Os conselhos pedagógicos tomam conhecimento de que a comissão está constituída. Fica na acta. Pronto, está concluída a avaliação interna. E este modo de fazer na escola é a reprodução do que faz o próprio ministério que envia dados falsos para esses organismos internacionais de controlo. Num recente relatório da Unesco fica isso provado. Portugal está, por exemplo, colocado entre os países que fazem selecção na entrada para a profissão.
No que toca aos professores a coisa fia mais fino. O processo está inquinado à partida. Fica claro no arranjo inicial que o objectivo exclusivo é o da poupança. Assim, jamais se pretenderá que todos ganhem excelentes performances. Pretende-se apenas que pelo funil da carreira vão passando poucos, poucochinhos, que o erário, além de reduzido, não é para desbaratar em aprendizagens.
É assim que ficam fora deste concurso 1 para titulares de quê aqueles professores que se ocuparam das suas aulas. Feitas as continhas - 56 pontos por estarem ao serviço, 35 por não terem faltado, 1 ponto pelo satisfaz que obtiveram num qualquer desses anos - 92 é curto. Faltam 3 pontecos.
Naturalmente que, com o ambiente então reinante no que respeitava à avaliação, ninguém estava para se dar ao trabalho de requerer a classificação de bom. Já antes se fizera um ensaio de avaliação nas passagens para o 8º escalão e para nada serviram os bons ou muito bons aí obtidos. Em nenhum ponto do agora defunto estatuto, esta diferenciação entre o satisfaz e o bom tinha qualquer significado. Aliás aquela avaliação não tinha em si qualquer significado. Servia apenas para ocupar o tempo e constar no currículo de uns quantos elementos dos conselhos pedagógicos que indiscriminadamente atribuíam a menção de satisfaz a todos, quer fossem os maiores baldas quer não. Parece-me portanto absolutamente ilegal que essa "avaliação" ganhe neste momento esta força discriminatória. Se tivesses requerido o bom, tinhas 5 pontos e ias a concurso. Não requereste, tramaste-te. Mais ainda quando a palhaçada permite que alguém que até faltou bastante, se borrifou para as aulas ou até poucas tinha para dar porque acumulava cargos, vá agora buscar pontos aos cargos ou aos cursos que, baldando-se, teve tempo para fazer e salte airosamente para o concursinho. Pior ainda se, quando a coisa apertou, se pôs ao fresco com atestado de longa duração ou licença sem vencimento, como conheço casos.
Tudo isto dá o mote para o que irá ser a avaliação dos professores.
Não tem sentido a preocupação com os resultados dos alunos. Não é por aí. Aliás está a parecer-me que cada vez mais se caminha na senda do Carneiro Pacheco, o célebre ministro da instrução de Salazar. Ensine-se o medo, a delação e a ignorância. Pôr os alunos a pensar abre o caminho à crítica e à liberdade e isso são perigosas conquistas para os tempos que correm.
Os professores que ainda não são verdadeiros funcionários que se funcionarizem. Que cumpram estritamente todas as ordens emanadas dos superiores, por mais absurdas que pareçam nunca as questionem sequer, que sigam escrupulosamente as regras sejam elas quais sejam, que passem aos alunos a ideia de que isso é o verdadeiro saber (o tal saber estar). Seguindo esta cartilha do funcionário lograrão entrar no reino dos escolhidos.
Assim vamos - avaliação, alienação.