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M. Eugénia Prata Pinheiro

sábado, outubro 31, 2009

Outras leituras da Odisseia

A síndrome de Penélope

31.10.2009 José Augusto Lopes Ribeiro
Escola Secundária de Sá de Miranda – Braga

.

Não há vento favorável para aqueles
que não sabem para onde vão

Séneca

Sobre a problemática da Educação e do Sistema Educativo todos formulam opiniões e consideram-se habilitados a apresentar soluções, de modo a promover a qualificação das pessoas e o desenvolvimento do nosso país. Contudo, a maioria ignora o estado em que se encontram as escolas e a mistificação que se criou à volta do Ensino.

O professor foi seleccionado como o bode expiatório, causa de todos os males e elemento a sacrificar, de maneira a restabelecer a ordem e a paz social. Assim, o desdém pelos docentes e pela instituição escolar conduziram à confusão e insegurança crescentes, instalando nas escolas uma burocracia kafkiana e uma grande aleatoriedade.

À semelhança do plano astuciosamente arquitectado por Penélope, na Odisseia de Homero, todo o trabalho executado pelos docentes durante o dia é desmanchado de noite. Ensinar tornou-se sinónimo de burocratizar e a burocracia organizativa alimenta-se das suas próprias disfunções, sem qualquer capacidade de corrigir os seus erros. Nem a reabilitação das escolas nem o programa tecnológico para a educação, resistem à irracionalidade da burocracia. A finalidade é dominar os professores, ignorando ostensivamente o seu pensamento e as propostas para mudar o que está a ser feito e o modo como é feito. Trata-se, como refere José Gil, de “fabricar subjectividades obedientes”, desactivando toda a acção e instalando um centralismo autoritário e regulador, de modo a tornar as pessoas parte activa na sua passividade.

A mudança desta situação exige que aqueles que são parte decisiva no processo educativo se manifestem quotidianamente nas escolas e façam ouvir a sua voz, intervindo de modo empenhado e responsável. Ser responsável não significa seguir as regras de modo acrítico, mas sim constituir-se elemento pouco contemporizador e, mesmo incómodo, de maneira a garantir que a educação não seja governada a partir de gabinetes e implique a participação vigorosa dos docentes. Trata-se de exercer, de direito, uma influência naquilo que lhes diz respeito enquanto educadores, ultrapassando a demagogia política e os simulacros que esta produz nas escolas.

Rosário Gama no "Público"

E agora, senhora ministra???

Só há uma solução: suspender este modelo de avaliação e estudar outro que contribua para o bem-estar das escolas.

Estão milhares de olhos postos em si cobertos de esperança e ao mesmo tempo de receios, numa mistura de confiança e cepticismo em relação ao que se vai seguir… É que o desespero e o mal-estar a que nos conduziu a sua antecessora causou estragos tão grandes que faça V. Ex.ª o que fizer muitos desses estragos já são irreparáveis! Mas V. Ex.ª tem poder para minimizar alguns e trazer de novo às escolas o ambiente que se vivia antes da torrente legislativa do Ministério de Maria de Lurdes Rodrigues (MLR).

Estatuto da Carreira Docente: A grande e irremediável afronta feita pelo ministério de MLR aos professores foi a divisão da carreira em professores titulares e não-titulares, devido à artificialidade e arbitrariedade de que se revestiu o concurso para titulares, ao serem tidos em conta apenas os últimos sete anos da sua carreira e ao serem pontuados cargos que muitas vezes eram atribuídos para preenchimento de horários ou por rotatividade. Esta situação criou injustiças de tal modo gritantes que levou à revolta de muitos professores e a uma “debandada” com reflexos no aproveitamento dos alunos e no ambiente nas escolas. Não se pode ter bom ensino com professores desanimados, frustrados, revoltados… Acabe, por favor, com este artificialismo que é a divisão sem sentido numa carreira de professor.

Avaliação de professores: Se o ciclo avaliativo é de dois anos, que sentido teve iniciar um processo em Janeiro de 2009, correspondente a ¼ desse ciclo? Que sentido teve a entrega de objectivos para cumprir até ao final do ano se até aí não foi cumprido muito do que se vem a propor? Que sentido teve a entrega de objectivos iguais por diferentes professores, apesar de os mesmos serem individuais? Que sentido teve gerar a conflitualidade nas escolas e conduzir uma classe ao desânimo e desmotivação? Que sentido teve aliciar com a classificação de mérito para que professores se propusessem ter aulas assistidas e assim viessem a usufruir das quotas destinadas a essas classificações? Que sentido teve o oportunismo, incoerência, medo e angústia que se instalaram nas escolas? Não teve nenhum sentido e o resultado está à vista…

O modelo imposto não contribuiu em nada para a melhoria das aprendizagens dos alunos, antes pelo contrário, os professores “burocratizaram” a sua actividade diária no preenchimento de fichas e portfolios brilhantes que não correspondiam à prática lectiva e muito menos ao sucesso dos alunos. Na aplicação deste modelo houve várias modalidades: entrega/não entrega de objectivos; aulas assistidas ou não; entrega/não entrega das fichas de auto-avaliação; recepção/não-recepção por parte dos directores das fichas de auto-avaliação; avaliação/não- avaliação de quem entregou as fichas de auto-avaliação…etc… Com esta diversidade ainda mais aumentaram as injustiças, por isso só há uma solução: suspender este modelo de avaliação e estudar outro que contribua para a melhoria das aprendizagens dos alunos, para a actualização científico-pedagógica-didáctica séria dos professores e para o bem-estar das escolas.

Avaliação dos directores e das suas equipas: No dia 21 de Outubro foi publicada no Diário da República a Portaria 1317/2009 regulamentadora, em regime transitório, da avaliação de desempenho dos membros das direcções executivas e dos directores dos estabelecimentos públicos. Este documento, que mais parece um concurso para director do que propriamente um modelo de avaliação de directores, é a mais uma aberração legislativa, presente do senhor secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, em final de mandato, a necessitar de ser suspensa!

Militante do Partido Socialista

quinta-feira, outubro 29, 2009

Por agora...

Um dos homens "de confiança" encarregado de tomar de assalto o BCP:

Armando Vara foi constituído arguido na operação Face Oculta
Tudo à volta de negócios de "resíduos"...

Com o P., na ilha dos mortos

Ulisses foi parar à ilha dos mortos e nós com ele. Armei-me de pinças.

Soltam-se curiosidades mórbidas - as cerimónias fúnebres por aqui e por acolá, o que acontece aos corpos enterrados, as mortalhas... e eu a tentar aproveitar para passar a conversa para a bela teia da Penélope... sem êxito que o depois da morte fascina-os. O P. quer esclarecimento: é verdade que depois de morrerem os espíritos se encontram no céu, se conhecem e falam uns com os outros? Esclarecimento impossível mas, se ele gostaria que tal acontecesse, podia acreditar nisso. E saltei para o Tântalo e para o Sísifo estendendo os mitos tanto quanto pude - esticamo-nos para tentar colher fruta, debruçamo-nos para tentar beber água, empurramos com esforço o pedregulho montanha acima - e buscamos sentidos. Demos ainda volta ao profeta e à profetisa, ao prever e predizer. No fim da aula o P. retoma as dúvidas - há quem diga que os espíritos voltam e vão para os bebés que nascem! É verdade? Não se podia pôr o problema da verdade em tal assunto. Seria escolha sua - se gostava daquela hipótese, podia aceita-la. Se preferisse pensar que cada espírito ocupava uma estrela... pois que pensasse isso. No domínio destas ideias podia construir a que lhe agradasse mais, a que trouxesse maior tranquilidade para a sua vida.

Saímos.

Difícil pôr-me no lugar do P. para encontar as respostas a dar-lhe.
Guardei as pinças no bolso.

quarta-feira, outubro 28, 2009

De pequenino...

No intervalo graande para o almoço espero-os para a segunda aula de PLNM (português língua não materna). Todos atrasados chegam esbaforidos. Mal nos conhecemos ainda mas fica o imediato aviso de que a cena não poderá repetir-se. Numa amálgama de vozes justificam-se com a “contina”- a efetiva falta de funcionários serve agora para cobrir todas as falhas, reais e imaginárias.

"Contina" para cá, "contina" para lá, cortei a conversa e corrigi – diz-se contínua, a palavra é esta – e escrevi-a no quadro. O P. , pequenito de olhos vivaços que arranjara pretextos para quase não estar na primeira aula, não aceitou a correção.

- Ninguém diz assim.

Admiti que nunca tivesse ouvido a forma correta de tal modo circula entre eles a "contina".

-Até a nossa professora diz "contina"!

Aqui duvidei da fidelidade dos seus ouvidos ou da sua capacidade para interpretar ironia na formulação da professora. Aconselhei o dicionário que não tinha ali mas que iríamos de seguida consultar à biblioteca. Coro unânime:

- Está fechada!

Verdade, pois. A biblioteca, com horário de funcionamento previsto entre as 8.30h e as 16.30, está frequentemente fechada à enooorme hora de almoço, três tempos em que tantos poderiam frequenta-la. Entrei com o argumento de autoridade – a minha certeza -, que atenuei avisando que quando tenho dúvidas as torno explícitas e me proponho procurar e informar depois.

- A minha mãe também diz “contina”.

Questão delicada. Provavelmente à mãe nunca ninguém dissera a palavra certa. Tinha ele agora a possibilidade de lha levar e ela gostaria de a aprender…

- Mas eu vou continuar a dizer “contina” como toda a gente.

Afivelo um ar muito sério e avanço curto discurso:

- Se quer ser ou parecer ignorante a opção é sua. O senhor faz as suas escolhas. Eu apenas posso lamentar cá comigo que o senhor queira ser ou parecer ignorante.

Notei uma certa confusão no olhar do P. e parti para o trabalho. Análise suscitada pela “contina” de contínua/continua – sílabas tónicas, acentuação, homografia - e leitura e interpretação de texto. O P., interessado, interveio diversas vezes muito acertadamente. Deu prova de argúcia, capacidade de refletir. Revelou até amadurecimento.

Na sala de professores contei à diretora de turma e professora de português o divertido embate. Contou-me ela o modo dramático como aqui há uns dois ou três anos morreram o irmão mais novo e, pouco depois, o pai do P.

Na aula seguinte, enquanto as colegas esperavam o meu apoio para o trabalho da aula curricular de português, o P. e um outro rapazinho tinham já todo o trabalho feito e bem feito.

Duas semanas depois o P. faltou à aula de PLNM. Inquiri. Tinha sido suspenso. Um bate-papo com uma professora que lhe escrevia repreensão na caderneta. Dez anos é idade ideal para aprender a submissão, aprender a não ter opinião, a não retorquir. De pequenino se torce o pepino, raio de provérbio!

Voltou inquieto com rebeldia estampada no olhar. Uma tarefa nova em torno do Ulisses agarrou-o.

Estas suspensões deixam-me abananada. Desejo mesmo que o P. não opte por ser ou parecer ignorante!

Uma aventura

Santana Castilho no Público

Aqui me têm como sou, dizendo aos que têm a generosidade de me ler o que me vai na alma. Não sou hipócrita nem cultivo falsos respeitos. Se vejo claro o que aí vem, por que insípida postura me iria escudar em convenientes benefícios de dúvida? Qual benefício para quem afirmou, com sorriso de leste a oeste, à espera dos aplausos da plateia, dar o seu "inteiro apoio à política educativa que tem vindo a ser seguida" e considerar "que é importante a prossecução e aprofundamento do trabalho que tem vindo a ser realizado"?

Esta é a segunda referência escrita que faço à actual ministra da Educação. A anterior já me valeu três mimos: inconveniente, radical e extremista. Assim seja. Sou inconveniente para os dissimulados e radical para os que se especializaram em protelar. Aceito o extremismo. Mas mais extremistas que eu são os que atacaram extremamente os professores, a escola pública e o ensino sério. E esses vão continuar, enquanto não se lhes responder de forma extremamente resoluta.

De Isabel Alçada conheciam-se meia centena de livros de fantasias para crianças. Mas nenhuma ideia expressa sobre Educação, para adulto ler. Hoje já temos três discursos políticos, bem recentes, e um quadro de comunicação não verbal, que só escapa aos incautos. Tudo visto, são discursos que revelaram uma organização de ideias confrangedora, recheados dos clichés repetidos ad nauseam durante os últimos quatro anos, medíocres do ponto de vista da semântica e da construção frásica, onde os erros de concordância surpreendem.

Ficou-lhe mal elogiar tanto o seu Plano Nacional de Leitura. Esse e o da Matemática. Os planos nacionais são expedientes a que se recorre quando as primeiras instâncias falham e não se sabe corrigir o que está mal. Custam muito dinheiro, jogado em cima do que já existe para obter os mesmos resultados. No caso da leitura, o plano sucedeu a anos a menosprezar o ensino do Português, a substituir os clássicos por panfletos de cordel e a tornar a gramática para crianças numa charada de linguistas. No que toca à Matemática, entregou-se a concepção e a execução do plano aos que tinham sido apontados como responsáveis pela situação que o mesmo se propunha corrigir. Sem mais! Esta é a sinopse do verdadeiro contexto de elogios ocos.

Ficou-lhe mal dizer que o Magalhães e o plano tecnológico nos tinham colocado na primeira linha do desenvolvimento. São tiques de deslumbramento terceiro-mundista, sem credibilidade, que minam o desejável recato de qualquer começo. Ficou-lhe mal a alusão encomiástica às novas oportunidades e ao ensino profissional. Os professores sabem que, descontadas poucas situações de funcionamento sério, uma e outra iniciativa são farsas e manipulações grosseiras das pessoas e das instituições. Ficou-lhe muito mal a protecção que deu à clausura das crianças na escola, de sol a sol, e a cobertura que não regateou à moderna escravização administrativa dos docentes. Foi-lhe desfavorável a versão, inverosímil, segundo a qual o convite e a aceitação surgiram momentos após a sua declaração pública em contrário e escassas horas antes do anúncio oficial. Aceitaram os que acreditam no Pai Natal. Numa palavra, fez o suficiente para que nenhum professor prudente acredite nela. Para início e em tão pouco tempo, pior seria difícil.

Não espanta que Isabel Alçada seja ministra sem anteriormente ter sentido necessidade de dizer o que pensa do sistema educativo. Sócrates pensará por ela. Lurdes Rodrigues já pensou por ela. Aliás, no fim da cerimónia de remodelação governamental, a agora ex-ministra foi profética quando sublinhou, repetidas vezes, com o cinismo que a caracteriza, a sua muita confiança no novo Governo. Os mais atentos sabem que tem razão, porque Isabel Alçada não tem identidade política. Melosa e sorridente, foi alistada para continuar a contar histórias, agora aos professores. Da política tratará Sócrates, Silva Pereira, Santos Silva e Francisco Assis.

Fala-se muito no poder da Assembleia da República para corrigir os erros de política educativa da anterior legislatura. Mas desvaloriza-se, nessa fé, a circunstância de Sócrates não os reconhecer. Desvaloriza-se, nessa compreensível ânsia de sacudir um jugo de quatro anos, que uma coisa é a cavalgada fácil do descontentamento generalizado, para colher votos, outra é entender a importância estratégica da Educação. Como tal, a realidade mostra que os partidos, todos os partidos, a ignoram.

Imediatamente após ter sido indigitado primeiro-ministro, Sócrates assumiu, para espanto dos sensatos, que tanto lhe dava uma coligação com o PSD, como com o PCP, CDS ou BE. Revelou assim, sem delongas, a ideologia do PS que lidera e a manhosice que porá na navegação táctica que se segue. Na peugada, aliás, recordo-o para os de memória curta, de Soares e Guterres: o primeiro meteu rapidamente o socialismo na gaveta, para governar com o CDS; o segundo trocou sem rebuços a coerência política por umas fatias de queijo Limiano.

Com este pano de fundo, espera-nos uma aventura de curvas à direita e contra-curvas à esquerda. No primeiro cruzamento, podemos ser surpreendidos por um paradoxo: para suspender tacticamente um modelo de desempenho que já não existe, reforçaremos estrategicamente um poder que se instala sob a nossa ingenuidade. Não me entendem? Estejam atentos aos próximos capítulos!Professor do ensino superior, s.castilho@netcabo.pt

segunda-feira, outubro 26, 2009

Com posses

Alçada? Hummmmmm...

Ouvi-lhe o nome na chamada para a tomada de posse neste governo. Alçada não estava lá. Não estava e não está embora os comentadores, acabando de ouvir o seu nome completo de que Alçada não consta, continuem a referi-la por Alçada.

São curiosas estas trocas de identidade. Assunto para mestrado de algum candidato a sociólogo. À dona Fátima "Felgueiras" este apelido adotado bem deve ter contribuído para o ganho de adeptos felgueirenses. Talvez o Macário Correia troque o Correia por Faro. É que ele tem faro, faro para detetar mulheres/cinzeiros, faro para detetar professores desocupados. Cheira-os à distância e denuncia-os. Suspeito que correrão riscos os professores que gozem interrupções de actividades lectivas naqueles domínios.

Que razões terão levado a senhora dona Isabel a trocar de nome? Alçada era sonante no domínio da escrita, o António Alçada Baptista tinha créditos firmados - fundador de "O Tempo e o Modo", editor da Moraes, oposicionista ativo do salazarismo seria pois um belo padrinho. Alçada anuncia sempre subida e o Baptista assumiu a senhora ao autoapelidar-se.

Lá estiveram todos alinhados a jurar pela honra cumprir com lealdade (a quem? ao quê?) as funções que lhes são confiadas. Todos sabiam assinar ao contrário da minha neta que aos quatro meses já tem um BI que a condena - não sabe assinar, uou.

Os discursos pareceram-me ter os acordos bem feitos, o que já não é mau. ...um sistema público de ensino que responda às exigências dos novos tempos...(tempos de crise e de fazer de conta). E citou-se Pessoa e Camões. Ah, pois, "esta é a ditosa pátria minha amada..." e, até ao obrigatório (?) 12º ano, todos conseguirão decorar o verso.

Seguiram-se os cumprimentos com falha de protocolo por parte do apressado ex-ministro da Cultura que arrastou atrás MLR. O senhor Constâncio demorou nos avisos a Sócrates - "homem, não aumente qualquer salário ou pensão, exceto o meu" julgo ter conseguido ler-lhe nos lábios.

Querida Autarquia/Querida escola

Mediante condições - distância casa/escola, dificuldade do trajecto... - são distribuídos aos alunos passes para o transporte.

O "rigor" na aplicação da coisa é de tal ordem que numa dada rua, em que um lado pertence ao bairro X e o outro lado ao bairro Y, só aos do lado X é entregue a senha do passe. Os do lado Y lá ficam a ver os vizinhos da frente a entrar no autocarro e tratam de calcorrear a pé o longo caminho até à escola.

E se a Junta de Freguesia local até percebe o absurdo da situação e passa o atestado de residência aos do lado Y considerando-os residentes na rua tal, zona do bairro X, há sempre um burocrático fiscal na secretaria da escola pronto a intimidar a Junta com direta acusação de fraude.

Claro que os alunos não conseguem entender tais meandros e abordam-me pedindo que lhes explique o inexplicável. Só posso "subir a escada" e reclamar por eles. Estou para ver o êxito do protesto agora que novembro se aproxima.

Nota: A 5 ou 6 de novembro foram entregues as senhas do passe aos alunos do lado Y. Ufa!

domingo, outubro 25, 2009

O batedor Baldaia - bela aliteração|

Estive a ouvir, na repetição do "Expresso da meia-noite", o senhor Baldaia ,pelos vistos com responsabilidade na TSF que já há muito deixei de sintonizar por ter sido comprada pelo tal senhor do folclore transmontano.

Garantia o senhor Baldaia que a avaliação dos professores tem de seguir em frente porque a sua suspensão implicaria grande prejuízo para os professores que neste ciclo já foram avaliados. Dizia que dois mil tiveram já notações de muito bom e excelente.

Ih, ih, ih, ih. Em 2008, aos contratados que ficaram sujeitos ao processo sob pena de prejuízo no concurso, atribuíram-se aleatoriamente e de acordo com as quotas as ditas notações. Escolas houve que apenas distribuíram bom (chegando alguns presidentes de executivo a pedir desculpa por esta opção a alguns professores com excelentes desempenhos).

Do ano que findou pouco se sabe quanto a notações distribuídas. (Uma que eu sei até tenho vergonha de contar.) Mas sabemos todos os que estamos nas escolas a palhaçada que foi todo este processo.

Assim, quanto ao processo complex ou simplex, a única medida aceitável é enterrá-lo fundo. E nem será coisa nunca vista. Não há muitos anos anulou-se um processo que envolvera não sei quantos professores - a prova pública de passagem ao oitavo escalão. Foi tudo para o lixo, até os trabalhos que tinham sido apresentados para a dita prova e que o ME, no próprio decreto-lei, se comprometera a publicar. O senhor Baldaia está a mangar com os professores e a tentar torpedear a opinião pública.

Na mesma linha, afirma o senhor Baldaia que os professores não querem ser avaliados. Está cego e surdo. A larguíssima maioria proclama e escreve por aí que quer ser avaliada. A única exceção que conheço sou eu própria que ainda não consegui perceber como se liga um processo de avaliação dos professores à melhoria do trabalho que se faz nas escolas, mais difícil ainda de entender se inquinado por quotas. E dispenso-me de perorar agora sobre os "avaliadores".

E há mais coisas para enterrar - umas andam pelo Estatuto. Podem começar pelas titularidades distribuídas a granel. Aqui suponho não estar sozinha ao não entender de que sou titular.

Competiria ao senhor Baldaia, que faz da comunicação social profissão, informar-se e informar com correção. Se os ouvintes da sua rádio já são apenas os que adoram o tal folclore transmontano, então que fique apenas por lá onde poderá ter avaliação excelente. Na pantalha televisiva ganhou triste figura.






sexta-feira, outubro 23, 2009

Ministros

Veja-se Isabel Alçada na apresentação do programa eleitoral do PS. É melhor que fique sem comentários.

Digo aos alunos que não têm de gostar dos professores. Os professores não estão na aula para ser gostados ou desgostados. Estão para tentar passar aprendizagens.

Adopto tese semelhante para os ministros. Não estão na função para ser gostados. Têm uma desvantagem sobre os professores - não vamos esperar aprender com eles.

O que sei eu desta IA agora na função de ministro da educação:

- Aquelas dezenas de aventuras causam-me náuseas. Os meus filhos mais velhos ainda leram duas ou três e declararam-se fartos. Os meus alunos também nunca apreciaram. As viagens no tempo desencadearam um pouco mais de interesse. Comércio, puro comércio que terá enchido o bolso das autoras. Escrita pastilha elástica. Uma espécie de morangos com açucar, estica, estica, sempre mais do mesmo. Da conceção de literatura que a senhora perfilha ficamos conversados.

- Apesar de tal conceção, lá anda pelo Plano Nacional de Leitura. Não conheço a avaliação de tal plano. Espero que não venha a ser semelhante à das medidas que a senhora, na intervenção propagandista acima linkada, diz ter sido feita da escola a tempo inteiro, das "substituições", do inglês no 1º ciclo...

- Deve ter sido minha contemporânea na Fac. de Letras mas não a recordo. Fez licenciatura em filosofia mas decidiu ser professora de português. Opção estranha. Autodidata na literatura e linguística ou saberes que não interessam nada para a função?

- Se deu aulas no ensino básico, rapidamente se pôs ao fresco. Diz-se que conhece as escolas porque lá vai propagandear os livrinhos! Ora, ora...

- Andou por Boston e pela ESE, longe do terreno, tratando de outras coisinhas.

- Da passagem pelo sindicato (em cuja construção estive envolvida) não consegui detalhes nem tenho memória.

Escreve-se por aí que é preciso dar o benefício da dúvida. Cá fico a esforçar-me por ter dúvida.

terça-feira, outubro 20, 2009

Querido Estado


Mais de um mês depois do início das aulas, o "querido Estado" está a distribuir os manuais aos alunos subsidiados. E há muitos e muitos anos que a coisa corre assim fora de tempo, numa manifestação de desprezo absoluto pelo trabalho de alunos e professores por entre estridentes proclamações de combate à exclusão, ao abandono escolar...




domingo, outubro 18, 2009

Sobre os rankings

José Manuel Fernandes no Público de 17 de Outubro

...Este ano, uma das questões que se colocava era a de saber até que ponto a instabilidade vivida nas escolas do sistema público no passado ano lectivo tinha, ou não, afectado os seus resultados finais. [...]

De uma forma geral, nenhum responsável, mesmo os das escolas que subiram várias posições, nega que o sistema que o ministério quis impor teve um efeito negativo. Nuns casos, levou ao êxodo de muitos dos melhores professores. Noutros, a sobrecarga de burocracia só não produziu piores resultados porque houve um grande esforço das escolas e dos professores.

Porém, se deixarmos as avaliações subjectivas e passarmos aos números, estes impressionam. Em 2008, havia três escolas públicas entre as vinte primeiras do ranking relativo ao ensino secundário; em 2009, há apenas uma e atípica: o Conservatório de Música de Calouste Gulbenkian, de Braga. Pior: em 2oo8, havia 22 escolas públicas entre as 50 primeiras; em 2009, apenas 16. Ou seja, concretizou-se aquilo que prevíamos há um ano: a forma como o ministério estava a levar por diante reformas que, mesmo bem intencionadas, assentavam em métodos errados prejudicaria a escola pública [...]

Por outro lado, como também denunciámos mais do que uma vez, alguns dos números que sustentavam o "sucesso" das reformas eram artificiais. O "milagre" da Matemática, em especial a fantástica média de 14 nos exames nacionais do secundário em 2008, era fantasioso, pois correspondia, apenas, ao facto de os exames se terem tornado mais fáceis. [...]


Nota minha: José Manuel Fernandes dá de barato que as reformas fossem bem intencionadas.Ora, como já muitas vezes por aqui disse, as reformas não visavam melhorar as aprendizagens. Tinham por único objetivo poupar dinheiro com os professores fazendo-se no entanto, de conta que se investe na educação/instrução. Aos professores tranca-se a progressão na carreira, carregam-se de tralha burocrática, aumenta-se o tempo de permanência na escola retirando-lhes a possibilidade de prepararem o trabalho com os seus alunos e simula-se a sua avaliação. Para tal usa-se legislação absurda em catadupa, usam-se tiranetes deslumbrados empossados directores assessorados por numeroso séquito, usam-se avaliadores saídos de cartolas mágicas... Mas fazem-se obras de raiz em escolas em bom ou razoável estado (os barracões da minha lá continuam desafiando a saúde e o trabalho dos que por ali andam), "avanços tecnológicos" para as estatísticas, extensões balofas de horários...

quarta-feira, outubro 14, 2009

Há gripe, os alunos faltam...

Alguém leu esta circular?

Teoria da adesivagem

Furtei do blog do reitor estes esclarecedores textos:

Teoria da adesivagem

Imbuído de um forte espírito científico, continuo a tentar confirmar um postulado que acabei agora mesmo de formular: A adesivagem é inversamente proporcional à qualidade do ensino.
Para testar este postulado e numa ténue aproximação ao popperiano princípio da refutação crítica, procuro saber se se confirma ou infirma a seguinte tese:
Os alunos das escolas cujos PCEs andaram ao lado e à frente do M.E. na defesa e aplicação do modelo de avaliação do desempenho, num exercício de pura adesivagem, deveriam ter obtido PIORES resultados.

A escola do adesivo-mor, confirma a tese...

Procuremos então observar os resultados dos exames na escola de um gestor qualificado e empenhado na adesivagem às políticas do ME.
Procuremos um gestor com créditos. De preferência premiado.
E quem mais qualificado e mais premiado que o "líder que aceita as dificuldades como desafios"? Quem mais qualificado que o gestor escolar que ganhou o Prémio Liderança do ME?
Folheia-se uma, duas, três... Olha, olha aqui está a Escola Secundária Quinta das Palmeiras. Este ano ficou em 362º lugar do ranking com uma classificação média de 10,38 valores.
No ano passado, antes do líder ter aplicado o modelo de ADD - o tal que, entre outras ilusões, ia melhorar os resultados escolares - e, naturalmente, ter ganho o prémio do M.E. a mesma escola ficou num honroso 204º lugar com uma média de 11,09 valores. Muito melhor que em 2009!!!
Mais uma unidade de gestão, neste caso gerida por um gestor premiado, que viu os resultados escolares piorarem depois de tanto empenho em aplicar o modelo de ADD.
Começo a temer que não seja possível refutar a minha tese...

Reitor

Boys a Assobiar Pró Ar

O Paulo Guinote, num impeto legalista, quer provas. Provas que permitam verificar se ao fim do ciclo de 2 anos de ADD, é possível verem-se melhorias nos resultados escolares das escolas cujos PCEs mais adesivamente o aplicaram.

Para isso nada como ver que posição ocupou no ranking a exemplar unidade de gestão dirigida pelo sr. Presidente do Conselho das Escolas.
A norma impõe que as buscas numa lista ordenada se iniciem pelo princípio.
A deferência também me impediu de começar a procurar a Escola Sec. Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, unidade de gestão superiormente dirigida pelo ilustre Álvaro Santos, Presidente do Conselho das Escolas e adesivo-mor das políticas do ME, pelo fim da lista.
Como estava a dizer... passei a primeira página e nada. Na 2ª página nada... na terceira idem.. à 7ª página já desesperava e resolvi recomeçar ...pelo fim.
Lá estava ela no ... 339º lugar entre 604 escolas e unidades de gestão, com uma média de 10,48.
Um bocadito desonroso, pensei eu.
Para ver quais os efeitos da avaliação dos professores nos resultados escolares dos alunos, fui ver em que lugar ficou esta unidade no ano passado e no mesmo ranking.
Surpreeeeewsa: ficou em 297º lugar entre 608 escolas, com uma média de 10,69. Melhor que em 2009.
Numa Valteriana lógica, pode-se concluir que, na unidade de gestão do sr. Presidente do Conselho de Escolas, o processo de avaliação dos professores não permitiu melhorar os resultados escolares, antes pelo contrário piorou-os.
Não precisa de agradecer...

Reitor

terça-feira, outubro 13, 2009

Propaganda enganadora

Diz o ME no seu site:

Alteração ao ECD cria melhores condições de progressão e de promoção na carreira para todos os professores.

Melhores em relação a quê? Progressão e promoção para todos? Já acabaram as quotas? A avaliacão tem objectivos formativos?

A nona alteração ao Estatuto da Carreira Docente (ECD), tendo em conta os compromissos assumidos com as associações sindicais representativas dos professores, cria oportunidades mais favoráveis ao desenvolvimento da carreira para todos os docentes e estabelece as bases para que se possa alargar o universo de professores titulares.

Eram estes os compromissos assumidos com as associações sindicais? Alargar o universo de professores titulares ou alagar o universo de professores titulares enviando-os para a estratosfera, mesosfera, termosfera?

De acordo com um decreto-lei publicado no Diário da República, as alterações introduzidas ao ECD criam melhores condições de progressão e de promoção para todos os docentes, sem colocar em causa o rigor e a exigência necessários para o ingresso na profissão e para o desenvolvimento da carreira.

Rigor e exigência necessários ao ingresso na profissão? Então a formação conferida pelas universidades e politécnicos não presta? Se duvidam dessa formação, não seria melhor tratar dela a montante em vez de andar a enganar os estudantes e exigir-lhes depois provas de acesso? E o rigor e exigência para o desenvolvimento da carreira traduz-se na magnífica avaliacão que temos visto praticar? Ou serão as quotas a marcar o rigor e a exigência?

No que respeita à estrutura da carreira e aos requisitos de progressão e de acesso, as alterações conferem melhores condições aos docentes, independentemente do seu posicionamento na carreira.

Melhores em relação a quê? Seremos parvos?

Em primeiro lugar, abreviam-se os módulos de tempo de permanência obrigatória nos primeiros escalões da carreira, proporcionando uma progressão mais rápida aos professores mais jovens.

Assim, enquanto anteriormente os módulos de tempo de serviço nos escalões da carreira de professor tinham a duração de cinco anos, à excepção dos 4.º e 5.º escalões, nos quais a duração era de quatro anos, com as novas regras esses períodos foram reduzidos para, respectivamente, quatro anos do 1.º ao 4.º escalão e dois anos no 5.º escalão, mantendo-se os seis anos para o 6.º escalão.

Anteriormente era quando?

Em segundo lugar, diminui-se o tempo de serviço exigido para apresentação à prova pública e aos concursos de recrutamento de professores titulares, tornando mais fácil o acesso a esta categoria.

Ora, ora, grande favor! Prova pública já fiz há muitos anos e até hoje não lhe vi qualquer utilidade. Pelo contrário, como diz a cantiga, "só serviu para me tramar". E não está ainda claro que os professores dispensam "a categoria de professores titulares?

Para este efeito, o tempo de serviço necessário para os professores se poderem candidatar à categoria de professor titular diminui de 18 para 16 anos, desde que com avaliação de desempenho igual ou superior a Bom durante o referido período.

O tempo de serviço mínimo para que o professor possa requerer a realização da prova pública para aceder à categoria de professor titular passou de 15 para 14 anos, desde que o docente preencha os demais requisitos previstos e tenha obtido avaliação de desempenho igual ou superior a Bom durante o referido período.

As novas regras permitem, ainda, aos docentes posicionados no 7.º escalão da categoria de professor serem integrados no 2.º escalão da categoria de professor titular, não tendo de ingressar no 1.º escalão da nova categoria, tal como acontecia anteriormente.

Que generosos! Pelo que vou ouvindo, os colegas que andam por estes escalões, com a história dos congelamentos, estão fartos de contribuir para o orçamento de estado.

Em terceiro lugar, promovem-se mais oportunidades de progressão, designadamente através da criação de um novo escalão na categoria de professor, para os docentes que, tendo preenchido todos os requisitos de acesso à categoria de professor titular, não sejam providos por falta de vaga. Procura-se, desta forma, reduzir significativamente os eventuais constrangimentos administrativos ao desenvolvimento da carreira.

Rica prenda! Preenchem os requisitos todos mas, não havendo vaga para a promoção, arranja-se-lhes uma prateleira!

Em quarto lugar, permite-se uma nova possibilidade de progressão para os docentes colocados no topo da carreira, criando mais um escalão na categoria de professor titular, de modo a manter a paridade com a carreira técnica superior da Administração Pública e a renovar as perspectivas de desenvolvimento profissional dos professores, acompanhando o prolongamento da sua permanência na profissão.

Obrigada, obrigada... Permitem-nos uma nova e armadilhada possibilidade de progressão para uma coisa que tínhamos - a paridade com a carreira técnica superior. Tão queridos, dass!

Em quinto lugar, reforçam-se os efeitos positivos das menções qualitativas de mérito (Excelente e Muito Bom), as quais, quando atribuídas consecutivamente, conferem também direito a bonificações de tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira aos professores que se distingam pela sua competência e pela qualidade do seu desempenho.

Avaliacão sem comentários!

As alterações introduzidas prevêem a bonificação de um ano para progressão na carreira aos docentes que obtenham, independentemente da ordem, duas menções qualitativas de Excelente e Muito Bom durante dois períodos consecutivos da avaliação de desempenho.

Avliacão sem comentários!

Os docentes têm, igualmente, direito a um prémio pecuniário de desempenho por cada duas avaliações de desempenho consecutivas ou três interpoladas com menção qualitativa igual ou superior a Muito Bom.

Ok, deve ser a dividir com os "avaliadores"!

Relativamente ao ingresso na carreira, mantém-se a exigência da prestação de uma prova de avaliação de competências e de conhecimentos, de modo a garantir que apenas os candidatos que demonstrem cumprir todos os requisitos possam aceder à mesma.

No entanto, introduz-se uma maior flexibilidade nas regras que regulam a realização da prova, de forma a tornar mais eficaz a sua operacionalização, ao mesmo tempo que se atribui maior valorização à experiência lectiva, desde que positivamente avaliada, para efeitos de dispensa da referida prova.

A prova terá uma componente comum obrigatória, que avaliará a capacidade de mobilizar o raciocínio lógico e crítico, assim como a preparação para resolver problemas em domínios não disciplinares.

Ou ilógico e acrítico que será o mais fácil de ajustar bla, bla, bla...

O diploma altera, ainda, regras respeitantes à formação contínua de docentes, ao período probatório e ao destacamento.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Estatuto da Carreira Docente - revisão fresquíssima

Aqui está a ligação para o Decreto-Lei 270/2009 de 30 de setembro.

Para ler e analisar ...

...e, pelo que já vi, para rejeitar.